ARTHUR NARRANDO
O sol já estava baixo no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados quando eu me aproximei da casa. Sujo de lama, suor e poeira, passei a mão pelo rosto, tentando tirar um pouco da sujeira antes de entrar. Assim que empurrei a porta da frente, me deparei com Luz e Maria, que já iam saindo. O encontro foi imediato, travando a passagem por um segundo
Maria parou e me olhou. Mas não foi um olhar qualquer. Ela me analisava, os olhos escuros demorando nos detalhes, na minha aparência, no estado em que eu estava. Aquilo me deu um desconforto estranho, um incômodo subindo pelo meu peito. Não era só pelo jeito que ela me olhava, mas porque Luz percebeu. O olhar dela foi de Maria para mim rápido demais, e eu vi a expressão dela mudar. Não precisava ser gênio pra saber que ela tinha notado algo. O problema é que eu e Maria tínhamos passado a noite juntos, e agora aquilo parecia pesar no ar, mesmo sem palavras
Luz ajeitou o cabelo, como se tivesse visto algo que não devia