Capítulo 02

A noite havia chegado, e a festa ainda estava acontecendo a todo vapor dentro do palácio. Mas os noivos já não estavam mais lá, estavam chegando ao novo quarto dos dois. Ainda era o da princesa, já que não queria ter de se mudar dali, então pediu que fizessem uma reforma rápida para que ali passasse a ser o quarto dos dois.

Alice era carregada nos braços fortes de Jaze, enquanto ria de nervoso ao subirem aquelas escadas. Quando chegaram até a porta, Jaze a colocou no chão, destrancando o quarto para poderem entrar.

Alice deu passos lentos enquanto seus olhos observavam seu quarto novo e redecorado. Haviam quadros novos, novos móveis e uma cama muito maior, com um baú grandioso nos pés da cama.

— Caramba, como fizeram isso em tão pouco tempo? — Jaze perguntou trancando a porta novamente.

— Ficou lindo, não é? Eu amei!

Jaze se aproximou por trás, envolvendo cuidadosamente seus braços pela cintura da mulher a puxando para si. Seus lábios deram um pequeno e carinhoso beijo em sua nuca, enquanto ela sorria olhando para todos os lados.

— Estamos mesmo vivendo esse momento?

Alice se virou para ele segurando seu rosto, enquanto ele aumentou seu sorriso.

— O que nós acabamos de fazer? Somos marido e mulher agora? — Ele brincou como se estivesse apavorado, a fazendo rir.

— Isso pode ser muito divertido...- A princesa comentou indo se sentar na cama, enquanto o olhava com um sorriso travesso no rosto.

— Você não muda mesmo, não é? Mas quer saber? Eu gosto. E muito. — Ele disse desabotoando sua roupa.

Alice se sentia excitada o vendo falar daquele jeito enquanto tirava sua camisa, até que o viu se aproximar dela, tirando o véu de seus cabelos, abaixando seu rosto para lhe dar um beijo.

A princesa o desejava como nunca antes, e com suas mãos, ela o aproximou dela enquanto ainda se beijavam calorosamente, mas Jaze se afastou dizendo:

— Ei, Cachinhos... Não podemos fazer isso... O bebê...

Como uma quebra de expectativas enorme, Alice murchou, tentando dizer:

— Mas... Eu... Você...

Jaze se sentou ao lado dela, fazendo carinho em seus cabelos, a olhando bem.

— Eu prometi horas atrás que iria cuidar de você, e vou cumprir isso.

— Vamos ter que esperar... Por nove meses? — Alice reclamou, fazendo Jaze rir.

— Eu não casei com você apenas por isso, e... Vão ser sete meses. — Ele sussurrou fazendo dessa vez Alice sorrir.

— E então... O que vamos fazer? — Alice perguntou com as mãos dadas em seu colo.

Jaze sorriu se deitando para trás, batendo no colchão ao lado dele para que Alice deitasse em seus braços.

E fazendo como Jaze queria, Alice se deitou ao lado dele sentindo que aquilo era como se fosse um castigo para ela e seus atos impensáveis. Mas não era tão ruim, já que ao menos estava com o homem que era apaixonada.

Iria ser difícil para Jaze, ter enfim sua mulher mas não poder toca-la, mas ele sentia que era o certo até que a criança nascesse. E seu amor por ela era tão grande que isso não demoraria tanto.

[...]

Alguns meses se passaram, e Zadack estava com vários sacos de ouro roubados em seu local secreto, onde estava passando desde que teve de fugir. Era uma caverna distante longe dos reinos. Ele estava confiante que em breve poderia voltar e tirar Kalí daquele lugar de prostituição e fugir com ela para uma nova vida com aquele dinheiro. Mas ele queria mais. Por isso, continuou fazendo o que de melhor sabia. Roubar.

Enquanto isso, em Óligun, Kalí continuava trabalhando, sendo muitas vezes maltratada pelos homens que dormiam com ela e também por Gerúndio, que deixava cada vez menos moedas com ela.

Mas ela não podia desistir, não podia fugir sem que antes conseguisse algum dinheiro, ela precisava continuar até que pudesse ser feliz novamente, mas sentia que seu sonho estava cada vez mais distante...

E o tempo foi passando, e a barriga de Alice crescendo cada vez mais. Alice desconfiava de ser uma menina, mas não tinha como ter certeza até que nascesse.

Quando Alice e Jaze contaram aos pais da princesa que ela estava grávida, eles festejaram animados pensando que era fruto do casamento dos dois, mas que na verdade nem haviam consumado o casamento ainda.

Alice mal conseguia subir as escadas com todo aquele peso. Tinha dias em que se sentia a mulher mais feia do mundo e por ter ganhado um pouco de peso, o que já haviam lhe explicado ser normal.

As noites eram chorosas, mas seu marido sempre a consolava e cuidava dela, mesmo que Alice se sentia sem esse direito pelo que fez.

Quando chegou ao último mês da gestação, a princesa tentava pensar em como diria aos pais sobre a criança nascer "antes do tempo" e novamente quem a acalmava era Jaze, seu marido.

Ele estava ansioso para ver o rosto do filho que considerava seu, e seria assim para sempre. Especificamente naquele dia, ambos estavam deitados na espaçosa cama conversando animados. Ainda não tinham escolhido um nome para o bebê e estavam pensando nisso agora.

— Então... Se for menino... O que acha de Kaylan? — Alice perguntou virando seu rosto para ver o do marido, que já estava deixando crescer sua barba.

