Após o almoço, Vanessa e as amigas também começaram a se dispersar, e Frederico prontamente se ofereceu para levar ela e Amanda para casa.
Talvez devido ao incidente anterior envolvendo a disputa pelo banco do passageiro, Frederico não quis cometer o mesmo erro dessa vez. Ele acionou o motorista da família para conduzir a limusine, garantindo que todos ocupassem o banco traseiro com elegância e evitando constrangimentos.
O carro avançava suavemente em direção à mansão da família Fonseca. A estrada estava livre e tranquila, ninguém imaginaria que o destino preparava uma fatalidade. De repente, um caminhão desgovernado surgiu em alta velocidade de uma rua lateral.
O motorista tentou desviar o volante, mas com um som ensurdecedor, o inevitável aconteceu. Os dois veículos colidiram violentamente!
Quando o vidro do carro estilhaçou, Vanessa, pelo impacto, foi projetada para o lado. Nesses segundos turvos, ela ainda conseguiu ver Frederico abraçando Amanda com toda a força, a protegendo do perigo. Ele cuidava dela com extremo zelo, acariciando suas costas e tentando acalmá-la entre soluços.
Foi nessa fração de tempo, entre a consciência e o desmaio, que Vanessa se lembrou do que suas amigas comentaram, daquele antigo acidente do carro.
Era o quarto ano dela com Frederico, um tempo em que ele a amava de verdade. Também era num cruzamento, também havia um caminhão vindo furiosamente. Naquele dia, Frederico girou o volante com toda força, colocando a si como escudo. O carro ficou irreconhecível, ele ficou preso no banco, e só foi resgatado com muito esforço pelos bombeiros e médicos. Ele quase morreu. E mesmo assim, ao despertar, sua primeira pergunta foi sobre o estado de Vanessa.
Agora, a mesma situação. Mas o instinto de proteção dele era dirigido a outra pessoa.
A traseira da limusine ficou irreparável. Assim que todos conseguiram sair, Frederico permaneceu ao lado de Amanda, a consolando sem descanso. Só depois percebeu Vanessa, silenciosa, pressionando a testa ensanguentada. Por sorte, o ferimento não era grave. No hospital, bastou um curativo e observação por dois dias, por cautela.
Frederico olhava para ela, cheio de culpa.
— Vanessa, me desculpa. Na hora só pensei que em breve teria um compromisso importante com a Amanda, e se ela se machucasse no rosto seria um desastre... Por isso protegi ela. Se quiser gritar comigo ou me bater, está no seu direito. Só não me ignore, por favor.
O tom do pedido de desculpas era realmente sincero, e os motivos até poderiam soar razoáveis. Se Vanessa não se lembrasse do casamento marcado dali a apenas algumas semanas.
Vanessa permaneceu de olhos baixos, em silêncio, com o rosto impassível como água parada.
Frederico continuava insistindo no pedido de desculpas, poucas palavras, sempre repetidas. De repente, ele pareceu se recordar de algo, e seus olhos ganharam um brilho.
— Daqui a alguns dias é seu aniversário! Que tal eu te dar o presente adiantado? O que você quiser, eu compro, tá bom?
Ao ouvir isso, Vanessa ergueu o rosto para ele, mas seus olhos estavam serenos como um lago intocado.
— Então me dá uma passagem de avião. Para Riveira, daqui a três dias.
— Riveira? Por quê? — Frederico ficou surpreso, mas logo respondeu sozinho. — Vai viajar? Quer conhecer o lugar?
Ela não explicou nada, apenas acenou com um leve movimento de cabeça.
Frederico não questionou mais. Ali mesmo, na frente dela, comprou a passagem para Riveira pelo celular. Após finalizar, acrescentou:
— Vou estar ocupado esses dias, não vou poder te acompanhar. Aproveita a viagem, depois a gente vai juntos, tá? Passagem de avião é pouco para presente, depois te dou uma surpresa de verdade.
Vanessa balançou a cabeça e sorriu baixinho.
— Não, não é pouco. É mais que suficiente.
Afinal, aquele bilhete de avião, era o caminho dela de volta para casa.
Vanessa olhou para Frederico e pensou a si:
"Frederico, obrigada pelo presente. Obrigada por me levar para casa com as próprias mãos."