Anthony narrando
Ela tava no chão, se contorcendo, cuspindo sangue e ainda assim sorrindo. Aquela risada dela me fazia ver vermelho. Era como se cada gargalhada fosse um tapa na cara da Ana Kelly. Um deboche na dor dela. Um desafio direto à minha sanidade.
Eu me aproximei devagar, os punhos cerrados, o corpo inteiro tremendo de raiva. Olhei pra aquela mulher jogada ali, os olhos cheios de ódio e provocação.
— Tu destruiu ela, sua maldita...
Ela tentou levantar, cambaleando, a cara toda arrebentada, mas não consegui sentir pena. Pena? Eu nem sabia mais o que era isso. Porque cada roxo no corpo da Ana Kelly tava desenhado na minha memória. Cada gemido de dor que ela soltou na madrugada inteira… tudo era culpa dessa miserável.
— Tu achou que ia fazer o quê, hein? Que ia sequestrar, torturar, apagar a garota que eu amo e ia sair ilesa?
Ela riu de novo. Mesmo sangrando, mesmo tremendo.
— Eu só mostrei que ela não era nada demais… — murmurou, quase sem voz. — Só uma otária apai