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Capítulo 2 A assistente que não deveria estar ali

Ele…

Ela não parecia surpresa.

Nem desconfortável.

Estava parada ao lado da escada do jatinho, com os braços cruzados, o cabelo preso de forma prática e aquele olhar... altivo.

Como se já soubesse exatamente o impacto que causaria em mim.

Como se estivesse saboreando minha expressão contrariada antes mesmo de eu dizer uma palavra.

— Surpresa, doutor Klaus? — perguntou, com a cabeça levemente inclinada e o tom tão educado quanto venenoso.

— Você? — deixei escapar, tentando engolir a indignação que ameaçava subir pela garganta.

— Não me diga que invadiu meu avião também.

— Relaxa — Ela sorriu, e aquele maldito sorriso, o mesmo do estacionamento dois dias atrás, voltou a me tirar do sério.

— Estou aqui a trabalho. Aparentemente, o destino resolveu se divertir às nossas custas.

Dois dias antes.

Plaza Royal.

Estacionamento subterrâneo.

Ela surgiu do nada, em velocidade, e bateu na lateral do meu carro como se dirigisse um trator, e eu fosse apenas mais um obstáculo no caminho dela.

E, como se não bastasse a batida, desceu do carro com a audácia de uma rainha entediada, já pronta para me culpar por tudo.

— Você é cego ou só mais um a**o no meu caminho? — ela disparou, sem piscar — Porque buzinar depois de bater é bem a sua cara.

Naquele momento, minha paciência evaporou.

— Você tem ideia de quem está ofendendo?

Ela riu.

Uma gargalhada leve, insolente, debochada.

— Infelizmente, tenho. E é exatamente por isso que não vou pedir desculpas.

Não me dei ao trabalho de responder.

Apenas virei as costas, convencido de que aquela mulher cruzara minha vida por engano.

E que eu jamais voltaria a vê-la.

Mas agora ela estava ali.

Subindo a escada do meu jatinho, como se pertencesse à equipe.

Como se nunca tivesse me desafiado.

Como se não tivesse riscado meu carro e minha autoridade ao mesmo tempo.

— Por que você está aqui? — questionei, a voz baixa, carregada de tensão.

— Nova assistente executiva. Fui designada para acompanhar todo o processo de fusão. Diretamente com o senhor, pelo visto.

O impacto da revelação foi quase físico.

Como um soco bem dado no estômago.

Jonathan.

Aquele inútil.

Claro que ele aprovaria essa contratação sem me consultar.

E agora, aqui está ela: a mulher mais inconveniente que já conheci, oficialmente infiltrada na operação mais importante da minha agenda.

Sem esperar resposta, ela subiu com elegância e naturalidade.

Como se já tivesse feito aquilo mil vezes.

Como se pertencesse ali.

Descarada.

Irresponsável.

Subi logo atrás.

Lá dentro, o clima era o de sempre: executivos sentados com as costas retas, pilotos revisando os últimos detalhes da decolagem, e o silêncio tenso antes de uma longa viagem corporativa.

Havia apenas um assento vago.

Claro.

Ao meu lado.

— Sente-se — indiquei com um gesto seco, sem sequer encará-la.

— Achei que preferisse viajar sozinho — respondeu, acomodando-se no lugar com um sorrisinho entediado, como se aquele momento fosse só mais uma cena num roteiro que ela já conhecia.

— Prefiro viajar com profissionais competentes. Ainda não decidi se você se encaixa nesse perfil.

Ela virou-se levemente, os olhos cravados em mim com um brilho quase divertido.

— Vai ter bastante tempo para decidir, doutor Klaus. Afinal, temos dias inteiros de convivência pela frente.

Aquela ousadia.

O olhar firme.

A boca quase sorrindo.

Ela sabia o que estava fazendo.

E, pior ainda, parecia se divertir com meu incômodo.

— Está achando que isso aqui é um jogo, Baker?

— Claro que não — Ela ajeitou-se no assento, sem pressa, cruzando as pernas com elegância.

— Se fosse, eu já estaria vencendo.

Mordi a parte interna da bochecha, contendo o impulso de retrucar.

Era raro alguém me provocar sem medir consequências. Mais raro ainda alguém me responder na mesma altura e continuar respirando profissionalmente ao meu lado.

E ela fazia isso como se fosse natural.

Pela primeira vez em muito tempo, eu não sabia se queria mandá-la embora do projeto… ou se preferia mantê-la ali só para ver até onde iria a ousadia.

Mas uma coisa era certa: Hayla Baker acabava de se tornar um problema. Um que eu teria o prazer de resolver pessoalmente.

Inclinei-me em sua direção.

Meu tom era baixo, firme, e carregado de uma ameaça que qualquer um em sã consciência entenderia.

— Ótimo. Mas se acha que vai jogar comigo como fez naquele estacionamento… está redondamente enganada.

Ela também se inclinou, os olhos cravados nos meus.

Os lábios perigosamente próximos.

A voz veio como uma carícia cortante.

— Eu nunca jogo, doutor Klaus. Eu só revido.

Nesse instante, o avião começou a taxiar na pista.

O rugido dos motores cortou o silêncio.

E, ainda assim, a tensão entre nós parecia mais alta do que qualquer turbina.

Sentei-me de volta no meu lugar, sem desviar o olhar.

E eu soube, com uma certeza incômoda, que aquela viagem mudaria tudo.

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