Vi Aiden dirigindo em alta velocidade. Ele parecia fora de si, completamente descontrolado. Suas mãos agarravam o volante com tanta força que seus nós dos dedos estavam quase brancos. Aquela imagem ficou gravada na minha mente, e me peguei pensando no que poderia estar o incomodando tanto a ponto de conduzir assim. Eu queria perguntar. Queria quebrar o silêncio sufocante que preenchia o carro. Mas depois de ter virado as costas para ele, achei que não tinha mais esse direito.Sem saber para onde estávamos indo, tentei me concentrar na paisagem do lado de fora da janela, na esperança de que isso acalmasse a confusão dentro de mim. Aiden permaneceu em silêncio, os olhos fixos na estrada. Aos poucos, percebi que estávamos nos aproximando do oceano.Uma praia?Jamais imaginei Aiden como o tipo de homem que buscaria consolo nas ondas do mar.Ele estacionou bruscamente e, sem dizer uma palavra, contornou o carro para abrir minha porta. Estendeu a mão para mim, e, sem questionar, aceitei. S
Aiden me abraçou naquela noite, apertando meu corpo contra o dele para dormir. Fiel às suas palavras, ele me despiu lentamente sob seus olhos cheios de desejo, acariciando cada centímetro da minha pele enquanto fazia amor comigo. Mas, diferente de antes, agora doía. Doía entender nossa realidade. Eu queria que esse pesadelo acabasse, queria acordar e descobrir que tudo não passava de um sonho.A fome me abandonara, e minha cabeça estava cheia demais para me lembrar do sabor da comida. Amanhã, decidi, procuraria um médico para perguntar sobre o melhor método contraceptivo. Ele me puxou ainda mais para perto e eu estremeci ao sentir o calor de sua pele. Eu sabia que não conseguiria pregar os olhos naquela noite. Não ali, nos braços dele.Com cuidado, tirei seus braços de cima de mim e vesti o robe de seda, o mesmo que ele havia usado para me adornar antes de me despir. Caminhei até a sacada e deixei a brisa fria de Nova York acariciar meu rosto.A vista era de tirar o fôlego: arranha-c
Rabisquei um bilhete para Aiden, dizendo que ia encontrar uma amiga. Não queria ligar e incomodá-lo. Ele não era meu namorado de verdade, não é? Só um namorado de mentira.Peguei minha bolsa e o celular antes de sair do apartamento. Estava vestida com uma legging simples e uma blusa soltinha que descia até a metade das minhas coxas.Peguei o ônibus em direção ao meu destino. Sempre gostei de andar de ônibus. Parece que dinheiro não compra toda a felicidade, afinal. Gosto de conhecer gente nova e também de reencontrar velhos conhecidos. No caminho, cumprimentei algumas pessoas que já conhecia, passando por ruas familiares.— Ivy, olá! — ouvi alguém chamar.Meus olhos encontraram os de Daniel, um espanhol que conheço desde o meu primeiro dia aqui. Ele é dono de uma linda floricultura e, desde então, sempre foi gentil comigo.Daniel era bonito, com pele morena, sorriso encantador e olhos azuis que pareciam sempre brilhar.— Faz tempo que não te vejo Ivy. Você se esqueceu do velho Dani, p
AIDEN WOLFE Cuidei de tudo no escritório o mais rápido que pude. Não era normal para mim ser tão apressado com coisas importantes, mas hoje... hoje eu queria passar o resto do domingo com ela.Minha Ivy.Desde que aquela garota entrou na minha vida, meus dias nunca mais foram os mesmos.Peguei as chaves do carro e fui direto para casa, ansioso para vê-la. Já conseguia imaginar sua expressão surpresa ao me ver tão cedo. Talvez ela sorrisse, com aquela timidez que me desmontava por dentro.Abri a porta da cobertura, pronto para encontrá-la... mas o apartamento estava silencioso.Franzi a testa enquanto caminhava pela casa, no balcão da cozinha, encontrei um pequeno pedaço de papel dobrado. Meu nome rabiscado em letras apressadas no topo.Peguei o bilhete e li:“Oi, Aiden. Fui encontrar uma amiga. Não quis te incomodar com uma ligação. Volto logo.— Ivy”Fechei os olhos por um momento, respirando fundo. O bilhete não tinha nada demais, mas uma irritação fria deslizou pelo meu peito.Is
