RAFAELLA MARTINI NARRANDO.
ITÁLIA
O silêncio no galpão é quase absoluto, interrompido apenas pelo som de vozes abafadas e pelo eco distante dos passos de Leonardo se movendo pelo andar de cima. Ele está concentrado, ocupado em discutir os detalhes do plano com os outros, sem perceber que a minha mente está a mil, tramando algo que ele jamais aprovaria. Sinto um frio percorrer a minha espinha, mas não é de medo. É de determinação. Preciso agir por conta própria, preciso confrontar Celina antes que seja tarde demais.
Os meus passos são rápidos e decididos enquanto desço as escadas, sentindo cada degrau vibrar pelo meu corpo como uma contagem regressiva para o inevitável confronto. O ar no porão é pesado, denso com a tensão acumulada. Ao abrir a porta, sou recebida pelo cheiro acre de metal e suor, misturado ao som sutil da respiração controlada de Celina. Lá está ela, amarrada no chão frio, com o rosto escondido na humilhação, mas mesmo assim, a sua presença parece dominar o ambiente. E