Eu respiro fundo, permitindo que as palavras de Carol reverberem. Parte de mim quer acreditar no que ela diz, mas a outra parte, a mais machucada, ainda insiste em se proteger.
 — É fácil falar, Carol. Mas e se ele perceber que eu sou… complicada demais? Que minha bagagem é um peso que ele não quer carregar?
 Carol balança a cabeça, quase impaciente.
 — E se ele perceber que você é a mulher incrível que eu vejo? Que tem força pra reconstruir sua vida e, ainda assim, consegue abrir espaço pra sentir de novo? — Ela me encara, os olhos determinados. — Você acha que ele teria se esforçado tanto pra estar com você se não te enxergasse assim?
 Eu desvio o olhar, mordendo o lábio inferior. Talvez ela tenha razão, mas é difícil confiar. Difícil soltar o medo.
 — Só que eu não quero criar expectativas e depois descobrir que ele não quer a mesma coisa que eu. — Confesso, minha voz mais baixa.
 Carol estende a mão e segura a minha, apertando levemente.
 — Ninguém quer isso, Cíntia. Mas, às vezes