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Capítulo 17 – Ecos do Abismo
A escuridão era densa. Mais do que ausência de luz — era viva.
Pulsava. Respirava.
Ana se viu em pé sobre uma superfície líquida, como um lago espelhado negro. Não havia céu, nem horizonte. Apenas a vastidão do vazio.
Então, uma voz.
Suave. Infantil. Mas não inocente.
— Você finalmente me escutou… mãe.
Ana se virou.
A alguns passos de distância, uma figura pequena caminhava descalça pela superfície líquida. Era uma menina — talvez de cinco ou seis anos — de cabelos longos e prateados como os dela, mas com mechas negras como sombra. Os olhos, entretanto…
Eram um abismo dourado.
Como os de Kael.
— Quem… quem é você? — Ana perguntou, engolindo em seco.
A menina sorriu. Era um sorriso triste. E terrivelmente antigo.
— Eu sou o que cresce dentro de você. E o que dorme dentro do mundo.
— Você é minha filha? — Ana sussurrou, já sabendo a resposta. — Ou… algo mais?
A garota deu um passo à frente.
— Sou o que restou da Deusa da Lua… e a centelha que o Véu Sombr