CAPÍTULO 09 - NÃO FUJA

POV: CALLIE

Cogitei em fugir, conhecia aos arredores e tinha isto como vantagem... Anos sendo caçada como uma presa ajudaram a treinar meus instintos de sobrevivência, meu olfato era meus olhos e cada árvore daquela floresta eu recordava bem o cheiro.

Minha mãe era uma loba sábia, Hunter havia capturado de outra cidade, não sei com precisão de qual alcateia que ela pertencia... Em um momento de fúria do meu pai, ao rasgar minha carne em uma de suas caçadas e arremessar-me contra uma rocha, o ouvir rugir:

— Eu achei que com o sangue raro da Lyra teria filhotes como descentes fortes, mas não, a Deusa resolveu nos punir e derramar sobre nós uma maldição graças a você... Desgraça da alcateia! — Brandou ele arrancando com as presas um pedaço do meu coro da barriga.

— Eu não sei se você está divagando ou bolando um plano de fuga. — A voz de Aaron me trouxe de volta ao momento.

— Eu.... — Murmurei, engolindo o nó na garganta incerta sobre o quanto deveria falar. — Não sei te explicar como fiz aquilo, apenas sei que você não deveria ir até lá se preza por sua vida!

— É uma ameaça loba? — Rosnou feroz o Alfa, a água vibrou ecoando um som um único, senti sua aproximação. — O que acha que era então?

— É apenas um conselho, meu rei... — Reverenciei com receio de ser ferida novamente, a poucos minutos antes a dor me dilacerava. — Acho que a Deusa Lua quer te dizer algo, não compreendo por que vejo o que vejo... Não sei por que sou assim, apenas sou!

O som de sua respiração estava pesado, como em um esforço grande para se conter, talvez aquele lobo negro não quisesse me machucar, ao menos, não naquele momento.

— Suas respostas são vagas demais! — Brandou enfurecido o Alfa. — Aquele lugar que me guiou, tem noção de onde era?

Remexi nervosa sem saber ao certo, quando uma corrente de vento rodopiou nossos corpos passando por minhas orelhas lupinas, sussurrando:

— Alvorada Selvagem... — Senti cocegas no ouvido, estremecendo sutilmente.

— Está com frio? — Aaron indagou passando as mãos por meus pelos como em uma carícia. — Seus tons de pelagem são incomuns... Callie, responda minha pergunta e retornaremos a pequena cidade.

— Acredito que seja a alcateia Alvorada Selvagem ao norte daqui... — Ainda de cabeça baixa, falei em um tom cordial.  — Não precisa se preocupar comigo.

— Não estou! — Respondeu ele ríspido se afastando bruscamente — Mas quero respostas e não as terei se você morrer.

— Compreendo, meu rei. — Ergui o queixo em direção ao seu cheiro amadeira que atraia minha loba e a agitava. — Por isto ainda estou viva?

— Por enquanto... — Um assoviou sarcástico escapou por seus lábios, até mesmo seus sutis movimentos chamavam a minha atenção em uma conexão estranha que eu não compreendia. — Como conhece o nome desta alcateia?

— Ouvir os guardas falarem, Hunter a atacou roubando recursos, soube que o Alfa havia sucumbido e um de seus lobos designados se tornou o regente local... Acredito que tenha sido o pai dos irmãos Esmeralda e Vicent Houck. — Estremeci com a menção de seus nomes, sendo arrastada para a lembrança da caçada na manhã anterior, balancei a cabeça vagorosamente tentando apagar aqueles sentimentos ruins que se formavam.

— Você parece ter um passado com eles. — Observou o rei Lycan astuto. — Até que eu tenha as respostas para as minhas perguntas, você será minha prisioneira e andará acorrentada ao meu lado.

— Ao seu lado? — Falei em choque cedendo alguns passos para trás, suas mãos fortes agarraram meu corpo lupino mantendo no local.

— Me parece que você é daquelas fujonas, acho melhor garantir que não vá para lugar algum... — Rosnou ameaçador o Alfa caminhando comigo em seus braços. — A propósito, espero que goste de guerras, pois irá para uma comigo!

— Para a guerra? — Saltei de seu colo me encolhendo ao chão. — Por que me levaria para o campo de batalha? Que serventia uma loba cega teria para você?

— É exatamente este o ponto, lobinha! — Rosnando, Aaron agarrou sobre minha pelagem acima do pescoço e saiu arrastando de volta a cidade. — Droga, preciso te ensinar a se transformar.

— Me ensinar? — Engoli em seco com receio.

O alfa seguiu quieto, a respiração mais tranquila até chegarmos à cidade onde sua áurea poderosa se intensificou, senti seu lobo se agitar. Concentra-me, podia jurar que ouvia sua fera rosnar querendo sair. Não sei onde estávamos, mas farejei diversos cheiros de lobos e humanos, de ambos os sexos no local.

— O que está criatura está fazendo aqui? — Perguntou histérica com a voz aguda, uma loba fêmea.

Brandando, ouvi o rugido alto do rei Lycan ameaçador, o chão vibrava diante de seu poder, no ambiente ecoou o som trincado de uma rachadura que parecia vir das paredes.

— Eu acho que não fui muito claro com você, Kemilly! — Rosnou frio o Alfa. — Pegue esta loba e ensine-a a mutar para forma humana.

— Perdão meu rei, não quis ofender... — Gaguejou a loba. — Venha loba.

— Ela é cega, sua estupida! — Brandou o Lycan. — Parece que estou rodeado de incompetentes, Callie, siga o cheiro desta loba.

Apenas assenti seguindo-a, saímos do local, eu farejava com cuidado para não esbarrar em nada e nem ninguém.

— Como conseguiu persuadir o Rei Lycan para que ele poupasse sua vida insignificante? — Rosnou feroz Kemilly irritada.

Mantive-me em silencio.

— Além de cega é muda? Que perfeito, como vou ensinar algo a uma criatura quebrada? — A mulher parecia enfurecida — Anda logo, ainda por cima é lenta!

Suas garras fincaram em minha carne me arrastando para algum lugar longe de onde o rei Lycan estava, me agitei contorcendo com a dor sendo arrastada para o que parecia ser um galpão que fedia a sangue e poeira.

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