Calor Entre Outonos
Aria
Julian corre pelo corredor com a bata de hospital ainda solta nos ombros, empunhando seu inseparável avião de papel vencedor.
Ontem, a febre que parecia enraizada em mim tanto quanto nele finalmente cedeu, a pediatra o liberou ao entardecer, com recomendações básicas e um
“É apenas vírus passageiro”.
Ainda assim, sinto o corpo reagir a cada sorriso dele como se testasse, passo a passo, se a paz é real.
Alexandro dirige devagar na estrada de volta ao resort.
A janela aberta deixa entrar o cheiro do mato molhado pós-chuva. Julian cochila, cabeça apoiada em meu colo.
A música no rádio é um sertanejo antigo, e, por alguma ironia do destino, não me incomoda mais.
Pode ser efeito do cansaço. Ou admito a contragosto, do conforto que Alexandro me inspira agora, mesmo sem dizer nada.
Chegamos ao chalé. Ele carrega Julian cuidadosamente e deita-o no sofá, cobrindo-o com a manta azul.
Observo os dois: pai e filho, feitos do mesmo traço forte de queixo e do mesmo