Eliza Villar é uma jovem sonhadora: linda, doce e inocente; de repente ver sua vida virar de cabeça para baixo, ao se ver completamente envolvida por Giulio Vallone: um magnata italiano, arrogante e sedutor que a ver apenas como uma aventureira e uma oportunista da pior espécie. Munindo-se de todas as suas forças, ela tenta desesperadamente fugir dos encantos e das investidas, dele: uma tarefa nada fácil para uma jovem inexperiente e apaixonada, que carrega em suas costas marcas profunda de uma grande desilusão. Giulio Vallone, seguro de si e indiferente aos sentimentos de Eliza, lhe faz uma proposta indecorosa: toda mulher tem um preço. Qual é o seu? Dividida entre seu amor por Giulio e seu medo de amar; ela terá a difícil decisão de escolher em se entregar a essa paixão avassaladora ou deixá-lo para sempre. Qual será a escolha de Eliza?
Ler mais“Finalmente, Pallot Arts Gallery!” Eliza exclamou eufórica para si mesma, a medida que seus olhos maravilhados contemplavam o requinte daquele edifício, sem ainda acreditar na sorte que tivera de conseguir estágio naquele lugar.
A arte desde sempre fora uma paixão para Eliza e foi na adolescência que ela começou a fazer seus primeiros esboços, pois era através do desenho que ela expressava todas as suas emoções. Sonhos, frustrações e decepções ganhavam cores e tornavam-se pinturas em suas telas, na qual representava a imagem de um mundo perfeito e idealizado. Eliza não era apenas uma jovem pessimista, mas também uma garota sonhadora, que a certa altura de sua vida refugiou-se entre tintas e pincéis para fugir dos seus problemas e esquecer quem era e, como consequência disso, aos vinte e dois anos ela ainda procurava um significado real para sua existência um tanto vazia.
Deixando de lado suas turbulências interiores, ela olhou mais uma vez fascinada para a galeria, que em sua visão sonhadora parecia uma verdadeira obra de arte que contemplaria perfeitamente as esculturas de Donatello.
Como o momento presente exigia dela foco e determinação, ela deixou momentaneamente seu encantamento de lado e entrou confiante na galeria e dirigiu-se a seguir a recepcionista.
— Buongiorno, signorina. — Eliza a cumprimentou educadamente.
A secretária de Giulietta retribuiu a saudação polidamente, deixando evidenciar claramente que estava entediada. Mas, como o ofício lhe exigia polidez, ela perguntou-lhe mais amável.
— Em que posso ajudá-la?
— Me chamo Eliza Villar. Tenho uma entrevista com signora Pallot...
— A estagiária.
A secretária a interrompeu abruptamente e assumindo sua postura inicial, pediu indiferente. — Sente-se e espere. A signora Pallot está em reunião.Diante daquela nada convencional recepção, Eliza agradeceu a acolhida por mera educação, enquanto por dentro uma vozinha interior esbravejava afrontada: 'que mulher rude! Espero que o restante dos empregados não seja um reflexo dessa secretária mal-educada.'
Mas, como ela não estava ali para criar caso, ela sentou-se obediente em uma confortável poltrona e esperou pacientemente por horas; aproveitando vez ou outra àquela excessiva demora para olhar discretamente para o ambiente ao seu redor, que, aliás, exalava riqueza e elegância por todos os lados, indicando-lhe que aquele era o verdadeiro mundo dos bem-nascidos. O mundo ao qual ela não pertencia.
Olhar ao seu redor e não se perceber parte daquele lugar, deu-lhe certa nostalgia e a fez mergulhar dentro de si mesma.
Eliza Villar era filha única, fato que a fazia se sentir solitária, e às vezes ela chegava a cogitar em como seria bom ter irmãos — alguém com quem pudesse conversar, dividir problemas ou até mesmo brigar vez ou outra.
Pensar na possibilidade de como teria sido sua vida se tivesse irmãos a fez suspirar desanimada, pois aquela era uma possibilidade remota. Algo irreal e fora de cogitação, de maneira que ela teria que se contentar em ser filha única, pois, apesar de Fernanda Villar — mãe de Eliza — ter ficado viúva muito cedo, ela não se casou mais, e desde então, se dedicava exclusivamente a sua filha e isso, de certa forma a incomodava, pois mesmo sem querer, sua mãe acabava sufocando-a.
Não ter tido uma infância feliz e abastada sempre pesou negativamente na vida dela e a fazia sentir-se inferior — talvez pelo fato de desde pequena ter que aprender a conviver com o mínimo —, já que o que sua mãe ganhava não era o suficiente para suprir algumas de suas necessidades básicas, de maneira que a educação seria sua porta de entrada para um futuro melhor.
— Signorina Villar. Siga-me por favor.
A voz longínqua da secretaria a trouxe de volta a realidade e segundos depois Eliza foi conduzida para uma sala ampla e requintada. Os móveis eram revestidos de couro legítimo; telas colecionáveis de artistas renomados e objetos de arte de grande estética adornavam o local; tudo perfeitamente distribuído em uma enorme sala.
