O terror me envolve quando seus olhos mudam drasticamente, abandonando sua humanidade para revelar algo sombrio, algo que não pertence a este mundo.
— O que... o que é você? – Minha voz sai em um sussurro trêmulo, recuando um passo instintivamente.O homem sorri de forma sinistra, avançando lentamente na minha direção. Seus olhos continuam a se transformar, acompanhados por mudanças grotescas em seu rosto. Um arrepio percorre minha espinha ao ver longas presas surgirem em sua boca.— Você... Você não é humano, não é? – Tento manter minha voz firme, embora minhas pernas tremam. – Diga-me, criatura. O que você é?Retrocedo, entrando na sala. Minha perna esbarra na poltrona, obrigando-me a dobrá-la para frente. Antes que eu caia no chão, o homem avança rapidamente e segura meu corpo.— Oh, minha querida, eu sou uma criatura antiga. Um ser que habita estas terras a mais tempo que se possa contar, muito antes do seu nascimento. – Sua voz é distorcida, quase irreconhecível.Estamos agora muito próximos, apenas alguns centímetros separam nossos rostos. Consigo ver meu próprio reflexo distorcido em seus olhos.— E o que exatamente você é? – Pergunto, sentindo meu coração martelar no peito.— Sou um híbrido, resultado de uma união proibida entre um lobo Alfa e uma vampira. – Ele sorri, exibindo suas presas afiadas. – Vim reivindicar o que me pertence por direito.Enquanto ele se aproxima, seus traços humanos dão lugar a algo perturbador e assustador. Eu sabia, no fundo do meu ser, que ele não estava brincando. Ele não era humano. Ele era uma criatura sobrenatural, algo que eu só tinha lido em contos de fadas ou visto em filmes de terror. Lobisomens e vampiros existiam de verdade.Um turbilhão de pensamentos invade minha mente, competindo por espaço em meio ao meu medo. Como isso era possível? Ele era o lobo que rondava minha casa? Se ele era um vampiro, isso explicaria por que as câmeras de segurança não o capturaram. Mas então, por que elas o detectaram quando ele assumiu sua forma de lobo? E, acima de tudo, o que ele queria comigo e com meus filhos?Tento disfarçar meu medo, mas é inútil. Sinto meu coração martelar no peito, minhas pernas tremem sob o peso do pavor que me consome. A proximidade dele só intensifica minha agonia, enquanto eu luto para manter minha compostura diante da terrível verdade que se desdobra diante de mim: Ele não veio aqui apenas para uma visita ou para me amedrontar; esse homem veio aqui para tirar meus filhos de mim.— Você não tem direito algum! Eu passei por essa gestação sozinha, criei essas crianças sozinha! — Minha voz ressoa pela sala, impregnada de coragem. — Pode ser qualquer criatura sobrenatural que for, mas esses filhos são meus, e você nunca colocará suas mãos sobre eles!Sua risada diabólica preenche o ambiente, arrepiando os pelos do meu corpo e extinguindo qualquer vestígio de bravura que ainda restasse em mim.— Não colocarei minhas mãos sobre eles? Oh, minha pequena humana tola, eu já os peguei! – Sua voz grave ecoa pela sala, minhas pernas fraquejam sob a pressão e seus dedos afundam-se na pele da minha cintura. – Você foi apenas a fêmea que os gerou, uma mera incubadora que eu escolhi para perpetuar minha linhagem.Não pode ser verdade, não pode ser real. Ele não pode ter levado meus filhos. Empurro-o com força, correndo desesperadamente em direção à escada, subindo-a às pressas.— Crianças, meninos? – Meu grito ecoa pelo corredor, sem obter resposta. – Por favor, falem comigo!Empurro a porta do banheiro, encontrando a torneira aberta. Marcas de botas enormes estão impressas no chão, sujas de lama. O desespero se apodera de mim, o medo fazendo meu corpo tremer. Como ele conseguiu entrar sem ser detectado? Como conseguiu levar meus filhos sem que eu ouvisse nada?O pânico começa a se infiltrar em mim. Corro em direção ao quarto de Simon, encontrando a cama bagunçada.— Sebastian, Simon, Scott! – Grito enquanto retorno ao corredor. – Por favor, respondam!Abro as portas dos quartos, um por um, sem encontrar nenhum sinal de que eles estiveram ali.Desço os degraus da escada em um frenesi de desespero, meus pés mal tocam os degraus enquanto corro em direção ao hall de entrada da casa. O corredor parece se esticar infinitamente diante de mim, mas finalmente chego à sala.O homem está lá, agora em sua forma humana, de pé próximo à lareira. As chamas dançam, lançando sombras sinistras que contornam as curvas do seu rosto iluminado.Ele me observa com uma expressão impassível, seus olhos bicolores brilhando à luz das chamas. Me aproximo dele em passos largos, meu coração batendo descontroladamente como se quisesse escapar do meu peito.