A luz do sol já havia se rendido ao encanto da noite quando as primeiras estrelas começaram a surgir no céu. Um véu azul-escuro cobria o jardim da chácara como um abraço silencioso e as pequenas lamparinas, penduradas entre as árvores, piscavam como vagalumes encantados, lançando sombras suaves sobre os convidados. As mesas foram adornadas com flores do campo e o altar se tornava o símbolo vivo de um amor renascido.O som dos violinos cedeu lugar a uma melodia doce, de acordes suaves.— Senhoras e senhores, convido a todos a se aproximarem do tablado central para apreciarem a primeira dança de Jacob e Luna como marido e mulher — o celebrante, sorridente, anunciou.Jacob virou-se para Luna e estendeu a mão. Não havia pressa em seu gesto, apenas solenidade e encantamento.— Permite-me a honra dessa dança, senhora Lancaster? — perguntou com um sorriso brincalhão nos lábios, mas os olhos úmidos ainda brilhando.— Desde que você prometa que nunca vai me deixar parar de dançar — respondeu e
A madrugada se aproximava com passos calmos e o céu, coalhado de estrelas, parecia abençoar a festa como um teto divino. O jardim ainda pulsava com alegria, risos soltos, danças desajeitadas, taças tilintando e crianças correndo entre as mesas. Havia também um perfume de encerramento no ar, um sentimento de missão cumprida, de que algo grandioso fora testemunhado naquela noite.Luna caminhava descalça sobre o gramado, agora umedecido pelo orvalho, com o vestido levantado até os tornozelos. O véu já tinha sido retirado e o coque começava a se desfazer, deixando mechas soltas emoldurando seu rosto com uma beleza ainda mais suave e íntima. Ela parou por um instante perto da árvore onde estavam penduradas fotos dela com Jacob e os filhos. Passou os dedos pelas imagens como se tocasse pedaços vivos da sua história.Jacob a observava de longe. A cada passo de sua amada, ele sentia o peito apertar. O amor que sentia crescia a cada momento, desafiando seu corpo a suportá-lo. Aproximou-se d
O dia seguinte nasceu com o céu pintado em tons suaves de rosa e dourado,abençoando a todos. A brisa da manhã ainda carregava o cheiro das flores da festa, agora espalhadas pelo jardim como vestígios de um sonho vivido. Na casa da chácara, os sons de risadas infantis ecoavam pelo corredor, intercalados por passinhos apressados e vozes curiosas que chamavam por “mamãe” e “papai”.Joshua estava sentado no sofá da sala com os cotovelos apoiados nos joelhos, observando atentamente Jacob fechar a última mala. Ao lado dele, Valentina abraçava fortemente o vestido de noiva em miniatura que usou na cerimônia, como se ainda vivesse aquela linda noite.— Vocês vão voltar logo, né? — perguntou Joshua, tentando parecer forte, mas seus olhos entregavam o receio que sentia.Jacob se abaixou até ficar na altura dos olhos do filho e o puxou para um abraço firme.— Estaremos de volta em uma semana, campeão. Vamos mandar fotos todos os dias — sorriu. — E quando voltarmos, vamos passar um fim de semana
O avião pousou com suavidade na pista particular do resort nos Alpes Suíços, como se a aeronave compreendesse que ali começava um tempo diferente. Do lado de fora, o frio cortava o ar com seu silêncio branco, enquanto montanhas majestosas cobertas de neve se erguiam como guardiãs de um paraíso reservado apenas para dois corações que haviam resistido a todas as estações da vida.Jacob ajudou Luna a descer as escadas com um cuidado quase cerimonial. Mesmo com o casaco de lã, as luvas e a touca, ele a envolvia como se ela fosse feita de porcelana rara. Seus olhos não paravam de observá-la, parecia ter medo que a qualquer momento, ela desaparecesse em meio à paisagem encantada.— Está nevando… — murmurou Luna, estendendo a mão e deixando os flocos caírem suavemente sobre sua pele.— Cada floco que cai — disse Jacob, com um sorriso terno. — É um motivo a mais pra eu te agarrar e mantê-la aquecida.Ela riu, os olhos brilhando mais do que os cristais de gelo ao seu redor.Um motorista os agu
