Alade*
— Eu o amo.
O som da sua própria voz ainda ecoava em seus ouvidos. Um sussurro gritado, tão poderoso quanto um rugido. A multidão caiu em um burburinho de espanto, vozes sussurradas se entrelaçando como farpas de condenação. Mas nada daquilo importava.
Só os olhos dele.
Aaron.
Mesmo com a corda no pescoço, o corpo ferido e a boca amordaçada, ele a fitava como se tivesse acabado de respirar depois de séculos submerso.
Seu pai foi o primeiro a se mover.
A fúria dele era como um trovão.
— Alade, o que significa isso?! — bradou Liam, sua voz carregada de incredulidade e ameaça.
Ela sentiu o medo se instalar na garganta. Mas não desviou o olhar.
— Foi o que você ouviu, pai.
E subiu no palanque. Degrau por degrau, como se cada passo fosse um desafio aos deuses. Os olhares se estreitavam. O ar parecia mais denso. Mas ela só via Aaron.
— Eu amo Aaron Bastard.
O nome dele cortou o silêncio como lâmina. Liam cerrou os punhos, mirando ora a filha, ora a multidão, prestes a explodir. Seu