Lucas
O carro desacelerou na rua esburacada e parou em frente ao prédio. Chamar aquele lugar de moradia era um elogio generoso.
Minha nuca formiga. A tensão, desde o caminho, tinha se instalado firme nos ombros. E agora, vendo o concreto rachado, os cabos elétricos pendendo como ganchos improvisados, e o cheiro de lixo vindo da calçada, eu sabia com certeza:
A gente devia ter vindo mais preparados.
— Devíamos ter trazido um carro menos chamativo — comentei, sem tirar os olhos do entorno. — Ou pelo menos dois seguranças. Um dentro e um fora.
Leonardo bufou do banco ao lado, já visivelmente impaciente.
— Justamente por ser um lugar assim que não dá pra aparecer com seguranças — rebateu. — Quer que o Raul fuja antes mesmo de ouvir o que temos pra dizer?
Respirei fundo. Ele tinha razão. Mas mesmo assim…
— Ok, entendo os seguranças. Mas vir com esse carro foi um erro. Chamamos atenção demais. Qualquer moleque com um olhar treinado já entendeu que não pertencemos a essa rua.
Leonardo girou