O olhar fechado daquele garoto assustaria até mesmo as criaturas horrendas dos filmes de terror. Seus lábios se uniram um no outro antes que vomitasse e fechou a porta daquele banheiro correndo dali. Saiu no bar tirando as luvas e jogou tudo em cima do balcão assustando o irmão do outro lado.
— O que tá fazendo garoto? Volta ao trabalho.
— Jason, eu não vou limpar aquilo. Você tá maluco?
— O único maluco que eu vejo aqui é você. Quem acha que é pra falar alguma coisa? – Mason suspirou ainda mais revoltado vendo o outro sair de trás do balcão e parar diante de si — O papai te mandou pra minha casa porque agora virou um rebelde sem causa largou o futebol, sabe o que isso vai te custar? Uma faculdade.
— Ainda tem outras – Tentou falar.
— Eu não quero saber. – Gritou de volta — Você não vai morar na minha casa de graça, nem comer de graça. Vai trabalhar no meu bar até a faculdade e isso se você chegar a uma. E se chegar, vai precisar de dinheiro, não é? Limpe o chão, lave a louça e o banheiro. – O outro apenas virou a cara — Eu não sou o seu pai.
— Claro que não.
Antes que Jason voltasse a falar alguma coisa, escutou o sino rústico no lugar tocar, era cedo demais para clientes entrarem, mas não o suficiente para Liam atravessar as portas. Jason cruzou os braços indo para o lado do irmão.
— Você fez mais alguma coisa que não fiquei sabendo? Mason eu vou te matar. Quando aceitei que viesse para cá, me prometeu que não esconderia nada de mim. - Sussurrou para o outro cheio de marra e pronto para lhe socar o rosto.
— Só tem uma semana que fui expulso de casa, ainda não deu tempo de eu fazer uma besteira. – Sussurrou de volta vendo o outro se aproximar.
— Oi Liam. Que bom que veio me visitar. – Jason se colocou em frente ao irmão mais novo — Fazia alguns meses… Já tinha até esquecido como é a sua cara. O que quer comigo?
— Não vim por sua causa – Declarou e Jason muito a contragosto se afastou dando a Liam a visão do filho mais novo.
O olhou dos pés à cabeça, diferente dos tênis brancos e lavados que Mason costumava usar, agora em seus pés havia uma bota velha seguido de um avental sujo por cima de uma camiseta fina e um short qualquer.
— Oi, pai. Eu espero que tenha vindo me levar pra casa. A minha mãe sent- – sua frase ficou no ar quando a mão de Liam preencheu seu rosto numa tapa estalada lhe jogando para trás. Se apoiou no balcão voltando a olhar para o pai — Você tá maluco?
Liam ergueu sua mão livre mostrando uma carta, e Mason rapidamente reconheceu sendo de uma faculdade. No entanto, o mais velho a amassou antes de rasgar em quatro partes e jogar diante de Mason, que, prontamente se ajoelhou catando os pedaços.
— Desde que você saiu do futebol, nenhuma faculdade esportiva te quis, no entanto, achei que havia se inscrito para muitas outras. – Mason juntou as partes apenas para ler que não foi aceito — Para descobrir que você não fez nada e não entrou em lugar nenhum.
— Liam… – Jason o impediu que avançasse mais — Para com isso. Deixa o meu irmão em paz.
— Você o defende com tanto vigor. Que cuidem dele agora, porque não tem mais mesada, não tem escola paga, não tem mais nada. – Brigou com o outro e deu as costas aos filhos saindo da mesma forma que entrou.
Jason fechou os olhos devagar pensando um pouco mais em tudo que escutou antes de abri-los e virar para Mason ainda ajoelhado no chão. Problemas, Mason era um poço de problemas e agora está no seu quintal.
Agachou em sua frente tentando sorrir, mas isso não faria seu irmão feliz.
— Sinto muito pela faculdade.
— Eu saí do futebol porque escutei ele falar sobre não poder mais pagar as aulas e os cursos dessa droga. Achei que isso deixaria todo mundo mais feliz.
— Não posso dizer se fez certo ou não. Mas me diz: o que merda tem agora? – Mason o olhou — Faltam quantos meses pra você terminar o colegial? E a mensalidade dessa escola é quanto? Caralho Mason você veio cheio de dívidas pro meu lado?
— Vai me expulsar também? – Levantou rápido e Jason mais rápido ainda, no entanto, não conseguiria crescer para cima do seu irmão mais novo este tendo quase dois metros de altura.
— Não. Vou te mandar terminar o seu trabalho. Limpe o chão, o banheiro, a louça e ainda vai servir como garçom durante todas as noites para pagar o resto da sua escola, e talvez uma boa faculdade.
— Jason… – Lamuriou apertando ainda mais a carta em suas mãos e deu as costas.
— Oh moleque que só me dá trabalho. – Outra vez o sino soou naquele lugar — AINDA TÁ FECHADO. – Gritou irritado virando para encontrar Mariane com um largo sorriso e o peito estufado. — Céus, mais problemas?