Capítulo 6 - Tempo de viver

Maude estava lavando a louça do jantar quando Owen foi falar com ela, quando o viu se aproximar ela mesma iniciou o assunto.

— Eu sei que precisa de uma resposta, e eu já tenho uma para te dar. Aceito ficar por um tempo, como sua empregada. Depois definimos um pagamento justo. Eu não tenho muita experiência cuidando eu mesma de uma casa, mas acredito que conheço o básico. Mas você sabe que é bastante serviço para uma pessoa só, você mesmo e o Thomas se dividem nas tarefas. 

Ela disse, de costas para ele, sem parar de lavar os pratos. Ele estava tão aliviado que sentia vontade de beijá-la, achou melhor apenas agradecer.

— Muito obrigada Maude. Você não tem ideia de como me deixa aliviado. Não se preocupe, eu preciso de alguém de confiança para ficar responsável por tudo e pelas crianças, mas posso contratar outra pessoa para ajudar nas tarefas de casa. Eu terei que me ausentar constantemente, e a vezes passar semanas fora, os empregados são de confiança e farão o trabalho da fazenda, mas aqui na casa, tudo ficará por sua conta.

Ela balançou a cabeça em concordância, e ele seguiu explicando.

— Inclusive, já passou da data de nós levarmos o gado para um comprador. Eu e Thomas viajamos em seguida, terá apenas uns três dias para se preparar para a nossa partida. Ficaremos apenas alguns dias fora, mas em seguida partiremos outra vez e ficarei mais tempo.

Ela terminou a tarefa e se virou para ele, secando as mãos em um pano de prato. 

— Tudo bem, é o suficiente para eu me inteirar de tudo. Eu queria te pedir uma coisa, por acaso você não tem outros vestidos guardados, Melanie me disse serem da mãe dela. Ela não se importa que eu os use, e no momento não tenho como comprar novos. É bastante incômodo ficar revezando entre o meu destruído e esse que você conseguiu.

— É claro, no meu quarto tem um baú com alguns, pode pegar todos se quiser. Mas assim que eu voltar posso te levar na cidade para comprar uns para você.

— Seria muito bom, ela não era exatamente do meu tamanho, vou ter que soltar algumas costuras. Um outro ponto importante, precisaremos pensar nas acomodações. Não tem nem espaço para mim nesta casa, que dirá para outra funcionária. Pensei em transformar o ateliê de costura em um quarto com duas camas, assim as crianças podem ter o quarto de volta, e você o seu.

— Essa é realmente uma ideia ótima. Quando voltarmos após levar o gado, vou providenciar tudo. Eu não tenho palavras para te agradecer, você está me fazendo um grande favor.

Ela cruzou os braços e escorou o quadril no balcão de pia.

— Eu tenho que te agradecer primeiro, você salvou minha vida e ofereceu uma chance de sobreviver com esse emprego. Graças a isso vou ter um salário e um lugar seguro para viver. Da minha parte tentarei fazer o meu melhor em casa e com as crianças.

Ele balançou a cabeça em anuência, aliviado com as palavras de Maude.

— Então amanhã te passaremos as tarefas que devem ser feitas. Esteja preparada para trabalhar duro.

— Acredite, eu estou.

Ela passou por ele e foi se recolher no quarto das crianças. Ainda não sentia a vontade naquela casa, levaria um tempo para se acostumar. Mas Maude desconfiava que já estava se apaixonando por aquelas crianças. A menina Melanie era muito gentil e meiga, mas tinha um gênio forte que ela havia aprendido a contornar. A bebê era uma criança saudável que adorava brincar, não era difícil distraí-la. E o menino era mais fechado e desconfiado, talvez por ser mais velho. Devia sentir muito a falta da falecida mãe. Ele não participava das brincadeiras, sempre alegava ser muito velho, ou que eram coisas de meninas, mas ela sabia que, no fundo ele só não queria se aproximar dela.

Maude decidiu que daria um tempo a ele, confiança era algo a ser conquistado afinal. Naquela noite ela demorou um pouco para pegar no sono, estava ansiosa para seu novo posto de criada, uma mudança e tanto para quem sempre fora a patroa.

