COMO SÃO OUSADOS OS SERES MAIS BRUTOS — METAFÍSICO-INFERNAL
No palpitante vazio púrpura de Arrêt, onde a gravidade oscila como um organismo doente e o próprio ar parece vibrar com ecos de pecados fossilizados, os demônios se reúnem na grande Esplanada do Holocórtex — um anfiteatro vivo, feito de nervos petrificados, que pulsa como um coração arrancado, ainda quente.
É ali que o Criador do Abismo permite que Satã mostre aos recém-chegados — entidades de mundos distantes, criaturas cujos corpos lembram ideias distorcidas, outras que parecem ser invertebrados sonhando com ossos — fragmentos da vida de um humano recém-migrado para Arrêt.
Um humano bruto.
Um humano simples.
Um humano perfeito para o tipo de espetáculo que apenas Arrêt aprecia.
A tela viva do Holocórtex se abre como um olho gigantesco, revelando cenas de sua antiga vida terrena.
Satã narra, enquanto o planeta inteiro prende sua respiração inexistente.
O BRUTO E SUA MÁQUINA
“Ele era bruto”, diz Satã, com um sorriso de en