Karen Narrando A cabeça encostada no ombro dele, o motor do carro roncando baixinho e aquela sensação boa de estar no meu lugar. Eu não precisava de muito. Só do calor dele, da segurança do abraço dele, e da certeza que, mesmo no meio de tanta treta, a gente tava junto.— Já tá tudo certo, minha preta. Eu vou te tirar disso. Palavra de homem. — ele disse com aquela voz firme que sempre me desmonta.Sorri de canto, sem nem levantar a cabeça. Ele fala com uma certeza que me dá paz, mas eu também tenho meus tempos, minhas manhas, minha guerra interna.— Eu sei que vai, meu amor. Só me dá mais um tempinho, tá? Só mais um pouco até eu conseguir largar isso sem parecer que tô fugindo. Quero sair com a cabeça erguida, como eu entrei.Ele soltou um suspiro longo e passou a mão na minha coxa, daquele jeito que me faz esquecer o mundo. A rua passou embaçada pela janela enquanto o carro seguia em direção à casa da Estela, onde a gente tava ficando. Meu refúgio por enquanto. Nosso esconderijo de
Ana Kelly Narrando Acordei no meio de um gemido. O corpo todo arrepiado, os músculos tensionados, e aquele calor subindo desenfreado pelas minhas pernas. Os olhos ainda fechados, mas os sentidos todos despertos. Eu já sabia exatamente quem era o culpado daquele prazer que me tirava o fôlego logo cedo.... Anthony.A boca dele tava entre minhas coxas, me provando com aquela paciência que me matava. Ele conhecia meu corpo melhor que eu mesma. Sabia onde tocar, quando apertar, e como me levar até o limite sem pressa. A língua brincava no meu clitórïs de um jeito lento, molhado, delicioso. Ele me fazia implorar sem nem dizer uma palavra.— Anthony... — sussurrei, arfando, agarrando os lençóis com força.Ele sorriu contra minha pele, me dando mais um beijo lá embaixo antes de subir por cima de mim. Os olhos escuros encontraram os meus e ele falou baixinho, com aquela voz rouca de homem safado que sabe que tem o controle:— Bom dia, minha mulher.— Tu é um desgraçado... — falei entre dentes
Ana Kelly Narrando Acordar nos braços dele já era bom… agora, acordar com prazer e amor? Era meu novo vício. A água do banho ainda escorria pelo meu corpo quando saímos do banheiro rindo feito dois adolescentes apaixonados. Ele me puxou pela toalha e me deu mais um beijo antes de ir pegar a roupa.— Tu acha mesmo que vou conseguir ficar o dia inteiro longe de ti? — Anthony falou, enquanto vestia a calça social e ainda me olhava com aquele olhar safado.— Vai ter que aprender, amor. A gente precisa manter o jogo rolando direitinho — respondi, vestindo minha saia justa e a camisa de seda branca.Ele me encarou pelo espelho, amarrou a gravata devagar, como se quisesse ganhar tempo.— Não sei se tô preparado pra isso. Tu mexe comigo num nível que nem eu entendo.Sorri, indo até ele, ajeitei a gravata com carinho e dei um selinho antes de falar no ouvido:— Então segura esse jogo, senhor Carter. Porque a gente vai vencer bonito.Descemos de mãos dadas, e quando chegamos na cozinha, ele me
Ana Kelly Narrando Minhas mãos estavam firmes, mas meu coração parecia tamborilar dentro do peito como se anunciasse um aviso. Rasguei o lacre do envelope com cuidado, como se qualquer movimento brusco pudesse explodir uma bomba.Puxei de dentro algumas folhas grampeadas, papel timbrado de uma empresa chamada G&C Consultoria Internacional. Meu olhar passou rápido pelos primeiros parágrafos, até travar num nome que fez meu estômago embrulhar: Vinícius Duarte.— Não pode ser...O relatório detalhava uma série de depósitos feitos por essa consultoria em uma conta offshore localizada nas Ilhas Cayman. Valor alto. Sem origem clara. E aí, o estopim: a conta estava no nome de um dos diretores financeiros dos Carter, um homem que tinha se demitido “misteriosamente” há três meses. Justamente na mesma época em que os Duarte tentavam abocanhar um contrato bilionário com investidores estrangeiros.Fui passando as páginas e me aprofundando na leitura. Era como ver uma teia se formando. A G&C era