— Onde estão meus filhos? Como os tirou daqui sem que eu visse? — Minha voz sai chorosa e trêmula, uma mistura de desespero e indignação.Sua resposta é apenas um sorriso sádico, seus olhos fixos nos meus. O terror se apodera de mim, mas não posso permitir que ele perceba minha fraqueza. Preciso encontrar meus filhos, mesmo que isso signifique enfrentar essa criatura sobrenatural sozinha.— Onde estão meus filhos? – Minha voz estoura em um grito, meu punho se choca contra seu abdômen com toda a força que consigo reunir. – Traga-os de volta! Eles são meus!Ele segura meus pulsos com firmeza, seus dedos apertam minha pele com uma pressão dolorosa. Encaro seus olhos gélidos, sentindo o medo me envolver como uma sombra. Era como se ele estivesse me advertindo silenciosamente de seu poder, de sua capacidade de esmagar meus ossos como se fossem frágeis galhos de árvore. Um sorriso sinistro se forma em seus lábios, como se pudesse ler meus pensamentos.— Eu poderia esmagá-los se quisesse, e seu terror confirma que você sabe disso. – Sua voz ressoa pela sala como um trovão em meio a uma tempestade.— Faça o que quiser comigo, mas devolva meus filhos! – Rosno entre os dentes, encarando-o com determinação.— Eles nunca foram seus. – Sua voz é calma, desprovida de qualquer emoção.Ele solta meus pulsos, sua expressão retornando à neutralidade. Quando ele se vira para sair da sala, agarro sua mão, impedindo-o de avançar para o corredor.— Devolva meus filhos agora, ou eu chamo a polícia! – Minha voz tremia, mas eu tentava manter a determinação em minhas palavras.— Nada do que você fizer irá me deter. Você já cumpriu seu papel, os filhotes são meus. – Ele ri, dando de ombros com desdém.— Eles não são filhotes, são meus filhos! Eu não vou deixar você levá-los embora! – Grito, as lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto.— Você deveria se orgulhar. Entre todas as fêmeas, eu a escolhi para carregar a continuação da minha linhagem poderosa. – O homem suspira impaciente, olhando-me com pena.Fico confusa, sem entender suas palavras e por que ele insiste em dizer que me escolheu.— Do que você está falando? Nós mal nos conhecemos! Aquela noite foi a primeira vez que você me viu. – Questiono, perplexa.Ele sorri, virando-se para mim.— Eu a observei por meses, Hanna. Nada foi coincidência. Eu a escolhi. – Sua voz é sarcástica, seus olhos brilham com a luz
Ele ri suavemente, como se minha incredulidade fosse apenas um detalhe sem importância.— Não, Hanna, não sou louco. Sou apenas um ser que segue as regras ancestrais do nosso mundo. E você, minha querida, foi a escolhida para desempenhar um papel crucial em minha linhagem. – Ele se aproxima lentamente, seu olhar penetrante perfurando o meu. – Agora que cumpriu sua parte, é hora de assumir seu destino. Aceitar que seu papel foi cumprido, que os filhotes agora devem ficar comigo.Eu recuo mais um passo, meu coração martelando em meu peito, clamando por uma fuga que eu sabia ser impossível.— Eu não entendo... Deixe-me ficar com os meus meninos. – Murmuro, lutando para processar tudo o que ele está dizendo. – O que você quer de mim? De nós?Ele sorri de maneira sombria, como se soubesse que sua revelação tinha abalado minha compreensão do mundo.— O que eu quero? – Ele repete, saboreando minhas palavras. – Eu quero meus herdeiros, Hanna. E
Sinto uma dor excruciante, como se cada parte do meu corpo estivesse sendo rasgada e remodelada. Cada osso, cada músculo, parece se desintegrar e se reconstruir em uma dor lancinante. A respiração se torna difícil, meu coração bate freneticamente, quase sufocando-me com sua intensidade. Tudo ao meu redor se torna turvo, distante, enquanto a dor domina meus sentidos.Meus gritos ecoavam pelo ambiente, abro os olhos percebendo que já não estava mais em minha casa. Tento falar, questionar onde estou, mas meus pulmões ardem como se houvesse fogo neles, queimando minhas narinas e garganta.— Ela não irá resistir à transformação. – Uma voz feminina desconhecida diz, próxima a mim. Tento encontrar a pessoa que disse isso, mas meus olhos doem.— Hanna é forte, irá sobreviver. – Os olhos bicolores do Alfa surgem no meu limitado campo de visão.— Nenhuma humana sobreviveu à transformação por um híbrido, ainda mais feita por um tão poderoso. – Outra voz femi