— É um nome forte e bonito, eu gostei. E... Se for menina? O que acha de Aurora?

— Que delicado... Eu acho perfeito...

— Como será que ela ou ele irá se parecer?

— Eu sei que... O pai de sangue não é você... Mas o que eu mais desejo é que nosso bebê seja igual a você... Já consigo ver nossa família, será tão linda!

Jaze sorriu virando seu corpo de lado, fazendo carinho na barriga de Alice, depois colocando o ouvido nela.

— Oi meu bebê! É o papai! Estamos ansiosos para ver você! Você promete que vai ser igual a mim? Promete? Eu te amo...

Alice sorriu, tentando segurar as lágrimas ao ouvir aquelas palavras e perceber que não existia outro homem melhor do que Jaze em sua vida. Foi então que sentiu sua barriga mexer, e com isso, a alegria dos papais foi às alturas com esse simples ato.

[...]

Dor extrema... Rigidez... Água escorrendo pelas pernas... O forte aviso de que um bebê estava vindo ao mundo. Era assim que Alice se sentia quando as dores começaram e ela enfim entrou em trabalho de parto, mas não era só ela que estava passando por isso naquele exato instante.

Em outro reino, o grande reino ABAD, no meio da vila uma mulher pobre estava dando a luz sozinha. Adiná.

Fruto de uma desilusão, Adiná agora sofria sozinha ao ter de dar a luz seu bebê que estava com pressa de nascer.

Ela gritava de dor tentando se ajeitar naquela cama pequena, chamando por ajuda a quem pudesse ouvir. E felizmente seus pedidos de socorro foram ouvidos por um grupo de amigas que estavam passando por ali.

Elas entraram na casa assustadas, até verem aquela mulher dando a luz, e correram para ajudá-la. Por sorte chegaram a tempo.

Foi difícil já que não tinham experiência nenhuma nisso, mas queriam ajudar. O fato é que conseguiram, e trouxeram ao mundo uma bela menina, que até então parecia saudável. Depois de tanto esforço, a vitória veio àquela mãe, segurando sua bebê no colo.

— Obrigada, meninas... Vocês salvaram as nossas vidas... — Adiná disse fraca, ajeitando sua bebê para mamar.

— Ficamos assustadas e preocupadas quando ouvimos seus gritos, e não pensamos em outra coisa a não ser ajudar. E... Como a senhora vai chamá-la?

Adiná sorriu abaixando sua cabeça para olhar aquela bebezinha tão linda agarrada em seu peito.

Ela sentiu que aquela menina seria forte, e seria seu maior orgulho, então ergueu a cabeça e disse:

— Ela vai se chamar Adelly.

Adiná não imaginava tudo o que ainda iria acontecer à sua filha, todas as dificuldades que iria enfrentar, mas sabia que Adelly seria uma mulher forte, pois ela iria cria-la assim. Adelly não seria uma menina qualquer, ela estava destinada a ser a maior de todas.

[...]

Dentro do castelo, a princesa Alice tinha toda a assistência possível para aquele momento tão importante em sua vida. Mas isso não a impedia de sentir as piores dores que um humano poderia sentir.

Seu corpo estava se preparando para dar espaço e abertura para o bebê nascer, e a princesa se sentia aterrorizada com isso.

A dor era imensa, chegava em momentos que acreditava que não iria suportar, mas sua mãe estava com ela, segurando em sua mão tentando confortá-la.

Tiraram Jaze do quarto imediatamente, e nervoso com isso ele foi ao encontro do rei. Nunca havia passado por isso, e se sentia totalmente assustado naquele momento.

— Calma, meu genro. Não se preocupe, as mulheres estão cuidando dela. Seu filho vai nascer em breve. — O rei Austin disse, mas também tentava esconder seu nervosismo.

— I-isso demora muito? Eu estou... Estou mesmo preocupado...

— Tenha paciência. Quando Elisabeth estava dando a luz, ficamos assim como você, mas as parteiras sabem o que fazem. Logo você estará com seu filho no colo!

E dito isso, eles ouviram um choro de bebê. O parto havia sido rápido para a sorte de Alice.

Sorrindo como um bobo, o príncipe Jaze começou a correr depressa para o quarto deles onde ela estava, abrindo a porta com rapidez.

A cena que viu foi a mais linda de todas. Alice estava deitada, com o bebê em seus braços. E todas as outras mulheres, inclusive a rainha, sorriam felizes da vida por tudo ter dado certo.

Jaze tentava segurar as lágrimas, enquanto se aproximava devagar, até chegar aos pés da cama.

— Essa é a nossa pequena princesinha... — Alice disse sorrindo, sentindo seu nariz arder ao querer chorar. — Aurora...

— E-eu posso... — Jaze se referia a pegá-la no colo.

— É claro meu amor... — Alice se ajeitou enquanto Jaze pegava Aurora no colo.

Os olhos do príncipe lacrimejaram com velocidade, segurando a pequena menina com cabelos dourados, como a mãe. Ela estava dormindo, parecia tão frágil, tão meiga e tão linda... A pequena Aurora era perfeita... E era filha dele. Seria para sempre. Ele preferia acreditar nessa versão.

O futuro seria lindo com essa família que estavam construindo, e tudo iria bem. Mas isso só podia acontecer nos sonhos deles, porque a realidade se transformaria em outra coisa, e a princesa Aurora que acabara de nascer, seria uma vilã sedutora de corações apaixonados no futuro.

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