Anthony Narrando Já tinha passado das duas da tarde quando consegui sair da última reunião. Meu corpo pedia descanso, mas minha cabeça só conseguia pensar nela. Na minha mulher. Na força que ela tinha pra segurar o tranco no meio de uma guerra onde qualquer passo em falso pode ser fatal.Passei na copa, peguei uma garrafinha d’água e segui direto pro andar da presidência. A porta da sala dela estava encostada, e quando empurrei devagar, vi Ana de pé, de costas, encarando a parede de vidro com os braços cruzados.— Ainda com a cabeça no envelope? — perguntei, encostando a porta com cuidado.Ela se virou e, só de me olhar, eu soube: ela tava exausta. Mas ainda assim, firme.— Tá difícil tirar isso da cabeça — ela respondeu, a voz baixa, um pouco rouca, como se tivesse discutido consigo mesma o dia todo.Me aproximei devagar, encostei minhas mãos na cintura dela e puxei devagar pro meu peito. Ela soltou o ar e deixou o corpo relaxar nos meus braços.— Você não precisa carregar tudo sozi
Luísa Carter Narrando Me chamo Luísa Carter, tenho 55 anos, 1,65 de altura, pele clara e olhos azuis que entregam tanto o cansaço quanto a firmeza de quem nunca se permitiu fraquejar. Sou esposa de Arthur Carter há mais de três décadas, mãe de Anthony e, com muito orgulho, uma das fundadoras da Carter Electronic. Poucos sabem, mas tudo que construímos foi à base de muita luta — e de amor também.Conheci Arthur quando tinha apenas dezoito anos. Ele era completamente encantado por mim, e quando digo encantado, é no sentido literal da palavra: ele me via como algo precioso. Tinha olhos só pra mim, falava como se o mundo só fizesse sentido se eu estivesse nele. Aos vinte, me casei com esse homem determinado, às vezes teimoso, mas completamente apaixonado. A empresa veio logo depois, junto com a maternidade. Criamos Anthony em meio a reuniões, contratos, decisões difíceis e jantares em família.A mesa de jantar está especialmente cheia de significado. Chamei todos pra casa. Queria uma noi
Arthur CarterMe chamo Arthur Carter, tenho 60 anos, 1,82m de altura, e carrego nas costas um império construído com suor, sangue e guerra. Sou o CEO da Carter Electronic, empresa que leva meu sobrenome com honra, e que hoje opera não só em solo nacional, como também fornece serviços e soluções de ponta para o exterior.O que poucos sabem — e muitos gostariam de esquecer — é que minha família quase perdeu tudo no passado. A falência bateu na nossa porta quando os Duarte, esses canalhas que se vestem de empresários, assinaram contratos fraudulentos com os antigos sócios da minha família, afundando a empresa antes mesmo de eu completar vinte e cinco anos. Mas eu revirei a lama com as mãos, levantei sozinho, e hoje... hoje quem dita as regras sou eu.Carter Electronic é um sonho realizado. E eu não vou deixar o pé-rapado do Vinícius, junto com a laia nojenta dele e aquele velho asqueroso, destruir o império que construí. Não enquanto eu estiver vivo.Estávamos no meu escritório particula
Anthony NarrandoEu, Anthony Carter, 35 anos, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, sou conhecido por ser implacável. Não por prazer, mas porque aprendi, desde cedo, que a vida não tem piedade. Meu pai, Richard Carter, não teve a menor cerimônia em me ensinar isso. E eu aprendi bem a lição. O mundo é uma selva, e quem vacila morre. Simples assim.Minha empresa, minha reputação, meu controle — isso não está à venda. E a traição? Não, eu não tolero traição. Não aquelas dramáticas, que os tolos se apaixonam, mas as reais, as de quem se volta contra você. Lealdade é tudo. Ou você é meu, ou você não é.Foi isso que me fez quase explodir quando Carla entrou na minha sala com aquele semblante fechado. Sabia que algo estava errado antes mesmo dela abrir a boca. Ela entrou com aquela pasta nas mãos, o semblante sério demais, e o ar estava pesado.— Desculpe, Anthony, mas... preciso conversar com você.Eu a olhei com desconfiança. Carla sempre foi a mais eficiente, a mais leal,