Detalhes como aquele deixavam o ambiente sofisticado e aconchegante e ouriçou novamente o deslumbramento dela, o que de certo modo não a fez perceber de imediato uma mulher ruiva e elegantemente vestida sentada em um canto a parte do escritório, aparentando ter cerca de quarenta anos — bonita e sofisticada — de estatura alta, cabelos medianos, olhos expressivamente verdes com algumas pequenas sardas emoldurando seu rosto pálido. Sem dúvida aquela elegante mulher tratava-se de Giulietta Pallot, sua futura chefe.
— Sente-se, signorina Villar. — Giulietta pediu-lhe, indicando-lhe a cadeira à sua frente, demonstrando está ligeiramente curiosa em relação a ela. — Fiquei muito impressionada com o seu currículo, mas confesso que não esperava encontrar uma garota tão jovem.
Frente àquela observação o ar pareceu falar-lhe e ela a encarou frustrada. Era verdade que ela era muito jovem, mas Eliza não via nenhum obstáculo em sua idade que diminuísse suas qualificações e atribuições. Ela tinha plena consciência de seu potencial como conhecedora de arte e estava mais do que capacitada para estagiar lá, a menos, é claro, que fosse norma da galeria não contratar jovens.
Como se àquela fosse uma verdade absoluta, ela perguntou-lhe desanimada. — A Signora não admite pessoas jovens?
— Perdoe-me querida. Não foi isso que eu quis insinuar. — Giulietta a corrigiu amigavelmente aliviando assim a fina camada de tensão no rosto de Eliza. — Pelo contrário; será bom ter um rosto jovem desfilando pela galeria. Infelizmente, já não me encaixo mais nos moldes dos meus vinte anos.
Ouvir aquilo deu-lhe um novo ânimo e ela sorriu aliviada, pois tinha batalhado muito para conseguir aquele estágio e não seria justo perdê-lo por conta de sua pouca idade.
Como observou Giulietta, Eliza era uma brasileira muito atraente e era dona de uma beleza exótica: tinha cabelos castanhos médio com nuances de vermelho, olhos cor de mel, pele clara e levemente bronzeada e pernas definidas. De longe, um bom físico.
— Posso chamá-la de Eliza?
— Sim, signora Pallot. — Ela respondeu feliz por ter sido aceita no estágio.
Como se a urgência de a situar quanto a admissão dela se fizesse necessária, sua contratante evidenciou.
— Minha querida, você foi altamente recomendado pelo Professor Salvattori e será a primeira estrangeira a ser contratada por esta empresa, por tanto espero que você não me decepcione.
— Agradeço-lhe pela oportunidade e pode ter certeza de que não a decepcionarei.
— Sinceramente, espero que não. — Reforçou com a nítida sensação de que iria arrepender-se mais cedo do que imaginava.
Depois de acertados todos os detalhes de sua contratação, Giulietta ligou para a recepção e em questão de minutos a secretária se encontrava em seu escritório. Após receber as instruções necessárias, Eliza foi encaminhada para o salão de exposições que era a parte mais aguardada por ela, dada a diversidade de obras de artes distribuídas no hall do imenso salão.
Quando a secretária a deixou ela arregaçou as mangas e se entregou à tarefa que deveria desempenhar — embora fosse etiquetar telas, esse trabalho era digno e a deixava orgulhosa, e aquela atividade prazerosa a manteve ocupada a manhã toda e, quando ela percebeu, já se passava das treze.
A barriga roncando era um convite sútil para o almoço e depois de ela guardar o resto do material que estava manuseando, pegou sua bolsa e se dirigiu a um pequeno restaurante nas proximidades da galeria. O almoço foi simples e não durou mais de meia hora, e assim que o terminou retornou imediatamente para o seu estágio. Ao aproximar-se da galeria viu que tinha uma Mercedes prateada estacionada em frente à porta principal da mesma, e pela opulência do veículo ela julgou tratar-se de um cliente muito rico.
