171. CONTINUAÇÃO
As crianças me olham curiosas a princípio, como se estivessem tentando processar o significado das palavras de sua mãe. Não espero muito. Eu me afundo junto a elas na cama, envolto em uma mistura de culpa e nervosismo que faz minha voz tremer um pouco quando falo com elas.
Me aproximo e faço o mesmo com lágrimas nos olhos. As crianças estão entubadas, mas seus olhos brilham ao me ver.
—Olá, pequenos —digo, enquanto minha mão acaricia o cabelo bagunçado do meu filho—. Sinto muito por ter demorado tanto para chegar.
A menina, Brayan, me observa atentamente com aquela seriedade que só os menores conseguem ter. Depois de alguns segundos, parece decidir que sou quem sua mãe diz, porque um tímido sorriso surge em seu rosto antes de estender os braços para mim.
—Você não vai embora mais, de verdade? —pergunta com um tom tão frágil que meu coração se parte em dois ao ouvi-lo.
—Não, minha menina. Nunca mais —respondo, abraçando-a como se pudesse deixar para trás todos os momentos