- Quem ficará com o quadro depois de pronto? Eu ou você? – Perguntei, enquanto o via morder levemente o cabo do pincel, observando-me atentamente.
- Não existe eu ou você, Aimê. Existe “nós”. O quadro ficará no nosso quarto.
Respirei fundo, sentindo meu coração acelerar. Como ele conseguia dizer aquilo e achar que eu não o agarraria?
Foi imediata a forma como fui até ele, que tentou me impedir de aproximar-me com um pincel contendo tinta azul.
Eu ri:
- Acha mesmo que tenho medo da sua tinta?
- Deveria ter, Monstrinha.
Senti a tinta gelada na ponta do meu nariz, sendo feita com o pincel que ele tinha na mão.
- É mesmo um mal agradado, atrevido... – Passei os braços em torno de seu corpo, agarrando-me a ele.
Percebi o pincel cair no chão, sobre o fino tablado que encobria a areia sob a tenda. As mãos de Catriel percorreram minhas costas sem pressa, deslizando até meu bumbum.
- Eu estava com saudade de cada centímetro do seu corpo... Do seu cheiro... – Aspirou o aroma que emanava do meu