A manhã nasceu fria, o céu prateado sobre o vale, e Cassie já estava acordada antes do sol tocar os telhados cobertos de geada. Hendrick havia saído cedo, e a casa parecia mais silenciosa do que o habitual. A tensão dos últimos dias ainda pairava no ar, mas ela tentava se concentrar no agora.
Bateu à porta do consultório de Matt poucos minutos depois das oito. O som metálico de instrumentos e o cheiro de álcool e ervas a receberam quando ele abriu a porta com seu sorriso tranquilo.
— Cassie — ele a cumprimentou, abrindo espaço. — Que bom que veio cedo.
Ela entrou, observando o ambiente ordenado: prateleiras de vidro, frascos rotulados em letras pequenas, uma escrivaninha com papéis meticulosamente empilhados. O consultório ficava no térreo da casa de Matt, e era o único lugar onde a modernidade humana parecia ter tocado aquele vilarejo de lobos — microscopias antigas, tubos, ampolas e um estetoscópio pendurado na parede.
— Você está nervosa — Matt comentou, sem olhá-la, a voz calma co