Capítulo Um - Matteo

Parte 5...

— Eu sei bem disso, Sandro, mas pra mim estava tudo bem, até que esse bendito testamento apareceu.

— Pietro deixou claro que o testamento só seria aberto depois de um mês de sua morte. O escritório tinha que cumprir seu desejo - Otávio balançou a cabeça.

— Eu sei disso - cocei a testa — Só não pensei que teria que passar por essa cláusula ridícula.

— Vai ter que mudar algumas coisas, querendo ou não. A outra alternativa é abrir mão da propriedade para Lucas.

Eu esqueci por um instante e soltei um palavrão. Vi as caras das pessoas por perto.

— Matteo, assim fica difícil te ajudar, homem - Sandro abriu as mãos — Segura a língua e o gênio forte.

— Pra você é fácil falar - fiz uma careta.

— Não é fácil, sei disso, mas não dê mais motivos para que as pessoas falem sobre você.

— E o que falam de mim?

— Que você é mimado, egocêntrico, mulherengo, cínico... E outras coisinhas mais que prefiro não comentar.

Eu fechei a cara e apertei as mãos. As pessoas falam sem saber a verdade. Nem mesmo estão presentes nas vidas dos outros que elas criticam. Amam e odeiam com a mesma velocidade que passa um trem bala nos trilhos.

— As pessoas são idiotas. Se metem em assuntos que não fazem a menor ideia do que é de verdade e já saem por aí, dando uma de juizes ou pior, querendo ser Deus, dizendo quem vai para o céu ou inferno.

— Isso é verdade, mas infelizmente é a vida - Sandro encolheu os ombros.

— E você sabe que toda vez que surge algo complicado, é possível se encontrar uma saída - Otávio tentou me animar — E você é bom com isso. Vai resolver.

Eu suspirei fundo. Vou ter que colocar minha cabeça para pensar muito até sair fumaça pelos ouvidos. Mas eu vou achar sim um jeito de me dar bem e sair dessa armação do meu avô. Ah, se vou!

— Uma semana é pouco tempo. Será que não dá pra empurrar essa leitura mais pra frente um pouco?

Os dois se olharam em cumplicidade.

— Não vamos garantir nada, mas podemos tentar, está bem? - Otávio gesticulou.

— Ok... Qualquer coisa que me dê mais um pouco de tempo para ver como resolver isso. Nem que seja mais uma semana pra frente.

Estou ficando nervoso. O tempo corre e uma semana não é nada. Tudo pode acontecer ou nada pode acontecer. É bem relativo. Preciso de mais tempo.

Voltei a comer, agora já sem vontade. Sinto até uma leve dor de cabeça com isso. E ainda tenho que voltar para o escritório para trabalhar. Ainda bem que não tenho nada urgente para hoje ou ficaria maluco com a cabeça cheia.

Sei que os dois vão tentar me ajudar, mas espero que aconteça algum tipo de milagre ou creio que vou ter que brigar muito com meu irmão e isso seria péssimo.

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Autora Ninha Cardoso

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