Christian teve que reportar o incidente ocorrido durante a abordagem policial. Jason como sempre, já estava a par do acontecimento. Na sala do chefe, Christian ficou em pé, com as pernas afastadas e as mãos para trás.
Jason sentado na cadeira de couro preto, atrás da mesa abarrotada de inquéritos policiais, observava o seu subordinado.
Ele disse sério:
- Sabe o que eu acho, Christian? Que isso não foi um ato imprudente da sua parte. A verdade, é que você está procurando a morte em cada esquina e isso me preocupa.Christian manteve o olhar fixo na parede branca acima de Jason.
- Eu só estava fazendo o meu trabalho.- Você sabe que não se faz uma perseguição a um suspeito armado sem reforços. Você poderia ter sido baleado.
Christian engoliu em seco e abaixou a cabeça lentamente. Ele encontrou o olhar duro e ao mesmo tempo apreensivo de Jason.
- Eu não podia deixar ele escapar.- Eu posso ficar aqui o dia inteiro ouvindo as suas justificativas, Christian. Mas nós dois sabemos que você precisa de um tempo. Talvez passar por uma avaliação psicológica.
Christian riu com desdém.
- Você me conhece o bastante para saber que eu não vou deitar em um divã e ficar tagalerando sobre os meus problemas.Jason recostou na cadeira e bufou.
- Você serve a mim, Christian. E a forma como você está conduzindo as coisas, reflete diretamente sobre mim e a minha competência. E no momento, eu não me sinto a vontade sabendo que você está armado e fazendo merda atrás de merda.Christian sabia aonde Jason queria chegar. Então, ele deixou de lado a sua arrogância e baixou a guarda.
- Por favor, Jason. Não me manda para casa. Eu vou enlouquecer. Eu posso fazer isso, eu posso voltar a ser o que eu era. Um policial exemplar.Jason levantou, deu a volta na mesa e colocou a mão no ombro de Christian.
- Você ainda não superou a morte do Gabriel. Você não enfrentou o luto como deveria. Você não absorveu a sua perda. Já tem três anos e você ainda não disse adeus ao seu filho, Christian. Isso está te matando e você está levando todos nós nesse processo de auto destruição.Christian sentiu os olhos arderem e seu lábio inferior tremeu levemente. A pressão da mão de Jason em seu ombro o confortou. Ele fez o mesmo no funeral de Gabriel. Um aperto firme e silencioso que valia mais do que mil palavras.
Christian abaixou a cabeça.
- Eu estou me afogando, Jason.- Eu sei. E é meu dever te trazer de volta para a superfície. Você terá uma última chance antes de ser afastado por problemas pessoais.
Christian ficou esperançoso e ao mesmo tempo desconfiado. Ele encarou Jason.
- A que preço?- Oliver será o oficial em comando.
- Eu não vou receber ordens de um viado!
- É pegar ou largar. Você decide. O viado salvou a sua vida hoje. Tenha um pouco mais de gratidão e respeito pelo seu parceiro.
No refeitório do Departamento, Oliver almoçava sozinho em uma das várias mesas de seis lugares. As outras mesas estavam cheias, e Christian cercado por policiais, parecia querer voar no pescoço dele a qualquer momento.
Oliver também tinha estado com Jason e dado a sua versão do caso. Ele soube que Christian está passando por problemas pessoais. Perdeu um filho de cinco anos e o casamento não vai bem.
Oliver não viu aliança na mão de Christian. Não imaginava que ele era casado. Jason o colocou a frente das operações, e Oliver teria que enfrentar a fúria do parceiro.
Christian mal tocou na comida. Oliver estava entalado na sua garganta. No primeiro dia o filho da puta tomou o seu lugar de supervisor de turno.
- Ei, Christian. - Brooklin um loiro de olhos verdes, chamou a atenção do colega de trabalho. - O novato se saiu bem.
- Isso não vai ficar assim. Eu vou colocá-lo no seu devido lugar.
- Que seria onde? - Wes perguntou rindo.
Christian não respondeu. Em sua mente atormentada, ele procurava uma forma de reaver o seu posto de primeiro oficial. Nem que para isso tivesse que dar um fim em Oliver. Policiais morrem todos os dias.
Oliver dirigia a viatura, e Christian ao seu lado, soltava fogo pelas ventas.
- A culpa não é minha, Christian.- Não fale comigo aberração.
- Parece que você já tem problemas demais. Não faça da nossa parceria algo mais difícil que já é.
- Eu não vou facilitar para você.
- É uma pena. Porque eu também posso ser extremamente esnobe e arrogante.
Christian olhou para Oliver.
- Tipos como você não duram muito por aqui, são uma vergonha para a corporação.- Vergonha é um policial desequilibrado estar na ativa só porque o chefe tem pena dele.
Christian levou a mão na arma.
- Repita isso.- Não é necessário. Você me entendeu.
O rádio comunicador piscou.
- Três, dois, quatro. Possível assaltante na Sunset Boulevard, 321.Oliver respondeu o chamado.
- Três, dois, quatro a caminho.Christian ganhou um olhar duro de Oliver.
- Apenas siga as minhas ordens.Christian estremeceu de puro ódio.