Corri para meu quarto e me joguei na cama aos prantos, eu achava injusto o modo como ele estava me tratando, eu não era mais um de seus negócios e sim sua filha que ele dizia amar. Mas esse não parece mais com meu pai, o homem que chegava do trabalho com um pirulito grande havia desaparecido já fazia muito tempo e no lugar dele esse ser hediondo e ganancioso nasceu.
— Com licença, Meg? — ouvi Abby fala da porta após dar duas batidinhas na madeira. — Posso entrar, querida? — perguntou ela, me sentei na cama e passei a manga da blusa no nariz. — Trouxe seu cappuccino querida — ela deixou a bebida em minha escrivaninha e se sentou ao meu lado me abraçando.
— Porque, Abby? Porque ele fez isso comigo? — perguntei chorando outra vez.
Abby não falou nada, apenas me apertou mais em seus braços e afagou meus cabelos para me acalmar. O jeito que ela me tratava, fazia meu coração se acalmar pois ela transmitia uma sensação de amor materno que fazia tempo que eu não sinto com a minha mãe.
Depois de um tempo, Abby me afastou de seus braços e colocou ambas as mãos em meu rosto.
— Um rostinho tão bonito mas tão vermelhinho por causa do choro e essa maquiagem? Você borrou tudo menina — ri quando ela tentou limpar meu rosto com a mangada sua blusa e quando viu que não ia sair, se apressou para pegar um lenço umedecido na minha penteadeira e limpou meu rosto.
— Eu não quero me casar, Abby.
— Eu sei minha pequena, sei que não quer. Mas eu não sei o que o seu pai é capaz de fazer se você não aceitar o pedido — colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, nessa altura meu penteado perfeito já estava desfeito e eu parecia uma bruxa toda descabelada.
— O Dylan é meu melhor amigo eu não quero me casar com ele — ela pegou a escova de cabelo na penteadeira e começou a ajeitar minhas madeixas.
— Sua mãe sabe disso? — perguntou ela.
— Meu pai disse para não contar para ela — suspirei.
— E o que você pretende fazer?
— Será que dá tempo de fugir? — ela riu baixinho.
— E para onde você iria? Seu pai não vai deixar você sair daqui com nada — Abby tinha razão, se meu pai foi capaz de me bater, ele é capaz de fazer tudo. — Acho que fugir não é a melhor solução — prendeu meu cabelo em um coque e se sentou do meu lado.
— E qual é?
— Vocês podem fazer um acordo, depois do casamento vocês podem ficar juntos por 1 ano e se divorciar — falou ela.
Na hora, eu concordei. Queria parar de pensar no assunto e poder dormir um pouco, mas quando a noite chegou eu comecei a analisar situação, era uma péssima ideia, dormir no mesmo comodo que Dylan não seria uma boa ideia, ainda mais com meus hormônios a flor da pele.
Depois de tomar um banho, comecei a me arrumar para o jantar, minha mãe comprou um vestido novo para mim e o deixou em cima da cama. Meu cabelo já estava arrumado; um coque frouxo e deixei algumas pequenas mechas soltas mas as deixei cacheadas, coloquei arranjos de flores e fiz uma franja, mas tudo cacheado.
O vestido caiu como uma luva em meu corpo, ressaltou minhas curvas e o tom roxo do vestido combinou com a minha pele. Ela acertou em cheio ao escolher esse vestido. O salto era preto e tinhas tiras no tornozelo, achei que combinaria com o vestido e ficou perfeito.
A sala de estar nunca esteve tão cheia; o sofá em forma de L na parede estava ocupado pelas esposas dos empresários que viviam fazendo negócios com meu pai e tenho certeza os mais velhos estão trancados no escritório.
— Meg, querida, venha se sentar conosco — falou Constance, mãe do Dylan.
— Como está bonita — falou uma delas, nem me dei o trabalho de saber quem era apenas sorri e me sentei junto a elas.
Seus assuntos não eram de meu interesse, bolsas caras e viagens para fora do pais não me pareciam tão interessantes, por isso eu liguei o modo automático e apenas concordava com tudo que elas falavam. Para minha sorte ou para o meu azar, meu pai saiu do escritório com seus “amigos” e com Dylan, ele estava lindo naquele terno preto, estava sexy.
— Vamos jantar? — meu pai falou e todos concordaram indo para sala de jantar.
A mesa retangular dispostas no meio do cômodo nunca ficou tão cheia, os 10 lugares estavam ocupados e ao meu lado estava Dylan, tão entediado quanto eu.
O jantar feito por Abby estava incrível, de fato ela caprichou para essa ocasião mas o frio na barriga não me deixou aproveitar direito suas maravilhas culinárias. Depois que eles conversaram bastante, Richard, pai do Dylan, fez um aceno com a cabeça para ele e o moreno ao meu lado se levantou.
—Quero pedir atenção de todos por um minuto. Esse jantar não foi apenas para nós reunirmos, hoje é uma data muito especial — ele se ajoelhou ao meu lado depois de afastar a cadeira, tirou do bolso uma caixinha e eu comecei a suar frio. Por favor não diga. — Margarett Johnson, minha amiga de infância e companheira para todas as horas, quer se casar comigo? — e foi nesse momento que eu travei.
Da minha boca não saia nada, minhas pernas pareciam gelatinas e eu sentia meu corpo cada vez mais fraco, eu não desmaiei só não soube o que responder mas os convidados parecem saber exatamente o que responder pois começaram a gritar:
— Aceita, aceita — aquilo só me deixou mais confusa, eu olhei para minha mãe ela chorava emocionada e meu pai estava sorrindo assim como os Miller. Eu estava desesperada e aquelas pessoas gritando estavam me deixando confusa. E então um grito rompeu pela minha garganta:
— Não, eu não quero me casar com você — todos me olharam chocados e Dylan parece ter ficado aliviado mas também parecia estar tenso.
E foi isso que aconteceu no meu primeiro fiasco amoroso, a primeira chance que eu tive para ter um belo final feliz, mas a cupido disse que eu poderia fazer uma escolha diferente e alterar a ordem do meu destino. E minha escolha foi:
— Sim, eu aceito — as pessoas gritaram e Dylan arregalou levemente os olhos mas sorriu.
Tudo parou e ficou silencioso, mas uma pena branca caiu do céu bem na mão que Dylan segurava e as palavras da cupido ecoam na minha mente:
— Você só terá suas memorias até o momento em que fez a escolha certa, pois depois disso você fará seu próprio destino e sua memória só irá voltar depois que você tiver o marco da sua história.
Voltei a ouvir a música tocando mas minhas pernas fraquejaram e se não fosse por Dylan teria caído igual banana podre no chão, ele dizia algo mas sua voz estava distante e de repente tudo ficou escuro.