Suelen Souza está surtada. No Pub de Elite, ela desabafa com Edilene Fortuna.
— Amiga, você não pode acreditar no que estou passando.
— Eu imagino. África? Valha-me Deus.
— Meu pai que mande o Jorge naquele fim de mundo. Sou muito nova para ser engolida por um tigre.
— Minha nossa Suellen, o que vai ser dessa cidade com você do outro lado do oceano? Eu não tenho medo do seu pai. Vou subir a #ficaSuellen agora, no Instagram.
— Obrigada, amiga, você me apoia sempre que preciso.
Rose vê Suellen no bar, sai da pista de dança e chega assustada.
— Amiga, que babado é esse que você vai embora prá África? Nossa, você terá que levar um contâiner de creme rinse, porque aquele semi-árido vai judiar um tantão do seu cabelo.
— Rose, você não sabe meu desespero. — Suellen abraça Rose. —A decisão foi do papai. Recebi a notícia pelo Jorge, no celular.
— Nossa! O Jorge não enfrentou seu pai prá tentar evitar isso?
— Imagina, amiga! O Jorge ainda apoia. Me mandou mensagem todo feliz, dizendo que eu fui promovida. Se isso é promoção quero ser rebaixada. O Jorge é puxa-saco do papai.
Edilene beberica o coquetel e comenta:
— Força Suellen. Apela para seu pai. Ele não vai ficar insensível. Mas querem saber de uma coisa? Por enquanto bora dançar que a noite é nossa.
Edilene arrasta Suellen e Rose para a pista. A balada segue noite adentro.
No outro dia, na sala da Presidência do Centro Empresarial Souza, Suellen tenta reverter a situação com seu pai.
— Mas papai, é uma coisa muito repentina. Eu preciso me organizar para entrar de cabeça em um projeto desses.
— Não há tempo minha filha! Os Russos querem que eu esteja lá! Hoje pela manhã foi um custo convencê-los de que iria mandar você. Não fosse minha amizade com o Estanislau, e ele usar sua influência de embaixador, nem isso daria certo.
— Ai meu Deus! Papai, não tem nada em Luanda. O que é que eu vou fazer no fim de semana, no meio daquele deserto?
— Minha filha! Não é assim também. Angola é um país atrente e você estará em Luanda, na capital. O projeto para construir o segundo satélite angolano expande nosso nome no exterior. É um projeto bilionário.
Suellen se acalma. O senso empresarial começa a falar mais alto:
— Entendo papai, eu entendo. Meu maior sonho é ser seu orgulho na liderança da empresa. Mas é uma bomba na minha cabeça. Eu tenho uma vida social aqui em Fortaleza, amigos, compromissos...
Senhor Souza abraça Suellen. Eles caminham juntos pela sala da presidência e rumam para a sacada, sentando-se nas poltronas. Da cobertura eles apreciam o pôr do sol de Fortaleza. Senhor Souza olha para Suellen, e se volta para o horizonte.
— Filha, eu olho para essa cidade e me recordo de ter visto cada prédio subir, cada rua ser asfaltada e cada empresa crescer. Mas nada me dá tanta alegria como lembrar do dia que você nasceu. Quando te peguei no colo, percebi que o maior orgulho de um Homem é ver a continuidade daquilo que construiu. Eu já estou velho, querida. Logo, logo não terei mais forças para tocar essa empresa. Minha maior alegria é saber que tenho uma filha líder, dominante, e que nosso legado continuará honrando a tradição da nossa família. Com seu casamento com Jorge, eu realmente fico seguro de que nossa empresa terá futuro.
Suellen se irrita e retruca:
— Papai, Jorge ser meu marido é uma coisa. Mas na empresa eu tenho minha opinião. Esqueça essa idéia de presidência compartilhada com marido. Hoje em dia uma mulher estudada e competente como eu, enfrenta qualquer problema ou situação. Não preciso de marido prá ficar consultando e nem falando por mim. Se o Jorge pensa que eu vou ser a cordeirinha dele no comando da empresa, ele está muito enganado.
Senhor Souza olha feio, mas por dentro se orgulha da personalidade forte da filha e ameniza:
— Ah meu amor, o Jorge é um bom homem, só quer bem ao seu futuro e sua proteção.
Suellen responde:
— Sim, papai. Jorge é tão protetor que nem retrucou o fato do senhor me enviar para a África.
Senhor Souza sorri:
— Bobagem, filha. Ele pediu para ir junto com você. Eu que não permiti.
Preciso dele aqui. Sem ele não consigo nem achar meu celular.
Suellen desdenha, e finaliza:
— Pois então, papai. Vamos ver se eu compreendi. Vou para a sucursal de Angola e assumo a presidência para os Russos ficarem felizes. Fechado o contrato com os Russos, eu formo um sucessor para assumir a sucursal e retorno para o Brasil? É isso senhor Souza?
— Perfeito, minha filha. Isso é coisa de um, dois anos. Tem muita gente competente lá, você vai ver.
Senhor Souza sorri e abraça a filha.
Suellen está mais calma. Abraça o pai, olha em seus olhos e dispara:
— E se naquele lugar não tiver nenhum centro estético decente, o senhor vai expandir seu leque de negócios e montar uma sociedade com a Rose lá em Luanda.
Senhor Souza começa a gargalhar:
— Ah minha filha, isso você aprendeu comigo. Não sai de uma batalha sem conseguir um bônus extra. Combinado, se não houver nada que agrade sua beleza, diga para a Rose montar o que ela quiser em Luanda, que eu invisto.