— An, você não vai me cumprimentar? – Priscila sorriu para mim e respirei fundo.
— Anthonella não tem nada para falar com você Priscila, vamos An. – Minha amiga puxou o meu braço. — Mamãe, quem é essa moça? – Maria Fernanda perguntou e Priscila a encarou. — Quem é essa menina? – Ela perguntou. — Menininha quantos anos você tem. — Eu tenho assim “ó”. – Ela fez o sinal de quatro com os dedos. Quando minha filha disse a idade que tinha, Priscila me encarou e eu sabia o que ela estava pensando. — Antes que diga alguma coisa ela não é a filha de quem está pensando — Pela as minhas contas, ela é sim filha de Ramón, ele vai adorar isso. — Como Joyce já disse, ela não é a filha do Ramón, agora se nos der licença temos mais o que fazer. Peguei a mão da minha filha e sai de lá, tenho certeza que Priscila vai contar ao Ramón e ele vai ficar com ideias erradas. No caminho de volta para casa, o silêncio no carro era quebrado apenas pelo suave som que Maria Fernanda, que adormecera no banco de trás. Olhei pelo retrovisor e não pude deixar de sorrir ao vê-la tão tranquila. Joyce, percebendo meu sorriso, aproveitou a oportunidade para falar sobre o encontro inesperado com Priscila. — An, você acha que a Priscila vai realmente falar com o Ramón sobre a MaFê? – perguntou, com preocupação na voz. — Tenho certeza de que sim. – respondi, tentando esconder a ansiedade que tomava conta de mim. — Mas estou tranquila, sei que a MaFê não é filha dele. Joyce suspirou, aliviada, mas ainda apreensiva. — Ainda bem. Se não fosse assim, tenho certeza de que ele e a família tentariam tirar a menina de você. Fiz o sinal da cruz, uma forma de buscar proteção e agradeci aos céus por ela ser filha do meu chefe. — Zeus me free, Joy. Não sei o que faria se isso acontecesse. – Joyce balançou a cabeça, concordando. — E Priscila, hein? Que descarada, nos chamando de amigas como se nada tivesse acontecido. Como ela tem coragem? Me lembrei dos tempos difíceis que passamos juntas, e de como nossa amizade tinha sido destruída por escolhas erradas. — A Priscila sempre foi assim, não sabe medir as consequências dos seus atos. Nós éramos suas amigas, mas ela nunca foi a nossa de verdade e isso o tempo nos provou. – Joyce assentiu, concordando comigo. — É verdade, An. Como eu queria dar um soco bem dado na cara dela, descontar tudo que ela e o babaca do Ramón fizeram a você. — Não precisa sujar suas mãos com pouco merda, o karma sempre vem amiga e é como os vídeos do Dhar man sempre diz: “As suas ações sempre dão um jeito de voltar para você” — Será você a reencarnação da Madre Tereza? – Nós duas rimos animadas. Ao chegarmos em casa, tirei Maria Fernanda do carro com cuidado para não acordá-la. Ela continuava a dormir profundamente, e a coloquei delicadamente na cama. Joyce e eu nos sentamos na sala exaustas e felizes por ver que MaFê estava feliz. — Hoje foi um dia tão bom, uma pena que amanhã já tenho que voltar ao trabalho, mal comecei nesse trabalho e já quero férias. — Você é louca amiga, tem quase um mês no emprego e já quer férias, se trabalhasse para Jhonathan pediria demissão no primeiro dia. — Não sei, ele é um gato, acho que tentaria ficar mais um tempinho – ela gargalhou e a acompanhei. — Você não tem noção amiga. Estou indo dormir, boa noite! – Me despedi dela e fui para a minha cama. Após me despedir de minha amiga fui para o meu quarto e rezei para que o dia de amanhã fosse mais calmo. No dia seguinte quando acordei, Joyce já havia preparado o café e ido comprar pão, o que um milagre, fiz tudo que precisava fazer e acordei Maria