NARRAÇÃO DE BRADY DAWSON

A aparição do meu pai na porta me pegou de surpresa. Senti o coração acelerar — não pelo susto, mas pelo momento em que ele quase nos flagrara.

— Pai… o que faz aqui? — perguntei, tentando soar natural.

Ele apenas me observou, com aquele olhar que sempre parece enxergar além das palavras. Respirei fundo, forçando um sorriso.

— O tempo lá fora está terrível… — comecei, improvisando — os papéis voaram da mesa quando uma ventania entrou pela janela.

Seu olhar deslizou lentamente até as janelas… todas fechadas. Bastou esse detalhe para que uma ponta de desconfiança surgisse em seu semblante. Pigarreei, como se isso me ajudasse a sustentar a mentira.

— Eu… acabei de fechar a janela — acrescentei, sabendo que não soava convincente.

Ele não respondeu. Apenas caminhou pelo escritório com as mãos nos bolsos, examinando os livros, os quadros, como se estivesse ali apenas apreciando o ambiente… mas eu conhecia o suficiente para saber que cada passo dele estava medindo mi