Dar resposta que satisfizesse as expectativas de Eliza; implicava abrir o coração para ela, e despejar de lá, tudo aquilo que o manteve acorrentado nos últimos quatro anos — o medo de amar. Dos muitos medos de Giulio, o que mais o assombrava era apaixonar-se novamente. Era sentir-se refém de um amor que com a mesma intensidade que o levava ao céu, o lançava ao abismo mais tenebroso e assustador de todos.Com Mary, ele alcançou o céu, ao viver uma linda história de amor; sem ela; experimentou o inferno, ao ser privado daquela que seria sua esposa e companheira para o resto da vida: dela restou-lhe apenas as lembranças mais lindas e as mais dolorosas. Sua primeira amada havia partido para sempre, mas seu outro amor estava diante de si e era real. Agora, portanto, era a hora de sucumbir a mulher que devolveu-lhe a vida e acendeu nele, a chama da esperança. Eliza era seu tudo em meio ao caos. Certo de que, com Eliza era tudo ou nada, ele puxou-lhe o rosto suavemente e colou os seus láb
Depois da conversa dela com o professor Salvatore, Eliza retornou para casa mais aliviada. Saber que ele deu crédito as suas palavras foi reconfortante, pois tirou-lhe um peso enorme das costas. Nunca passou pela cabeça dela, que entre as palavras de Giulietta e as suas, ele fosse acreditar na sua. George era realmente um homem justo. A conversa com o professor Salvatore não se estendeu apenas em sua saída da galeria. Para assombro de Eliza, ela descobriu que Giulio era sócio de Margareth, e, que, se não fosse pela oposição dele; ela teria estagiado com a senhora Antonelli e não com Giulietta. Mas as descobertas não pararam por aí! Ela soube também, que as suas obras continuavam enfeitando os estandes e as vitrines da Gallery Belle arti; o que significava, que, de fato, fora Giulio o comprador misterioso de suas telas. No entanto, essas duas revelações pareciam insignificantes, frente à devastadora descoberta de que Giulio estava no Brasil é que era o proprietário do hotel, ao qual e
Encarar a dura realidade do término de um sonho era desafiador, no entanto ela precisava prosseguir, tocar a vida adiante e fazer de seus dias, os melhores possíveis.Descobrir que Giulio sempre a veria como a sombra de outra, foi demais para ela e, tudo o que ela queria era equilibrar o seu emocional; esquecer os planos maléficos dele e restaurar o que ainda lhe restou de amor-próprio. Agora, ela precisava focar em seus objetivos no Brasil e tentar reerguer-se mais uma vez.Foi com essa convicção que ela marcou sua passagem de volta para o final daquela semana, o que lhe daria tempo de resolver todos os detalhes referentes a sua partida e a venda do restante de suas obras.Dar adeus a Itália e a sua amiga não estava sendo nada fácil e na hora de partir, nem ela e nem Mirella conseguiram conter as lágrimas. Eliza embarcou pela metade, pois parte dela ficou na Itália, mais especificamente com Giulio. O amor dele seria sua prisão e ele, o carcereiro impiedoso que a mantinha presa e acor
O dia amanheceu cinzento e sem brilho para Eliza; como se sua vida tivesse sido lançada em um profundo e sombrio buraco negro, e, apesar, de não ter a mínima ideia de como sair daquela enrascada que se metera, aquele dia foi decisivo para ela. Esse dia ficaria marcado na memória dela, pois foi o dia em que ela descobriu a verdadeira face de Giulio Vallone. Depois de muito bater cabeça sobre as atitudes de Giulio, ela tinha quase certeza de que ele era o tal cliente que estava interessado nos quadros dela e isso era muito humilhante, já que não poderia recusar o dinheiro — precisava dele para comprar a passagem de volta ao Brasil. Por outro lado, essa hipótese não parecia fazer muito sentindo, uma vez que ele queria que ela gerasse o filho que seria dele e Mary. Então, por qual motivo Giulio teria interesse nos quadros dela? Ele era desonesto quando o assunto girava em torno de emoções, mas muito sincero quando tratava-se de dinheiro. Ficou claro para ela que não poderia ser ele. Le
A frieza de Giulio frente à mulher que dizia amar era irracional e nesse momento Eliza chegou a duvidar dos sentimentos dele pela “sua eterna noiva”. Naquele ínfimo pormenor ficou claro para ela, que ele não amava ninguém a não ser a si mesmo. Giulio Vallone se achava autossuficiente e agia piamente, como se estivesse acima do bem e do mau. No final, o inescrupuloso e o promíscuo era ele: Giulio não valia nada!Descobrir esse lado maléfico dele a deixou desnorteada e a única coisa que ela queria era poder sair correndo dali; esquecer que um dia teve a infelicidade de cruzar seu caminho com o dele e, principalmente, deletá-lo de uma vez por todas de seus pensamentos.Mas as coisas não eram tão simples como ela queria acreditar. Estava à mercê dele para sair dali e simplesmente não tinha nenhum manual de como deletar uma pessoa definitivamente da vida da outra e, no caso de Giulio, sempre se corria o risco de ele ficar entulhado na lixeira dos pensamentos, dela, para sempre.Sem palavra
Eliza estava terrivelmente abatida depois da conversa com Mirella. Mesmo sabendo que sua amiga estava coberta de razão, a verdade sempre doía; não que ela estivesse magoada com Mirella, muito pelo contrário; sua amiga apenas disse aquilo que ela se recusava a ouvir — Giulio nunca a levaria a sério.Enquanto o carro que a levava até Giulio percorria os bairros nobres de Florença, a tensão dela ia aumentando. Não saber para onde estava indo era um tanto assustador e ela pensou mais de uma vez em pedir para o motorista a levar de volta para casa, mas ela sabia que isso seria inútil: o chofer dele jamais iria desobedecer as ordens de seu patrão.Após rodar um pouco mais, o veículo parou em frente a uma magnífica mansão. Depois que os portões foram abertos e o carro adentrou o local, ela deu-se conta de que estava no território do inimigo. Aquele monumento de riqueza da arquitetura italiana era nada mais, nada menos do que a fortaleza do poderoso Giulio Vallone.Descobrir isso causou-lhe c
Último capítulo