150. Dois Ingratos!
Observo minha madrasta entrar no quarto com os cabelos grisalhos presos em um rabo de cavalo, a roupa amassada e o mesmo cheiro de cigarro de sempre.
A mesma Margareth de sempre.
Ela ignora completamente minha expressão insatisfeita e vai direto até Daniel, beijando a testa dele.
— Meu filho — diz, com um sorriso ensaiado. — Estou tão feliz pela sua alta. Graças a Deus, você está bem.
— Obrigado, mãe.
Ela endireita a postura e, só então, se vira para mim, ainda sorrindo.
— Então, Ann… já que Daniel vai receber alta, ele volta para casa comigo, é claro. — Fala como se fosse algo óbvio. — Mas vou precisar que você me ajude financeiramente. Agora vou ter que me dedicar integralmente ao meu filho, não vou poder trabalhar.
Esfrego a mão no rosto, tentando não rir da cara de pau dela. Margareth já não trabalhava antes, imagina agora?
Sem contar que, se eu der dinheiro a ela, é bem capaz de gastar tudo em apostas enquanto meu irmão passa necessidade.
— Na verdade — ela continua, se