Eduardo Lira
Assim que entro no quarto em que meu irmão está, percebo que ele sofreu muito mais que um simples coração partido. Essa devastação vai transformar o homem bom e generoso que conheço.
Caminho entre as garrafas vazias de uísque e entro no quarto. O chuveiro ainda estava ligado; vou até lá e desligo, imaginando que ela saiu tão assustada que nem percebeu. Meu irmão está pelado na cama, alto, musculoso, com aquela tatuagem que tenho certeza de que ele amargurará por muito tempo.
Jogo um lençol sobre seu corpo, porque não mereço vê-lo assim.
— Gustavo, acorda, irmão? — Mexo em seu braço, mas ele não se mexe. De bruços, abraçado ao travesseiro, nem reage quando insisto.
Recolho todas as garrafas espalhadas pelo chão e as coloco no bar com os copos. Filho de uma mãe… ainda pegou uma suíte com piscina privativa.
Ela deixou um bilhete de cortar o coração também. Não tiro a razão dela: o mundo onde Bruno vive é insano. Precisei proteger minha esposa e minha filha para continuar com