Quando finalmente acordo, me encontro em um quarto totalmente diferente do anterior. A decoração é elegante, mas moderna, com tons de cinza, branco e azul Royal. As paredes são pintadas em um cinza suave, contrastando com o branco brilhante dos móveis. Grossas cortinas cinzas bloqueiam a luz que tenta entrar pela janela, criando uma atmosfera de tranquilidade e serenidade. Ao lado da cama king size, há abajures que emitem uma luz quente e suave, iluminando o quarto com uma aura reconfortante.Sento-me na cama, olhando ao redor com confusão e curiosidade. Onde estou? Como cheguei aqui? Minha mente está turva, as lembranças da transformação ainda ecoando em minha mente como um sonho distante. Minha cabeça lateja levemente, minha respiração ainda está pesada, como se tivesse acabado de correr uma maratona. As sensações estranhas e desconhecidas fluem por meu corpo, como se eu fosse uma pessoa completamente diferente da que eu era antes.Tento lembr
Ao sentir algo tocando suavemente meu rosto, desperto de um sono agitado. Ao abrir os olhos, encontro Scott me observando atentamente, seus olhos bicolores brilhando com preocupação.Sento-me na cama, assustada, e minha mão instintivamente vai ao pescoço, onde sinto um leve curativo. Meus dedos tateiam o tecido, uma lembrança dolorosa da mordida do Alfa.Ao perceber minha agitação, Scott me abraça com força, seu rostinho infantil expressando alívio e amor. Encho seu rosto de beijos, agradecendo silenciosamente por tê-lo ao meu lado novamente.— Onde você esteve, mamãe? Sumiu por duas semanas. – A voz preocupada de Scott quebra o silêncio, seu olhar fixo em mim em busca de respostas.A pergunta de meu filho atinge meu coração como um soco, a culpa e a tristeza se misturando em um turbilhão de emoções. Como explicar para ele onde estive, o que aconteceu? Como dizer a ele que fui arrastada para um mundo de escuridão e dor?— Eu... Eu estava
Olhando as crianças brincarem no tapete da sala, meu coração estava em paz. Por algumas horas senti como se estivesse novamente com minha velha vida de volta. — Mamãe, mamãe. – Sebastian diz vindo em minha direção. – Você pode me dar um biscoito? Estou com fome.— Você sempre está com fome! – Simon diz rindo, Sebastian cora violentamente.— Não é verdade! Já faz uma hora que eu comi! – Sebastian diz envergonhado provocando a risada dos seus irmãos. – Parem de pregar no meu pé! Mamãe, o Simon está sendo malvado comigo.Os olhos de Sebastian estavam marejados, sua boca tremia. Lanço um olhar de reprovação para seus irmãos que suspiram abaixando a cabeça murmurando um pedido desajeitado de desculpas. — Vou buscar seus biscoitos. – Digo após beijar sua testa.Andando pelos corredores da grande mansão, meu coração ainda estava acelerado pela cena reconfortante com meus filhos. Mas antes que eu pudesse aproveitar mais um momento de t
Me sentia patética, uma completa vergonha. Como pude permitir que esse homem horrível me manipulasse novamente? Ele é desprezível, uma pessoa desprezível, e mesmo assim me envolvi com ele novamente.A água quente do chuveiro caía em meus ombros, aliviando a tensão dos meus músculos doloridos. Eu realmente fiz isso? Sentia-me tão entorpecida, tão distante de mim mesma, como se estivesse assistindo a tudo de fora do meu próprio corpo, como se estivesse sob o efeito de uma droga poderosa.Uma lembrança surge em minha mente, clara como água. Eu não estava sob efeito de álcool, estava sob o controle dele! Uma onda de raiva irrompe dentro de mim, fazendo meu coração bater mais rápido, minhas mãos tremerem de indignação.— Filho da mãe, miserável! – Murmuro entre dentes, a fúria pulsando em minhas veias.Desligo o chuveiro e saio do banheiro, enrolando-me em uma toalha. Tento disfarçar minha raiva ao entrar no quarto e deparar-me com as crianças dormindo
Eu me vi sorrindo também, surpreendida com a mudança súbita no clima entre nós. Talvez, apenas talvez, houvesse uma chance de paz, uma chance de convivência pacífica dentro daquela mansão sombria.— Bem, senhor Sullivan, acho que é hora de nos esforçarmos para fazer o melhor para as crianças. – Minha voz soa mais leve, menos carregada de ressentimento.Ele assente, seu sorriso se alargando.— Com certeza, senhorita Payton. – Seus olhos brilham com sinceridade. – Farei o possível para garantir que elas cresçam felizes e seguras.Eu me senti mais leve, mais esperançosa. Talvez, juntos, pudéssemos criar um ambiente saudável para as crianças, um lar onde pudessem crescer e florescer.— Então, Shane, acho que é melhor começarmos com o pé direito. – Digo, oferecendo-lhe um sorriso amigável.Ele concorda, seus olhos expressando gratidão e um toque de surpresa pela mudança em nossa dinâmica.— Vou garantir que você tenha mais li