Capítulo 7

Alexia

Parece que quanto mais a gente reza, mais assombração aparece! No meu caso, não é nem assombração, é o diabo em pessoa mesmo.

— Oi… eu respondi ao tal Lorenzo, com um sorriso amarelo, mas eu confesso, ele estava ainda mais bonito, e os cabelos soltos, deixavam ele charmoso.

— Senta, eu vou buscar uns drinks pra gente no bar… disse Meire saindo.

— Você sumiu baby… disse ele sentando de frente pra mim.

— Ocupada, trabalhando… e meu nome é Alexia… eu disse.

— Claro, Alexia, eu tinha esquecido confesso, são tantas mulheres… disse ele convencido e eu tive que rir, em tom de deboche mesmo.

— Claro, muitas clientes não é mesmo?! Eu disse.

— Você fala como se me conhecesse, não é? Disse ele.

— Acontece que eu conheço, você é um… uma palavra que me recuso a dizer aqui, vai que alguém escuta… eu disse.

— Não conhece não, mas eu conheço você… disse ele.

— E como me conhece? Diz aí… perguntei.

— Você é uma mocinha que está prestes a se casar, mas seu noivo não está no país, e você está muito mal com isso, e esses conflitos estão acabando com você, trabalho, casamento, e ainda tem o que eu causo em você… disse ele e eu ri.

— Você tá louco, você não me causa nada querido! Eu disse.

— Oh se causo, e você vai reconhecer isso pra mim um dia, quando eu estiver na sua frente assim como eu tô agora, mais perto claro, olhando no fundo dos meus olhos, com a mão no meu rosto, com um sorriso meigo e um pôr do sol bem atrás da gente, você vai reconhecer que eu causo algo em você… disse ele e eu engolir seco.

— Você é louco! Se acha que eu vou cair no seu joguinho, se acha que vai brincar comigo, se acha que eu vou ser mais uma cliente sua, está enganado… eu disse firme.

— E eu não quero isso, quero ser mais do que isso, quero ser a sua “Paixão Proibida”… disse ele e eu gargalhei.

— Nunca! Eu disse debochada.

— Você vai ver… disse ele com um sorriso safado… bem, você acha que me conhece, mas não conhece, e eu te convido a conhecer, se você topar é claro, essa noite… disse ele e eu gelei.

— Sem chances, está louco, eu não vou sair com você… eu disse.

— Como amigos, eu prometo, eu só quero tirar essa má impressão que você tem de mim, eu sou um cara normal, que também faço coisas normais e bem mais divertidas do que isso aqui… diz ele olhando em volta.

— Sem chance… eu disse desviando o olhar dele.

— E é desse jeito que você diz que não é preconceituosa? Não quer sair comigo como amigos, claro, só porque me acha inferior a você? 

— Você distorce as coisas, não é nada disso… eu disse.

— Então aceita e aí você vai tirar essa má impressão que eu tenho de você em relação a isso, e eu prometo, não vou fazer nada que você não queira… disse ele, e me pareceu sincero, eu deveria dizer não, eu deveria, eu deveria, mas era mais forte do que eu.

— Tudo bem… eu disse… mas no momento em que você passar dos limites eu vou embora e não vou querer voltar a te ver nunca mais, entendeu? Eu disse.

— Tudo bem, como você quiser! Disse ele todo animadinho.

— Demorei mais cheguei! Disse Meire trazendo os drinks.

— Vamos brindar… disse ele pegando o seu drink e me entregando o outro… as novas amizades! Ele levantou seu copo pra brindar e eu brindei junto, então ele sorriu todo bobo, parecia vitorioso por dentro.

Anoitecer — Alexia.

Eu sou uma maluca mesmo! Porque eu aceitei sair com aquele cara? O que eu tenho na cabeça? Não, isso não pode ser, ninguém pode me ver com ele, de jeito nenhum, ninguém pode sequer imaginar que eu sou amiga de um… garoto de programa, que me deixa nervosa, com medo, o que eu tô fazendo? 

Eu estava pronta, coloquei uma calça jeans e uma jaqueta jeans também, e botas, pois a noite estava fria.

E estava parada em frente ao espelho, tomando coragem pra ligar e recusar esse encontro, isso não pode ser, eu não posso ser nem amiga de homem como ele.

O celular vibra, era uma mensagem…

“— Espero que não tenha desistido de mim, acho que você vai gostar do que vou te mostrar hoje, ainda estou esperando no lugar marcado baby.”

Depois que li meu coração acelerou… quer saber, eu vou, e seja o que Deus quiser.

