O rumor se espalhou pelo Inferno como uma onda de brasas vivas:
a explicação que Lúcifer dera ao recém-chegado Ilan tinha aberto fendas na consciência de outros condenados.
E, pela primeira vez desde que vagavam naquele abismo, muitos começaram a pensar.
Pensar de verdade.
Murmúrios ecoavam entre cavernas, corredores de fumaça e salões onde as chamas se moviam como criaturas vivas.
Alguns, com a voz impregnada de energia corrupta, questionavam:
— Por que eu escolhi isso aqui?
— Por que raios fui atraído por essa escuridão?
— Que diabos me fez preferir o Inferno ao Céu?
Outros, mais desesperados, largaram suas tarefas infernais e começaram a gritar — não pela dor, mas pela revelação amarga de sua própria essência:
— Deus! Por que você não me impediu?
— Por que não avisou para onde minhas escolhas me levariam?
— Por que não me fez lembrar que eu podia mudar de caminho?
As chamas se abriram e Deus manifestou Sua voz — não uma figura, não uma presença física, mas uma ressonância absol