A comemoração de Franciely ocorreu no dia seguinte.
Eu ajeitei a gravata de Willian.
— Vamos juntos à festa da Franciely, prometo que desta vez não vou me irritar com ela.
Willian ficou um pouco constrangido; sempre que eu comparecia a uma festa com Franciely, os convidados acabavam comentando sobre ela ter tirado meu noivo de mim.
Mas ele realmente não encontrou um motivo para recusar e só conseguiu fingir um ar de resignação.
— Como quiser, vamos juntos, mas a festa certamente vai ser entediante. Que tal a gente sair escondido depois para um encontro a sós?
Veja só, ele tinha tanto medo de que eu estragasse a felicidade de Franciely.
Willian sempre protegeu Franciely em silêncio; casou-se comigo apenas para que eu não atrapalhasse Franciely.
No entanto, desta vez, eu não pretendia discutir com Franciely nem por um instante.
Afinal, eu partiria no dia seguinte e só queria me despedir dos meus familiares e amigos.
A festa de Franciely estava animada.
Todos a felicitavam; ela era bem-sucedida, tinha uma família feliz, parecia uma verdadeira vencedora na vida.
— Franciely, parabéns por ter sido selecionada para o concurso de música, papai e mamãe estão realmente orgulhosos de você.
— Ouvi dizer que o violino que você usou na apresentação foi um presente de um empresário misterioso, e que esse violino já pertenceu ao Beethoven!
— Nossa, eu adoraria ver! Franciely, será que você poderia tocar para nós a música do concurso com esse violino?
Franciely abriu o estojo do violino e, de repente, me viu entre a multidão.
Seu semblante mudou na hora; um olhar de mágoa se voltou para Willian.
— Mana, você finalmente veio! Eu achei que você não gostava de mim porque não vinha me ver.
Eu não respondi, apenas olhei para o violino em suas mãos.
Aquele instrumento, eu já tinha visto antes, nos registros de leilão de Willian. Na época, pensei que fosse um presente para mim.
Franciely começou a tocar o violino na frente de todos. Ao ouvir a primeira nota, não consegui conter um tremor que percorreu todo o meu corpo.
Aquela música era tão familiar; fui eu quem a compus para Willian. Prometi a ele que só tocaria essa composição para ele, em toda a vida!
Agora, essa peça secreta estava sendo apresentada por Franciely diante de todos.
Quando terminou, todos aplaudiram entusiasmados.
Franciely, então, veio até mim. Em seu olhar havia apenas pena por mim, como se eu não passasse de uma derrotada diante dela.
— Mana, por que está chorando? Você também achou que a música que compus ficou bonita?
Ela tentou enxugar minhas lágrimas, mas eu, fria, afastei sua mão. Antes que eu pudesse questioná-la, ela de repente caiu para trás, como se eu a tivesse empurrado com força. Lágrimas escorreram imediatamente dos seus olhos.
— Mana, por que você me empurrou?
Meus pais me afastaram bruscamente.
— Saia da frente! Franciely está grávida, como você pôde empurrá-la?
Os olhares dos convidados eram de julgamento.
— Meu Deus, chamem um médico, rápido!
— Débora foi tão cruel! Ela deve estar com inveja da irmã ter concorrido no concurso de música!
Fui alvo das críticas deles e, em meio à confusão das vozes, captei claramente um tom de preocupação.
— Franciely!
Aquela voz, tão familiar, reconheci de imediato.
Virei-me para a origem do som e vi Willian se aproximar apressado de Franciely, como se ele fosse o marido dela.
Seu rosto estava tomado pelo desespero, bem diferente do seu habitual autocontrole. A preocupação e o carinho em seus olhos eram tão evidentes que ele nem tentou disfarçar.
Eu sabia, era hora de desistir de vez. Não deveria mais alimentar qualquer expectativa.
Talvez meu olhar tenha sido explícito demais.
Willian logo percebeu, mudou de expressão como um ator experiente, aproximou-se rapidamente e me levou para fora do salão.
Ele estava irritado, e sua voz era de repreensão.
— Ela está grávida, como você pôde empurrá-la? Eu sei que você não gosta dela, já disse que não devia ter vindo à festa!
Eu estava tão pálida, que Willian suavizou o tom.
— Ainda bem que Franciely está bem, você não precisa se preocupar tanto.
Olhei fixamente para ele.
— A música que Franciely tocou no concurso foi composta por mim, para você.
Willian perdeu o sorriso e tentou explicar com calma.
— É mesmo? Não percebi... Se prestar atenção, talvez até tenha alguma semelhança, hoje em dia existem tantas músicas parecidas...
Vi como ele se esforçava para inventar desculpas e, de repente, tudo perdeu o sentido para mim.
Nunca tinha tocado aquela música para mais ninguém; a partitura estava no meu estúdio, só eu e Willian tínhamos acesso a ela.
Era uma peça que compus para ele, cheia das minhas declarações de amor.
Mas ele entregou minha música a outra pessoa, como se tivesse jogado fora nosso amor.
Não pude deixar de rir baixinho. Eu havia esquecido: não havia amor entre nós, ele fingira o tempo todo.
Talvez minha reação tranquila tenha surpreendido Willian, pois ele me envolveu delicadamente em um abraço.
— Eu sei que você não gosta da Franciely, já disse que não precisava ter vindo à festa. Anime-se, vamos ver as estrelas, que tal?
— Está bem.
Fechei os olhos.
Deixe pra lá, já que estou prestes a partir, não vale a pena discutir com Willian sobre algo tão insignificante.