O restaurante era sofisticado, com paredes de pedras claras, janelas amplas com vista para os Alpes e uma iluminação aconchegante deixando tudo com um ar de cena de filme. O som do piano ao fundo preenchia o ambiente com elegância e os casais ao redor jantavam em silêncio cúmplice. Entre todos os clientes, havia um casal que se olhava como se o tempo estivesse prestes a explodir.Luna e Jacob.Sentados lado a lado em uma mesa para dois, ela com uma taça de vinho entre os dedos e ele com os olhos fixos nela, tentando decifrar o universo.— Você está diferente hoje — disse ele, arqueando uma sobrancelha, o olhar cheio de suspeita. — Está… perigosa.Luna sorriu de canto, recostando-se na cadeira de forma provocante, deixando a fenda lateral do vestido de veludo vinho escorregar um pouco mais, revelando parte da coxa.— Diferente como?— Como quem está tramando alguma coisa — ele respondeu, levando a taça aos lábios, sem desviar o olhar.— Talvez eu esteja — ela sussurrou, inclinando-se
A neve estalava levemente sob os pneus do carro enquanto voltavam para a cabana. Luna encostava a cabeça no banco, sorrindo feito quem sabia que havia começado um incêndio, mas fazia questão de fingir inocência. Jacob, ao volante, mantinha os olhos na estrada, porém, a tensão no maxilar, a respiração pesada e a mão firme no volante deixavam claro que ele estava se segurando.Mal podia esperar para deixar de se controlar.Ao chegarem, Jacob desceu rapidamente e deu a volta no carro para abrir a porta do lado de Luna. Ela desceu com ares de princesa satisfeita, ainda sorridente, provocadora, mas assim que seus pés tocaram a neve, ele a pegou nos braços e a jogou por cima de seus ombros sem aviso.— Jacob! — ela riu, entre surpresa e excitação. — O que você está fazendo?— Executando minha vingança. Saiba que, como você está em território inimigo… não tem pra onde fugir.Ela riu e abraçou sua cintura mesmo estando de cabeça para baixo.— Uau. Isso é sério?— Você me fez transar no banhei
A van preta se aproximava do portão da casa. A fachada familiar, com o jardim impecavelmente cuidado e o balanço dos pequenos no quintal, parecia sorrir para Jacob e Luna como uma velha amiga. O sol da tarde aquecia o ar com suavidade e o céu azul deixava tudo mais vívido, mais reconfortante.Luna apertou a mão de Jacob com força.— Lar… doce lar.— Com filhos de plantão, gritos, brinquedos no chão, talvez até alguma parede rabiscada — ele riu, beijando os dedos dela. — Nunca imaginei que sentiria falta disso.— Nossa viagem foi linda. Amei cada momento — Luna disse acariciando seu rosto. — Obrigada.Jacob sorriu e fez um lembrete.— Não pense que estamos quites, Luna. Você ainda me deve.Ela sorriu se fazendo de desentendida.— Eu senti falta da bagunça. Até da loucura — continuou com um sorriso suave. — Porque é nossa.Assim que a van estacionou e o motorista abriu a porta, um som agudo se espalhou pelo quintal:— ELES CHEGARAM!!! — gritou Valentina.Luna e Jacob mal terminaram de d
A chuva castigava Londres naquela noite, transformando as ruas em espelhos d’água que refletiam o brilho frio dos relâmpagos. Os trovões ressoavam como um aviso sombrio, como se o próprio universo tentasse alertar sobre o que estava prestes a acontecer.Dentro da maternidade, os corredores estavam agitados. Médicos entravam e saíam das salas de parto, enfermeiras corriam para lá e para cá, os gritos de mulheres em trabalho de parto se misturavam ao som da tempestade.Naquele hospital, duas mulheres estavam prestes a dar à luz. Duas mães, dois destinos… e um segredo que jamais poderia ser revelado.Luna HarrisonO grito escapou dos meus lábios assim que outra contração intensa rasgou meu corpo. Eu me contorcia na maca, segurando o lençol com força enquanto as enfermeiras me levavam às pressas para a sala de parto.— Respire, Luna. Está indo bem, logo seus bebês estarão nos seus braços. — disse o médico ao meu lado, tentando manter a calma.Mas eu não conseguia. Era cedo demais, muito ce