Quando Leonardo chegou ao local do terremoto, eu e Lúcia estávamos presas sob uma enorme rocha.
Eu mal conseguia me mover, sentindo uma dor intensa no abdômen—sabia que algo não estava certo com o bebê dentro de mim. Sem ouvir nenhum som de Lúcia, comecei a me preocupar.
Apesar da minha situação crítica, tentei confortá-la.
— Lúcia, não tenha medo. O Leonardo logo virá nos salvar.
Embora eu e Leonardo tivéssemos brigado naquela manhã por causa de Lúcia e estivéssemos em uma guerra fria, ainda acreditava que ele viria. Afinal, eu carregava o filho dele.
Pensei que, mesmo que não gostasse de mim, ele ao menos se importaria com o bebê.
Mas superestimei minha importância e a do bebê no coração dele.
Quando os socorristas disseram que apenas uma de nós poderia ser resgatada primeiro, ele me olhou friamente e disse: — Eu só posso salvar a Lúcia primeiro.
— O quê? — Olhei para ele incrédula, pensando que havia entendido errado.
Mas sua voz permaneceu gélida, sem um traço de emoção.
— Alice, espero que você seja sensata. Lúcia sempre teve uma saúde frágil. Se eu salvar você primeiro, ela pode não resistir, e eu não posso deixar isso acontecer.
— Seja boazinha. Assim que tirarmos Lúcia daqui, os socorristas virão te resgatar imediatamente.
Tentei conter as lágrimas, mas minha voz saiu trêmula.
— Amor, por favor, não faça isso. Eu posso esperar, mas o nosso bebê não.
— Não.
— Leonardo, por favor, o nosso bebê pode morrer! — Olhei para ele em desespero e dor.
— Alice, se o bebê dentro de você realmente não sobreviver, considere isso uma dívida que você deve à Lúcia. Você tirou a vida dela no passado, agora está apenas compensando.
Ele continuou friamente: — E você sabe muito bem se esse filho é meu ou não. Prefiro acreditar que esse bastardo nunca existiu.
A frieza em sua voz me fez tremer até os ossos. Tentei me explicar.
— Esse bebê é seu! Como você pode pensar...?
Mas antes que eu pudesse terminar, os socorristas já haviam começado o resgate.
A enorme pedra tombou sobre mim, e fui engolida pela escuridão.
Meu coração congelou.
Sete anos de amor, um filho em meu ventre, e ainda assim nunca pude competir com Lúcia no coração dele.
Ele preferiu acreditar que o bebê não era dele, só para salvá-la primeiro.
Assim, morri.
Minha alma flutuava no ar, observando enquanto Lúcia era resgatada.
Leonardo a segurava com uma expressão de alívio e alegria por tê-la de volta.
Seus colegas, incomodados, sussurraram: — Leonardo, ainda não encontramos sua esposa.
— Continuem procurando. O que adianta me dizer isso?
Cada palavra cortava meu coração como uma lâmina de gelo.
Eu era sua esposa, a mãe do seu filho, mas minha vida para ele era insignificante, como se eu tivesse apenas saído para jantar e logo voltaria.
— Léo, eu estava tão assustada. Durante o terremoto, tive medo de nunca mais te ver.
— Estou com dor no estômago. Você me leva para o hospital? Tenho medo de que algo aconteça com meu bebê.
Lúcia, com o rosto pálido e uma expressão de fragilidade, olhou para ele com olhos cheios de medo.
Ele a abraçou e foi embora, sem sequer olhar para trás.
Naquele momento, senti um alívio por já estar morta.
Se ainda estivesse viva, como poderia suportar tudo isso?