Me levantei pegando minha bolsa e as chaves do carro e sai, indo ao local que marcamos de nos encontrar.

Chegando lá, eu estacionei o carro e desci, e ele me esperava encostado em uma mesa dessas que ficam nas praças com banquinhos pras pessoas sentarem.

Quando me viu, ele sorriu, estava de braços cruzados, jaqueta de couro e os cabelos soltos novamente.

Meu Deus, eu me sentia em uma cena de filme, a mocinha indo encontrar secretamente o vilão da história.

— Você veio! Disse ele.

— Não queria, mas vim… eu disse.

— Queria sim… mas enfim, vem… disse ele estendendo a mão pra mim.

— Onde vai me levar? Pergunto.

— Relaxa baby, não vai te acontecer nada, só vem… disse ele e depois de alguns segundos peguei sua mão.

E então ele me levou até uma rua, que não haviam muitas pessoas, e no final da rua tinha um bar, entramos e fomos até uma mesa, nos sentamos e um homem veio nos atender.

— Fala Malvadão, quando tempo não vem cara… disse o homem e eu o olhei tentando entender esse apelido.

— Muito trabalho meu amigo, mais como estão todos? Pergunta ele.

— Tudo bem… mas e aí, o que vão beber? O homem pergunta.

— Eu vou querer uma cerveja e você? Ele pergunta.

— Água, só água mesmo… digo e sorrio pro rapaz.

— Ok, eu já trago… disse ele saindo.

— Malvadão? Pergunto

— Longa história baby… diz ele rindo… todo mundo aqui, e lá na Mansão me chamam assim.

— Entendi… nome de “guerra”… mas, qual o seu nome de verdade? Pergunto

— Melhor você não saber… diz ele.

— Mas você sabe o meu, e se queremos ser “amigos”, é por aí que começa né, como espera que eu acredite em você se não sei nem o seu nome… digo e ele fica pensativo.

— Certo… meu nome é Pablo, mas não fica dizendo por aí isso… disse ele, e eu ri.

— Tudo bem… eu disse.

E ficamos conversando, ele me contou algumas coisas da sua vida, seu passado triste, ele não conheceu os pais e foi criado aqui por uma senhora, mas essa senhora acabou adoecendo e morreu, e ele teve que sair pra trabalhar bem cedo, não encontrava nenhum emprego e então conheceu um cara que apresentou a ele todo esse mundo que ele vive agora. 

Bom, ele me disse que não era “garoto de programa”, que não ia pra cama com as mulheres, que só dançava na Mansão e que, só acompanhava as mulheres quando elas pagavam por isso.

Posso ser uma idiota, mas eu acabei acreditando.

Me contou também que ele ajudava o pessoal daqui dessa rua, pois foi onde ele cresceu e conhecia todos, sabia de cada dificuldade que cada um passava, e eu achei isso muito corajoso, um ato de bondade verdadeira.

E enquanto ele contava a sua história, eu via nos seus olhos e na forma dele falar, no pesar das palavras, na expressão do seu rosto, que era verdade.

— E essa é a história baby, espero que você não pense que estou mentindo pra te impressionar, mas se quiser posso chamar o cara que atendeu a gente e ele te conta… disse ele.

— Eu acredito, não sei, mas, você pareceu bem sincero… eu disse.

— E agora é a sua vez de me contar… disse ele me encarando.

— Contar o que? Pergunto.

— A sua história, você não é como as mulheres da sua classe que eu conheço, você é… não sei, é diferente… disse ele.

— Diferente como? Perguntei curiosa.

— Ah… não sei… é diferente, eu não sou muito bom em elogiar sem falar umas safadezas, se é que me entende, eu não sei nem se tenho coração… e as palavras que eu sei usar, não são pra serem usadas com uma mulher como você, embora eu ache que, você é tudo isso que eu tô pensando… disse ele e eu ri.

— E que elogios são esses? Pergunto.

— Acho que você não vai gostar de escutar… disse ele rindo.

— Melhor você não falar mesmo, concordamos que seríamos amigos… eu disse e ele riu.

— Relaxa, eu prometi e quando eu prometo, eu cumpro… disse ele piscando.

E até que, não foi tão ruim a noite, eu pude conhecer o outro lado do Pablo, sim, esse era o nome dele de verdade, eu comprovei quando alguns senhores no bar o chamaram assim… e aí eu comecei a acreditar que era sim tudo verdade, as pessoas ali gostavam muito dele, e ele era atencioso com elas, diferente do homem que eu havia conhecido, diferente do sedutor que ele é.

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