Devido à expectativa, ela acordou um pouco antes de amanhecer, vestiu-se e foi para a cozinha. Assim que tivesse um tempo iria procurar os outros vestidos, estava necessitando muito deles. A esposa do Owen devia ter sido uma mulher muito bonita, devido à graciosidade das crianças com aqueles cabelos loiros. A cintura e o busto de Maude ficavam muito justas no vestido, acreditava que só havia entrado na roupa, devido aos quilos que havia perdido enquanto se recuperava. Precisaria ajustar os outros para conseguir usá-los.

 Apesar de viver cercada de empregados, a mãe fora em sua juventude uma mulher humilde, que não conseguia abandonar certos hábitos. Gostava de cozinhar para Maude e seu pai, seus pratos favoritos, e ela sempre a ajudava. Conseguiu acender o fogo com alguma dificuldade, quando conseguiu tornar o fogão funcional foi direto verificar a dispensa. Pegou ingredientes para fazer os seus amados biscoitos e também uns pãezinhos de minuto. Haviam algumas geleias e manteiga para acompanhamento, então ela só faria mais uns ovos mexidos com bacon.

Enquanto preparava tudo, ela relembrava os momentos que havia passado com sua mãe. Depois que ela faleceu, Maude havia mantido a tradição de cozinhar para o pai, até se casar. Sebastian teria um ataque se a visse ou soubesse que ela havia estado em uma cozinha, para qualquer coisa além de dar ordens.

Quando Thomas chegou com o leite para o café já estava quase tudo pronto, ela estava colocando os alimentos na enorme mesa da cozinha. Ele ficou bastante surpreso quando a viu.

— Veja só, parece que alguém madrugou. O cheiro aqui está ótimo.

— Obrigada, eu estava ansiosa para começar no meu novo cargo. Não sei preparar muita coisa, fiz apenas o pouco que minha mãe me ensinou.

Ela falou, pegando o leite das mãos dele e indo colocar para ferver no fogão.

— Menina, pela aparência e cheiro dessa mesa de café da manhã, tenho certeza que será suficiente para nós. 

Quando ele terminou de falar, eles viram Owen entrando na cozinha, acompanhado das três crianças. Ele colocou a Alex na sua cadeirinha de alimentação infantil, enquanto os dois mais velhos tomaram seus costumeiros lugares à mesa. Ela foi buscar o leite quente e se sentou também.

Percebeu que o dono da casa e as crianças a encaravam.

— O que foi? Eu resolvi começar logo com o trabalho. Eu disse ao Thomas, não sei preparar muita coisa, vão ter que me ensinar. Espero que esteja aceitável. Owen deu um de seus sorrisos gentis e disse:

— Deve ter se esforçado bastante, tem farinha até no nariz.

Ela se limpou rapidamente com a manga do vestido, um pouco constrangida. E se dirigiu a Thomas.

— Você me viu e não falou nada! 

— Eu achei que estava tão concentrada, não pensei que ligaria para um pouco de farinha.

Nesse momento, Melanie não resistiu e pegou um biscoito da travessa que estava sobre a mesa, seu uma mordida e fechou os olhos em um momento de genuína apreciação.

— Meu Deus! — A menina falou dramaticamente. -- Esse é o melhor biscoito que eu já comi na minha vida.

Quando ela disse isso, todos praticamente voaram sobre a travessa e pegaram um para si. Maude também pegou dois e ofereceu um, a bebê que sorriu enquanto tirava o biscoito de sua mão.

Todos devoravam tudo o que estava na mesa com evidente apreciação. Owen foi o primeiro a falar.

— Estava tudo ótimo, isso é muito melhor do que eu e Thomas conseguiríamos fazer. Para nós já está ótimo, mas se quiser aumentar suas opções eu tenho um caderno de receitas em algum lugar, posso procurar.

— Eu agradeceria. Os pratos que sei preparar devem ser em torno de uns 5. Preciso urgente ampliar meus conhecimentos.

— Ok, agora deixa o Thomas retirar a mesa e lavar tudo, que eu vou te explicar o restante das tarefas. Se já terminou, é claro.

— Sim, estou pronta. Me mostre por onde começar.

Os dois foram juntos até o lado de fora da casa.

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