4. INICIANDO TUDO

Meu Beta Amet, com sua expressão séria e seu olhar fixo em mim, o mais sábio e razoável de todos nós, olhou para os outros e depois assentiu lentamente. Embora parecesse estar lutando também com a fúria e a desesperação de seu lobo Ammyt, desesperado por ir em busca de sua metade, ele se manteve, como sempre, mais controlado que todos os demais.  

—Um momento, meu Alfa —me deteve imediatamente—. Primeiro, vamos revisar toda a matilha e as cavernas milagrosas. Não sabemos quais viajaram conosco agora. Conectei as cavernas sagradas e a do tesouro. Vamos ver se vieram conosco e se algo mudou.  

—Certo, certo —disse imediatamente, agradecendo que meu Beta seja tão responsável e, apesar da situação, não se esqueça do mais importante—. Vamos revisar a matilha e ver o que aconteceu.  

Nos preparamos imediatamente. Nossos lobos se fizeram sentir, preenchendo o espaço com a energia lupina que nos conectava não só como companheiros, mas como uma matilha inseparável. Enquanto saíamos do escritório, vimos imediatamente a loba Úrsula se aproximando sorridente, junto de seu pai, o antigo Mayor.  

—Bom dia, meu Alfa —me cumprimentou muito bajuladora, dando-me um beijo na bochecha. A afastei imediatamente com um forte rosnado. Como ela se atreve a me beijar?  

Mat quer tirar meu controle, furioso. Por causa de Úrsula, que se deixou possuir pela deusa desterrada, a bruxa Isfet, estamos nesta situação. Quase se atira em seu pescoço para acabar com sua vida. Meu Beta Amet me detém, lembrando-me de que, nesta época, ainda é uma jovem loba inocentemente apaixonada por mim.  

—Talvez possamos salvá-la —ele termina dizendo.  

Fico olhando para Úrsula, cheio de desconfiança. Minhas mãos estão prestes a se transformar em garras, e meu lobo Mat rosna baixo, enviando vibrações por todo meu corpo. Úrsula, ainda alheia ao que ocorrerá em seu futuro, sorri docemente, a leve inclinação de sua cabeça refletindo o respeito que sente por mim, ou pelo menos o que aparenta. Mas não posso ignorar o que já sei, o que está gravado em minha mente como uma sentença.  

—Bom dia, Úrsula. Nunca mais me cumprimentes assim! O que faz aqui tão cedo? —perguntei, sem conseguir esconder minha fúria, tentando eliminar qualquer vestígio de calor.  

—Jacking, a próxima lua será a transformação da minha filha. Tudo indica que ela será a sua lua —diz sorridente seu pai, um dos antigos maiores da matilha.  

—Não! Já tenho a minha lua! —gritei irritado, com voz de Alfa, sem conseguir me controlar.  

—Você tem a sua lua? —pergunta surpreso o antigo Mayor.  

—Sim! Vou buscá-la agora! —respondi, afastando-me irritado junto aos outros, que também me olham com rostos sombrios.  

Meus passos são firmes, quase rígidos, enquanto sinto Mat se revirando dentro de mim, furioso e prestes a tomar o controle. Meu Beta Amet caminha ao meu lado com expressão séria; posso perceber a calma calculadora que sempre o envolve. Vejo como interceptam Teka-her e ouço o que falam.  

—Teka, quem é a Lua do Alfa? —pergunta o antigo.  

—Não sei, acabei de descobrir com vocês —respondeu ela com sarcasmo—. Não tenho a menor ideia.  

E desaparece sorridente, deixando-os com uma expressão de surpresa. Nunca gostamos muito desses dois, mas sua aparição me fez perceber que, aparentemente, como supôs Teka, eles não lembram nada da vida no futuro. Embora tenhamos voltado vivos.  

Me comunico com ela pela ligação enquanto sigo avançando rumo às cavernas milagrosas.  

—Existirá a deusa desterrada, a bruxa Isfet, aqui neste passado? —ouço ela se perguntar em sua mente. E em seguida, ouço novamente—. Se sim, deve estar muito fraca; não vou deixar que a história se repita. Com o grande poder que possuo agora como a Grande Bruxa Suprema, acabarei com todos nós antes que tenham a ideia de atacar.  

—Faremos isso, Teka —digo a ela na mente—. Concentre-se no que é seu, que nós faremos o nosso.  

Sorrio enquanto ouço o Alfa Supremo e concordo com ele. Chego em casa e encontro Aha, feliz, brincando com a pequena Neiti.  

—Olá, pessoal. Quem está com fome? —pergunto, movendo minhas mãos para fazer aparecer toda a comida que minha filha gosta.  

—Mamãe, que delícia! —grita ela, correndo em direção à mesa—. Eu te amo, mamãe!  

Envolvo Neiti com um sorriso caloroso enquanto a vejo devorar sua comida com alegria. O rosto da minha pequena brilha como a lua crescente, cheia de inocência. Aha, sempre tão sereno, baixa o olhar para ela com orgulho, como um irmão mais velho que vigia e protege mesmo sem palavras. Sento-me à mesa em frente a eles, deixando que as emoções que me invadem se dissolvam lentamente no ambiente familiar. Minha esposa Aha se aproxima de mim e me abraça.  

—Desta vez faremos tudo certo, querida —sussurra em meu ouvido, esperançosa—. Não vamos perder nossa menina.  

Meu sorriso vacila um pouco enquanto penso no que isso significa. A vida da minha Neiti depende de nós agora. Sorrio para minha esposa e lhe pergunto:  

—Você acha que conseguimos?  

—Sim, conhecemos todos os erros que cometemos —assegura Aha, sempre otimista—. Além disso, seu verdadeiro parceiro estará aqui. Ela não terá tempo de se apaixonar por mais ninguém.  

Aha, que sempre parece atenta às minhas reações, me interrompe antes que o peso da inquietação comece a se manifestar.  

—Teka, você não tem que se preocupar. Neiti está segura. Não há perigo nessas terras, e você sabe disso —diz com um sorriso.  

Levanto o olhar para ela, agradecendo em silêncio sua intervenção. Embora Aha não seja de muitas palavras, sempre sabe quando falar.  

—Espero que você tenha razão, querida —respondo com uma voz tranquila, mais para me convencer—. Você sabe do que percebi?  

Estou prestes a dizer quando Neiti se aproxima correndo, com suas pequenas mãos estendidas em minha direção, buscando um abraço. Inclino-me e a envolvo em meus braços, sentindo como sua energia pura e luminosa alivia as tensões do meu peito. Mais uma vez, prometo a mim mesma que a protegeremos a todo custo.  

Da mesa, as luzes piscam suavemente, refletindo a calma da nossa pequena bolha familiar, mas algo dentro de mim diz que esse equilíbrio é frágil demais. Embora eu tente aproveitar esse momento, no fundo sei que o que nos espera fora dessas portas pode mudar tudo.  

—Nós, os que estávamos ao lado do Alfa quando tudo aconteceu, somos os únicos que nos lembramos de tudo; os outros não —digo, sem parar de acariciar minha linda menina que continua enumerando tudo o que quer que eu prepare para ela.  

—Isso é muito bom —diz Aha, e assentir—. Assim, o Alfa não terá que prestar contas ao conselho dos antigos pelo que aconteceu.  

—Mamãe, papai! Vocês não vão comer comigo? Está tudo muito delicioso, mamãe! —nos chama Neiti da cozinha. Suspiro, desejando que tudo dê certo. Vamos conseguir? O que acontecerá se não conseguirmos?

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