Assistente de modelo

Capítulo 2

Ester Rossini

Ao chegar à casa do tal modelo, já fui direto abrir as cortinas; ele já deveria estar de pé e pronto para sua sessão de fotos para a capa da revista Foco. Após sua reclamação, eu me apresentei e ele me olhava de forma curiosa, talvez pelo fato de eu ainda estar usando uma máscara no rosto.

— Senhor, levante-se. Como já disse, tem agora quinze minutos para estar pronto ou irá se atrasar para sua sessão de fotos para a revista Foco. — disse, e o vi remover as cobertas e se erguer. Ele usava apenas uma cueca box branca, que combinava com seu corpo.

Desviei o olhar rapidamente, após ter dado uma boa olhada na visão que ele me oferecera. Mesmo envergonhada, não consegui tirar meus olhos dele de forma rápida.

— Gostou do que viu? — perguntou com a voz rouca, em meu ouvido. Quando foi que ele se aproximou? O encarei fria.

— Você até que tem um corpo bonito; caso contrário, não teria se tornado um modelo. Agora vá para o banho, irei selecionar suas roupas. — disse e cruzei por ele como se aquilo fosse algo normal.

Entrei em seu closet e peguei uma calça social, uma blusa branca e um paletó cinza. Escolhi o sapato que melhor combinava e me dirigi até o quarto, colocando as roupas organizadas sobre a cama e os sapatos à beira dela. Dez minutos depois, o modelo resolveu sair do banho e, para minha surpresa, usava apenas uma toalha na cintura.

— Já selecionei suas roupas. Por favor, se troque e venha tomar seu café. O senhor tem exatamente dois minutos para se vestir e descer, e mais três minutos para tomar o café da manhã. Se ultrapassar esse tempo, enfrentará problemas com os organizadores da revista. — disse e lhe dei as costas.

Cheguei até a cozinha, onde serviriam o café, e mandei colocarem só o essencial sobre a mesa. Dois minutos se passaram; o modelo se sentou e passou a desfrutar de um café da manhã balanceado.

— Seu nome é Ester Rossini, não é? — perguntou. Eu assenti.

— Sou Samuel Bernard. — disse, como se eu já não soubesse. Estava tudo na lista que recebi para os cuidados com ele.

— Você parece eficiente, mas por que essa máscara cobrindo parte do seu rosto? — perguntou, e eu suspirei.

— Senhor, estou aqui exclusivamente para cuidar de sua saúde, auxiliá-lo a manter sua agenda e ajudá-lo com as roupas. Nada que diga respeito a mim e ao que uso ou deixo de usar faz parte deste trabalho. Por isso, não irei responder sua pergunta. — disse e fiz uma pequena reverência.

— Você é desafiadora. Não tem medo que eu a mande embora? — perguntou, e eu sorri. Sabia que ele não iria ver, mas ainda assim eu estava sorrindo após muito tempo.

— Pode me mandar embora, se quiser. Mas quem sairá perdendo é o senhor. Nenhuma outra assistente será capaz de auxiliá-lo como eu. Na verdade, ninguém mais aceitou trabalhar com o senhor, então sugiro que apenas aceite e que possamos conviver sem nenhum problema. — respondi.

— Veremos se você será capaz de aguentar. Em menos de uma semana, você estará na minha cama, gemendo meu nome, e depois será demitida. Então eu terei que aturar outra assistente gostosa como você, que só quer obter dinheiro e prazer. — disse, sorrindo malicioso. Esse cara é um idiota completo.

— Veremos, senhor Bernard. — disse, desafiando-o. Adorava um desafio; eu definitivamente não iria parar na cama dele, até porque homens assim não me atraem. — Seu tempo acabou, vamos para o carro. — disse, fria, e ele se levantou, me seguindo.

Adentramos a minivan que todos os artistas estavam usando, por ser mais escura que o normal, e logo estávamos a caminho do local da sessão de fotos.

— O que mais tem em minha agenda hoje? — perguntou, e eu peguei meu tablet, passando a verificar.

— Após a sessão de fotos, o senhor tem um almoço com o investidor do próximo evento em que participará. Às três da tarde, deverá comparecer a um evento de caridade e o resto do dia estará livre. — respondi.

— E amanhã? — questionou novamente.

— Amanhã terá uma entrevista com a Que Chique e, à tarde, passará em um spa para receber tratamento relaxante e depois fazer algumas fotos para divulgação. À noite, haverá um desfile do qual deverá participar. — respondi.

— Ótimo. E que tal esta noite nós dois sairmos para nos conhecermos melhor? — perguntou, galanteador.

— Não, obrigada. Não estou interessada em um cara como você, nem em começar um relacionamento agora. — respondi.

Ele permaneceu em silêncio até o local da sessão de fotos. Durante o trabalho, eu pude ver que, pelo menos, ele era profissional.

Samuel Bernard

Aquela garota era misteriosa demais e fria demais. Ela se recusava a todas as minhas indiretas — e até mesmo às diretas. Ela não me respondeu nenhuma pergunta que fiz a respeito dela, o que era muito estranho. As outras assistentes me respondiam tudo, até mesmo se eu perguntava se já haviam transado e com quantos caras, mas essa não. Ela não se preocupava em me agradar, só fazia o trabalho profissionalmente.

— Senhor Bernard, por favor, faça outra pose. — pediu o fotógrafo. Atendi, mudando de pose e fazendo tudo o que me era orientado.

Olhei na direção de minha assistente e vi seus olhos brilharem; parecia que ela desejava estar em meu lugar. Não entendo como uma mulher de corpo tão belo foi capaz de se tornar assistente em vez de modelo.

— Muito bom, senhor Bernard. Vamos ter um descanso enquanto troco a lente e arrumamos a iluminação. — disse o fotógrafo. Eu assenti, relaxando, e chamei a assistente, que se aproximou lentamente. Seus olhos voltaram a ser frios, assim como seu jeito.

— O que deseja, senhor Bernard? — perguntou, e eu suspirei.

— Não pode mesmo tirar essa máscara? — perguntei, e ela negou. Levei minha mão ao seu rosto, mas ela me impediu de tocá-la.

— Por favor, senhor Bernard, não seja ousado. Sou sua assistente, não sua namorada. — disse, fria. Suspirei.

— Me traga um café. — ela assentiu e me deu as costas, indo comprar o café.

Eu ainda iria descobrir por que ela ocultava o rosto e por que era tão fria. Será que era só comigo? Porque, há pouco, eu vi seus olhos brilharem, alegres e calorosos, e, após as fotos, ela voltou a ser fria como gelo.

— Aqui está seu café, senhor. — disse, estendendo o copo.

— Obrigado. — respondi. Tomei um pouco do café e logo fui avisado que voltaríamos a fotografar. Entreguei o copo a ela e voltei ao trabalho.

Mesmo assim, meus olhos, a todo momento, se focavam nela. Eu queria descobrir seus segredos. Eu queria desvendar todos os segredos dessa garota misteriosa.

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