Em outra casa, quando o dia amanheceu, num quarto simples mas igualmente bem arrumado e com roupa de cama nova, Juno estava sentada de lado, de pernas cruzadas, as mãos escondidas nas mangas de uma blusa de algodão, de calça jeans simples, o cabelo ainda úmido, preso sem cuidado. Olhava para um ponto no chão como se pudesse furar a madeira com a força do olhar.
A porta do banheiro abriu, Trash saiu secando o cabelo com uma toalha. Parou ao vê-la encolhida daquele jeito, o lobo dentro dele se mexeu, proteção e culpa no mesmo movimento.
— Juno… — Ele tentou dar um passo e travou, respirando fundo. — Eu sei... — O ar pesou no peito. — Sei que você deve estar com a cabeça… confusa por causa do que viu aquela noite.
— A gente não pode — ela cortou, sem levantar a cabeça. A voz saiu limpa, como quem já treinou a frase na mente pra não tremer. — Você precisa… você precisa me rejeitar.
O corpo de Trash deu um soluço.
— O quê?
Ela ergueu o olhar, e tinha água ali, mas tinha aço também.
— Você