Capítulo 6 
Na manhã seguinte, James recebeu um telefonema de Thea.

― Ei, querido! Consegui conversar com minha colega e ela conseguiu nos ajudar, marcando um encontro com o diretor, Alex Yates. Onde está você? Vamos agora ao escritório do Grupo Celestial e garantir o contrato! Dessa forma, meu avô irá aceitá-lo! ― A voz animada de Thea soou.

― Me espere em casa. Vou buscá-la, em meia hora.

Depois de desligar, James saiu da cama e, em menos de quinze minutos, tinha se banhado, barbeado e estava pronto para sair.

― Para onde vamos, James? ―

Henry esperava, com o carro ligado.

― Para a casa de Thea. ―

― Entre. ―

Como iria se encontrar com uma pessoa importante como Alex Yates, Thea tinha feito um esforço extra para se arrumar. Usando um vestido elegante e o cabelo preto solto, sobre os ombros, era uma visão de tirar o fôlego.

Tendo visto o veículo blindado se aproximando, Thea correu até o carro com uma expressão alegre no rosto, dizendo:

― Querido, minha colega conseguiu tudo que precisávamos e marcou o encontro, então tudo o que temos a fazer é comparecer ao escritório do Grupo Celestial. ―

James sorriu sabendo que o sucesso da negociação não tinha nada a ver com a colega de Thea. Afinal, se ele não tivesse falado com Alex Yates, nenhuma reunião teria sido marcada.

No entanto, vendo que Thea estava feliz, ele decidiu não estragar tudo. Em vez disso, a elogiou:

― Eu sabia que você conseguiria. Você fez muito bem, querida. Tudo depende disso, agora. Se não conseguirmos o contrato, terei que ir embora. ―

Thea de um sorriso largo e confiante:

― Não se preocupe. Não vou deixar isso acontecer. ―

Apesar de ainda estar confusa sobre o passado de James, ela já tinha estado em sua casa antes e sabia que a Casa da Realeza era a mansão mais elegante de Cansington e ocupava a área mais nobre da cidade. Nenhum pé rapado ou aproveitador conseguiria morar em um lugar como aquele. Por isso, sabia que sua família tinha feito um juízo muito errado sobre ele.

Por isso, se sentia incrivelmente sortuda por tê-lo encontrado e queria provar sua capacidade para ele, mostrando que não era mais a Thea chorona e cheia de cicatrizes que foi motivo de chacota, mas sim a mulher decidida que tinha aproveitado os dez anos de reclusão para estudar e aprimorar suas habilidades.

― Vamos, querida. ―

Thea entrou no carro.

James disse:

― Henry, para o escritório do Grupo Celestial. ―

No banco de trás, Thea aninhou-se em James e, lembrando do acontecimento da noite passada, disse, com um arrepio:

― Querido, você sabia que Warren Xavier foi morto, ontem à noite? ―

Como chefe dos Xavier, Warren era famoso e todos sabiam de quem se tratava. Por isso, James se mostrou interessado e perguntou:

― Sério? Como aconteceu? ―

― Houve um banquete ontem, meu avô estava lá. Era uma festa para celebrar a parceria da Megatron, empresa dos Xavier, com a Celestial. Também era o aniversário de Warren. Uma pessoa invadiu a festa, levando um caixão, feriu um dos netos e assassinou o patriarca. Estão investigando, mas não parecem ter encontrado muita coisa. ―

James fingiu estar chocado e comentou:

― Fui direto para a cama e não soube de nada disso! Os Xavier fazem parte dos Quatro Grandes, não é isso? ―

― Isso mesmo ― disse Thea ― são os líderes do grupo e seus negócios abrangem vários setores. A Megatron, que pertencente a eles, sozinha, é mais poderosa do que todos os negócios dos Callahan somados, e os Xavier também têm outros negócios ― Thea parecia sentir inveja da família ― todas as mulheres em Cansington querem desesperadamente se casar com os Xavier, para que possam desfrutar de uma vida fácil. ―

James sorriu um pouco e brincou:

― Você não tem uma chance? Divorcie-se de mim e tente a sorte! ―

― Credo ― Thea não parecia impressionada ― estar em uma família rica não é um mar de rosas. Nos últimos dez anos, testemunhei muita coisa ridícula, para o meu gosto. Para eles, não passo de uma piada. Eu sei muito bem quem está me tratando com sinceridade e carinho e não pretendo abrir mão disso. Eu não me importo em casar com alguém rico. Mesmo porque, meu marido é rico. ―

Com isso, ela sorriu, parecendo muito feliz.

