O Presente Perfeito do Natal
O Presente Perfeito do Natal
Por: Ana Elói
Capítulo 1

Dean Sutton

A correria que está em minha vida não está escrita. Estou para fazer um dos maiores projetos da minha vida, não, é qualquer coisa. Meu rosto está nos quatro cantos do mundo e até um documentário está sendo produzido. A responsabilidade está sendo grande em ter que revitalizar as estruturas antigas e não esquecer de preservar a herança arquitetônica de um prédio do interior de Manhattan. Não posso fugir dos padrões, mas querem que eu entregue tudo fora dos padrões.

Gente louca, eu sei!

Sou o melhor arquiteto da empresa, sendo conhecido por meu talento e inovação no design de espaços urbanos e o meu nome alavancará novos projetos para esse lugar. Que sorte que sou um dos acionistas e estarei lucrando de todas as formas. Ou se alguém bater na porta e não tenho dúvidas que é o Scott, meu melhor amigo e que trabalha na área financeira daqui. Não nos estressamos um com o outro frequentemente, conseguimos sempre entrar em um acordo quando o assunto é orçar algum projeto. Scott não espera uma resposta minha e entra na minha sala. Sem educação!

— Cara, você está atrasado! — Estica as mãos olhando ao redor. — O que continua fazendo aqui?

Termino de arrumar os papéis, colocando em minha pasta. O trânsito de Nova York está horrível, terei que pedir um táxi porque a chance de conseguir um lugar para estacionar meu carro é mínima. Scott é um homem de boa aparência, um porte físico invejável, os olhos claros e a pele morena chama atenção de muitas mulheres e é o que ele gosta. Temos apartamentos no mesmo prédio, saímos para correr frequentemente e acabamos convivendo mais do que queremos.

— Estou quase pronto. — arrumei gravata em meu pescoço. — Esqueci alguns desenhos e precisei vir buscar. E aí, como estou?

Dou uma volta, mostrando todo o conjunto completo. Sou um homem alto, com os cabelos loiros que tem uma cor incrível refletindo ao sol, os olhos são azuis intensos mostrando toda minha determinação e gentileza. Um sorriso que encanta muito e que dá raiva também, sempre gosto da primeira opção. Estou vestindo um terno preto e a formalidade hoje é grande porque darei uma entrevista.

— Está atrasado! — Repete e vem até mim arrumar meu cabelo. — Sabe quem será a fotógrafa, não é? — sorriso malicioso sujo em seus lábios quando se afasta.

Lá vem! Scott estava dias falando sobre a fotógrafa freelance que contratamos, não tinha ideia de quem estava falando até dois dias atrás. Scott estava todo cheio de sorrisos e lábia ao falar da mulher, até ver a foto dela. Fiquei surpreso ao reconhecer a Isabella Hayes, a nossa família são amigas de longas datas, mas com os anos foi preciso nos afastar e não montamos contato. Pelo menos não eu e ela, nossos pais ainda continuam morando em uma cidade do interior daqui de Nova York. 

— Isabella Hayes, sim, sei quem é. — Peguei a minha pasta e sai da sala sendo seguido por Scott.

— Só isso? Sério? — Scott caminha ao meu lado e ergue uma sobrancelha. — Não vai comentar o quanto ela é…

Parei e olhei para ele.

— Olha, o respeito. — Scott me olha desconfiado, suspirei e passei a mão pela testa. — Cresci com ela, fazia um tempo que não havia. É um pouco desconfortável você falar dela como costuma falar das outras mulheres.

— Ciúmes?

— Óbvio que não! — Suspiro, irritado e segui para o elevador. — É que não me sinto confortável ficar falando dela desse jeito. Sei que nós dois tem de dizer o que se pensa sem receio e sempre comentamos sobre as mulheres. Mas com ela não, ok?

Chamo o elevador. Scott ergue suas mãos no ar se rendendo.

— Tudo bem, não falo que a Isabella Hayes é uma gostosa e que você está doido para fazer o que não fez anos atrás. — Olhei para ele abismado. Scott dar de ombros. — Não estou mentindo. Vocês vão conviver bastante tempo para fazer essa chama sem ter novamente.

Entrei no elevador e dou o dedo no meio para o Scott. Esse cara consegue ser bem cuzão e idiota quando quer. Scott dá um tchauzinho e me deseja boa sorte. Continuei, mostrando o dedo do meio até as portas se fecharam.

— Cuzão. — Sussurrei, pegando meu celular no bolso.

Droga! Estou atrasado!

Pegando o táxi só me adiantou na parte do tempo procurar um lugar para estacionar o carro, porque o trânsito continuava horrível e me atrasava mais ainda. Me apresso em entrar no prédio que iria restaurar, havia uma coletiva de imprensa à minha espera. Um raio de flash de alguma câmera me acertou e levei a mão ao rosto.

— Ei! — Eles não poderiam esperar até a hora do discurso?

— Está atrasado, Dean. — A voz meiga e suave chama a minha atenção.

Olhei para ela suavizando meu rosto. Isabella sorri mais quando o caminho até ela.

— Ei, pequena. — Nos abraçamos, o cheiro de flores de jasmim preenche minhas narinas. — Esqueceu de descer foi?

