33. Sofia Observadora
O segundo dia de Vanessa na mansão começou como todos os outros: silencioso, organizado, aparentemente inofensivo. Sofia percebeu isso logo cedo, quando atravessava o corredor levando uma bandeja de café para Clarissa. A casa tinha aquele cheiro familiar de limpeza recente, e os passos ecoavam suaves sobre o piso polido. Nada havia mudado — e, ainda assim, tudo parecia diferente.
Vanessa surgiu no topo da escada, vestida com a mesma sobriedade do dia anterior. Nada chamativo. Nada fora do lugar. O cabelo preso de maneira simples, os óculos apoiados com precisão no nariz, uma pasta fina sob o braço. Ela descia com calma, como se já conhecesse o caminho, como se já pertencesse àquele espaço.
Sofia diminuiu o passo sem perceber.
Não havia motivo para atenção especial. Ainda assim, algo dentro dela se contraiu.
Vanessa cumprimentou Clarissa com um sorriso educado, quase ensaiado. A conversa foi breve, prática. Palavras medidas. Sofia observava à distância, fingindo ajustar a bandeja, mas