Capítulo 20.
Pedro Monteiro.
A música alta da festa não abafava a tensão entre nós. Heloísa me encarava, processando o que eu acabara de dizer.
— Terminar? Como assim terminar? Por quê? — sua voz saiu contida.
Passei a mão pelo rosto. Alguns convidados já cochichavam.
— Não tá dando mais, Helô. Faz tempo que a gente não se entende.
— É por causa da Eliza, né? — os olhos dela brilharam de raiva.
A pergunta me atingiu, mas mantive o rosto neutro.
— Não, é por nossa causa. É pelo jeito que você mudou — respirei fundo. — Como você trata todo mundo... deveria ficar feliz por ganhar uma irmã.
O silêncio que se seguiu foi cortante, pesado como uma tempestade prestes a desabar. Do outro lado, sua expressão endureceu, e eu vi o brilho de algo perigoso em seus olhos.
— Ela não é minha irmã. É só uma bastarda que meu pai...
— Olha quem fala — as palavras escaparam. — E você? Acha que é diferente?
Ela piscou, confusa.
— Do que você tá falando?
Meu coração disparou.
— Seu pai teve um caso com sua