James acariciou a mão de Thea. Ela era uma mulher bastante lógica.

Com Henry ao volante, chegaram à casa de Thea rapidamente e esperaram alguns instantes, do lado de fora. Sem nenhum incidente, o trio seguiu para o local da reunião.

A sede da Celestial era um edifício de arquitetura impressionante, de oito andares.

James e Thea saíram do carro e a mulher olhou para o prédio imponente, sentindo o pânico se apoderar dela.

Nos últimos dez anos, ela tinha ficado em casa, tanto quanto podia. No entanto, ela tinha uma forte sede de visitar e explorar o mundo. A razão pela qual tinha se dedicado a estudar tanto, foi justamente para poder voar mais alto, assim que tivesse uma oportunidade.

Thea pegou o telefone e ligou para a colega. Vinte minutos depois, uma mulher bem maquiada e terninho se aproximou deles. Quando ela viu Thea parada na entrada, não conseguiu esconder sua surpresa.

Ela tinha ouvido falar que Thea tinha recuperado sua aparência e tinha até visto uma foto, mas, mesmo assim, não tinha acreditado. Entretanto, agora que via Thea em carne e osso, foi forçada a aceitar a verdade. Ela sentiu, até mesmo, um pouco de inveja ao perceber como Thea estava linda. Aproximando-se deles, ela perguntou hesitante:

― Thea? ―

Animada, Thea agarrou a mão da outra mulher e disse:

― Jane! Quanto tempo! Fico feliz que você tenha se destacado tanto dentro da Celestial! ―

Jane Whitman ficou lisonjeada, então sorriu e disse:

― Estou apenas tentando ganhar a vida. Thea, antes de ir para a reunião com o diretor, ainda precisamos convencer o gerente geral, vamos. ―

Thea congelou. Quando tinham conversado ao telefone, no dia anterior, Jane tinha dito que havia marcado uma reunião com o diretor, Alex Yates.

― Thea, você deve saber que não é fácil conseguir um contrato da Celestial. Se você quiser o pedido, terá que... ― Jane se inclinou para perto de Thea e sussurrou algo em seu ouvido.

Thea rejeitou a ideia de Jane, com firmeza:

― Absolutamente não. ―

Jane perdeu a paciência:

― Thea, se você não está disposta a fazer sacrifícios, como vai conseguir algo em troca? Enviei sua foto para o gerente e ele concordou em ceder o contrato, em troca de uma noite. Você nem precisa ver o presidente! ―

― Jane, pensei que éramos amigas. É assim que você trata um amigo? ―

Jane não parecia impressionada:

― Você quer conseguir um contrato sem fazer nenhum sacrifício? Deixe-me dizer-lhe agora. É impossível. Eu deixei claro, então pense sobre isso e deixe-me saber se você ainda quer ir em frente. ―

Ela se virou e saiu, seus saltos batendo contra o chão, ruidosamente.

Thea estava à beira das lágrimas quando se virou para olhar para James, que tinha permanecido em silêncio, todo esse tempo:

― Eu sou inútil, não sou? ―

James a confortou:

― Claro que não. Por que não tentamos ver Alex Yates, mesmo assim? Acho que ele vai receber você. Pergunte na recepção, eu te espero no carro. ―

James, gentilmente, empurrou Thea na direção do prédio.

Mas, então, Jane voltou acompanhada de um homem de meia-idade que usava terno e gravata e parecia ser um empresário de sucesso. A colega de Thea andava de braços dados com o gerente, indicando intimidade e se aproximava, sorrido:

― Thea, este é o gerente da Celestial. Ele é responsável por todas as relações comerciais. Ele define quem recebe os contratos. ―

Sentindo-se decepcionada, Thea percebia que a única razão pela qual Jane estava nesta posição que ocupava era por ter aceitado ser amante do gerente Linus Johnson.

Jane havia conversado sobre a pretensão de Thea em obter um contrato e tinha enviado uma foto dela a Linus que imediatamente ficou intrigado e prometeu até mesmo uma promoção à Jane, se conseguissem levar a mulher para a cama.

Agora que Linus via Thea em carne e osso, tinha ficado ainda mais excitado. Afinal, Thea era ainda mais bonita pessoalmente. Em sua mente, o homem perverso decidiu que a levaria para a cama, por bem ou por mal.

Linus caminhou até Thea com o peito estufado:

― Jane me contou tudo. Está um dia quente hoje. Por que não levamos essa discussão para um quarto de hotel? Não se preocupe. Venha comigo, e você não precisa se preocupar com o contrato. Vou até separar um que seja muito, muito lucrativo! ―
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