Ana Kelly Narrando
Quando o helicóptero pousou, meu coração parecia que ia sair pela boca. Eu desci correndo assim que o piloto abriu a porta, sem esperar ninguém. Meus olhos procuraram por ela, por aquela mulher que foi meu mundo quando ninguém mais ficou. Quando tudo desabou, foi na casa dela que eu me escondi, nos braços dela que eu chorei, e nas histórias dela que eu sonhei.
E aqui estava ela. Nos braços do Anthony, com o rosto inchado, cheia de hematomas, os olhos meio abertos como quem ainda lutava pra acreditar que tava viva. Eu paralisei.
— Vó... — Minha voz saiu fraca, embargada. Dei dois passos, trôpega, e quando cheguei perto dela, ela murmurou meu nome. Do jeito dela, arrastado, mas eu reconheci.
— Aninha...
Foi como se o tempo parasse. Me ajoelhei, chorei, abracei as pernas dele que ainda seguravam ela. A minha vó tentou sorrir, e uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dela. Não precisava de palavras. Eu sabia. Ela tinha sofrido. Ela tinha sido machucada.
Mas ela tava