29- Anne.
Por mais que a família do Gabriel estivesse por perto, a aflição não me abandonava. Cada minuto parecia um teste para os meus nervos, principalmente depois que a mãe dele, Joana, ligou a televisão e o noticiário local mostrou imagens de manifestantes em frente à prefeitura.
O estômago se apertou de medo e culpa.
— Isso é por minha causa? — perguntei, sentindo um calafrio percorrer meu corpo.
— Melhor não vermos televisão hoje — respondeu Joana, desligando a TV com um gesto firme, mas gentil.
Ela se virou para mim, e apesar de seu sorriso caloroso, a preocupação nos olhos dela era evidente.
— Você está bem, querida? — perguntou, inclinando-se um pouco mais para frente, como se quisesse garantir que eu realmente iria me abrir.
Assenti, mas a verdade era que não tinha certeza de nada. Tudo parecia um borrão, como se a qualquer momento o chão pudesse desaparecer sob meus pés.
— E o bebê? — ela continuou, olhando para minha barriga com ternura.
Acariciei minha barriga, tentando encontrar u