Ela ri e se afasta, dando um tapa de leve em meu braço. Isabella está usando uma calça jeans de cós alto e justa em seu corpo e desenhava bem as curvas, uma blusa branca por dentro da calça com um casaco fino preto por cima. Seu tênis são brancos o que combina perfeitamente com seu look, seu cabelo em um tom castanho está preso em um rabo de cavalo e veja as ondas naturais balançarem com o vento. Essa mulher continua linda, os anos apenas melhorou.

— Para, ok? Cresci sim! — Finge estar brava. — Não tenho culpa se você deve estar tomando bomba para ficar grande desse jeito.

Fiquei sério, não gostei do seu comentário e Isabella ri, aproveitando para tirar outra foto minha.

— Depois dou um jeito em você, mocinha. — Beijo sua testa e caminhamos para onde está a pequena coletiva.

Isabela se despede me desejando boa sorte, pisquei para ela e subi no palanque improvisado. Não era bem essa proposta que a empresa queria passar, mas gosto do simples e esse lugar irá mudar totalmente. É bom ter fotos do antes e depois. Agradecer pela presença de cada um ali e comecei a falar sobre o meu projeto.

— Cuidarei para manter toda arquitetura já presente aqui, preservando toda a herança arquitetônica da cidade enquanto vou adicionar elementos mais modernos. — Sorri, olhando para eles. — O projeto estará integrando soluções modernas que ajudará o meio ambiente, além de incluir a criação de espaços comunitários multifuncionais como praças e áreas de lazer para fortalecer os laços sociais e trazer mais visão para essa cidade.

Continuei mais alguns minutos falando e agradecendo novamente a presença de cada um e da minha equipe, não esquecendo de mencionar Isabella que iria documentar todo esse projeto e não apenas com sua habilidade técnica como fotógrafa. Isabella tem se empenhado bastante durante anos nessa área com uma capacidade de capturar beleza e a importância cultural de todo esse processo. O seu currículo é de dar inveja a muitos. Com certeza estou orgulhoso da mulher que se tornou.

Depois de responder algumas perguntas, finalmente estou livre, é legal posar para algumas fotos e não reclamo. Às vezes as perguntas são desnecessárias demais e é o que me irrita, como gastar um precioso tempo que não temos para desperdiçar. A obra é grande e tenho muito trabalho para fazer. Convidei a Isabela para ir em uma cafeteria próxima.

— Quando fiquei sabendo que iria documentar o projeto do grande arquiteto Dean Sutton, eu não acreditei. — Isabella coloca a mão em seu peito de um jeito dramático, havíamos acabado de fazer nossos pedidos. — Quase caí para trás! E tem um avião na mesma hora voltando para Nova York.

Reviro os olhos.

— Ah, para de imitar Tiffany. — Rimos.

Tiffany é uma amiga da infância apaixonada por mim e ser dramática era com ela mesma. Isabella ri e me olha com carinho.

— Estou feliz em te ver. — Coloca a mão por cima da mesa.

— Digo o mesmo. — Segurei a sua mão, passando o polegar pelo dorso da sua mão em forma de carinho. — Quanto tempo se passou?

— Uns dez anos? — Estreita os olhos. — Ou doze?

— Nossa, é muito tempo!

— Sim. — Choraminga. — Estou com os meus 28 anos e a única coisa que pensei durante esses anos é no meu trabalho, resultando em todo final de ano sendo questionada sobre os namoradinhos, quando vou casar e quando terei filhos.

Faço uma careta.

— Tenho 32 anos e sofro o mesmo. — Nossos pedidos chegaram. — Minha mãe me ligou uma vez por mês para perguntar se estou namorando.

— Mentira!

— É sério! E nessas épocas festivas é quanto mais sofro. — Foi minha vez de choramingar. — Sou um homem de 32 anos e me sinto acuado pela minha família parecendo uma criança de 10 anos.

Isabela ri ao colocar um pedaço de bolo na boca e desliza o garfo entre seus lábios, mordendo a pontinha do garfo ao conter a risada.

— Coitadinho de nós, sofremos mais com a nossa família.

Dou gole generoso em meu café concordando com ela, minha mãe já conseguiu me arranjar belas dores de cabeça tentando arranjar uma namorada para mim. Não é que não quero um relacionamento, mas o trabalho tem tomado muito do meu tempo. E fui deixando as coisas levarem, hoje em dia estou muito bem estabelecido, não poderia ter uma família tranquilamente. O que acaba sendo uma coisa boa.

Isabela suspira e acaba chamando a minha atenção.

— Posso ser sincera?

Balancei a cabeça, concordando.

— Sim, claro.

Ela brinca com o garfo mexendo em seu bolo, antes de me olhar.

— Não estou nem um pouco empolgada de passar o Natal com a minha família. — Dá um sorriso triste. — Essa situação está bem chata.

Isabelle quanto estava chateada, sua família pode ser bem persistente com esse assunto e acaba nos irritando. Para eles pode não ser nada de mais, mas todo ano é o mesmo. Temos que mudar isso, pode ser que um dia casaremos e não temos porque apressar essa etapa.

Um sorriso vai surgindo lentamente nos meus lábios e coloquei o café em cima da mesa sem tirar os olhos da Isabella.

— Ih, você está com cara estranha.

Meu sorriso aumenta.

— Pode ser que eu tenha a solução dos nossos problemas. — Coloquei a minha mão em cima da mesa e mexer os meus dedos pedindo a sua mão, Isabella coloca sua mão em cima da minha. — Bella. — A chamo pelo apelido e recebo seu sorriso em resposta. — E se a gente namorasse de mentirinha?

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