Fernanda que depois de alguns protestos se levantou. Já na escola a vi entrar e depois fui para meu trabalho Berenice quando me viu fez perguntas por Maria Fernanda e a tranquilizei dizendo que ela estava bem e arteira como sempre. — Fico feliz em ouvir isso, eu ficava nervosa quando meus filhos passavam mal também, nossa! A gente até pede pra ficar doente no lugar deles, não é? — Nem me fale viu, não gosto de ver a minha pequena amada e… — Senhorita Fagundes venha até minha sala. – Jhonathan chegou cortando o assunto, rapidamente me levantei e o segui. Ele me mandou fechar a porta e perguntou o que tínhamos para fazer hoje, conferimos sua agenda e antes quando estava me levantando para sair ele me perguntou pela minha filha e quando eu disse que ela estava bem, ele disse que agora eu poderia me dedicar ao trabalho, quase perguntei a ele quando eu não me dedicava, mas preferi deixar quieto, pois tenho que manter o emprego. Voltei para o meu lugar e sentei ao lado de Berenice. — Nosso novo chefe é um tantinho grosseiro, não é? Deve ser mal dos ingleses. — Ingleses? Ele não é americano? – Perguntei confusa e curiosa. Berenice me explicou que ele é inglês, só que se mudou para Nova York com a família na juventude. — Deve ser muito bom ter a família por perto. — A sua família é daquelas desgarradas que fica cada um em um canto? – Berenice perguntou e abaixei a cabeça. — Eu sou órfã na verdade. – Quando me ouviu dizendo que era órfã ela imediatamente se desculpou comigo e pedi a ela que ficasse tranquila, pois eu não falo muito sobre isso. — Você nem chegou a conhecer a sua família? — Não, a história que ouvi no orfanato era que eu apareci na porta deles com um papelzinho escrito meu nome apenas. — Aí, An! Nem sei o que dizer de verdade. — Não se preocupe, apesar dos pesares, fui bem tratada no orfanato e fiz boas amizades e alguns amigos, em especial uma que considero minha irmã e moramos juntas inclusive. – Sorri ao me lembrar de Joy. — Fico feliz que foi bem tratada, porque ouço muitas histórias sobre orfanatos que dão vontade de chorar. – Concordei com Berenice. Deixei o assunto de lado e voltamos ao trabalho, na hora do almoço precisei levar alguns documentos até o RH e aproveitei para pegar a comida de Jhonathan, liguei para diversos restaurantes até encontrar um que servisse a bendita salada de feijão verde que ele queria comer. Voltei para a empresa, arrumei seu almoço e levei para a sua sala, depois de deixar tudo arrumado sentei na minha mesa e fiz algumas alterações na agenda como ele havia me pedido. Estava distraída quando ouço alguém batucar na mesa, levantei meus olhos e encontrei Camila Olivas e sua cara de superioridade me encarando. — Vai ficar me encarando, ou vai ligar para Jhonathan e dizer que eu estou aqui para vê-lo. — Boa tarde, senhorita! Vou avisar ao meu chefe, porém não sei se ele vai poder atendê-la. — Pare de falar e só liga. Fiz o que pediu e quando avisei que ela estava aqui para vê-lo ele soltou a respiração como quem não tivesse gostado da visita. Avisei a ela que ele irá recebê-la e a metida virou as costas para mim sem nem ao menos agradecer. Esse povo com dinheiro é foda, Jhonathan é outro grosseiro, mas é ele quem paga as minhas contas já essa tal de Camila. AFF! Sebosa do cacete. Quando Berenice voltou do almoço contei a ela que a sebosa estava na sala dele e ela revirou os olhos. — Vá almoçar querida, agora vai ser minha vez de aturar a dita cuja. Peguei meu celular e estava me preparando para sair quando a porta é aberta e Camila me chamou com cara de poucos amigos.