Ela estacionou o carro em frente ao prédio dele, soltando um suspiro pesado. Me virei para Nora, sorrindo ao abraçá-la com força.— Me diverti muito de novo, Nora. Obrigada. — disse, sentindo meu coração apertar com o fim do dia.— Eu também... — ela respondeu, retribuindo o abraço — Mas vou sentir falta dos nossos fins de semana juntas.Sorri, tentando soar normal.— É só me ligar que eu venho correndo. E, olha... se você não conseguir aquele encontro com o Daniel, eu vou te empurrar. Vai e namora com ele, Nora. Você gosta dele, e ele gosta de você. Então, qual é o problema?Nora hesitou, mordendo o lábio inferior.— Eu... eu tenho medo que ele parta meu coração. Meu último relacionamento terminou tão mal... — confessou com a voz trêmula. — Não sei se consigo confiar em mais ninguém. — Vê-la é como me olhar no espelho.Apertei sua mão.— Nossa... aquele idiota não se compara ao Daniel. Ele foi um babaca, Nora, mas agora você tem uma chance de ser feliz de verdade. Vai lá e agarra ess
Acordei com a cama vazia. O som da água parando no banheiro indicava que ele acabara de sair do banho. Olhei para o relógio: seis da manhã. Ele era o CEO, afinal, e pontualidade era uma obrigação.Pouco depois, ele surgiu, o próprio Diabo em carne e osso. Pegou seu terno cinza, com calças combinando e uma camisa branca por baixo. Observei, hipnotizada, enquanto ele se vestia. Cada músculo parecia flexionar sob o tecido enquanto ele abotoava a camisa.Vestiu o paletó com um movimento, depois amarrou a gravata com a mesma agilidade. Então, virou-se repentinamente e nossos olhares se cruzaram. Seus olhos castanhos brilhavam com ironia. Ele deu um sorriso torto e caminhou até mim.— Terminou de me olhar, Ivy? — perguntou, com a voz provocante.— Eu... eu... — gaguejei, sem conseguir encontrar palavras. Ele me puxou da cama e colou seus lábios nos meus, reivindicando-os em um beijo doce e possessivo. — Agora sim — murmurou contra minha boca — isso é algo a que eu posso me acostumar. — Bei
Caminhei até o departamento de marketing e logo avistei o Ícaro.— Senhor Mendes— chamei, com um sorriso.Ele se virou e retribuiu o gesto com um sorriso gentil, algo raro de se ver ultimamente.— Ah, não seja tão formal, Ivy. Sou apenas Ícaro para todos que trabalham comigo. — respondeu com naturalidade.Assenti, sentindo um certo alívio. Aquele ambiente era muito mais acolhedor do que o escritório frio e silencioso de Aiden.— O senhor Wolfe solicitou os relatórios da Star International — informei.Ícaro pegou o telefone, ligou para alguém e pediu que trouxessem o arquivo necessário. Em seguida, voltou-se para mim.— Vamos todos almoçar num lugar aqui perto. Você gostaria de se juntar a nós?As palavras de Aiden se repetiram na minha mente: “lembre-se de que você está indo lá apenas para pegar os arquivos. Não para fazer amizade com Ícaro. ” Que se dane.— Eu adoraria. — respondi com um sorriso.— Ótimo. Então nos encontre no saguão em uma hora. — disse ele.Assenti, peguei o arquiv
Aiden soltou minha mão e, quando olhei, vi as marcas vermelhas que ele deixara com seus dedos. Tinha apertado com tanta força que ainda doía. Ele me encarou com raiva.— O que há de errado com você? — disparei.— Por que isso ainda não está arquivado corretamente, senhorita Carter? — perguntou, ríspido.— Eu... eu ia falar com o senhor depois do almoço — respondi, nervosa, tentando manter a compostura.— Eu não te pago para deixar de lado quando entrego um trabalho. Espero que termine, não que largue pela metade. Você só teve meia hora de almoço e resolveu voltar depois de uma hora inteira! — Como eu poderia saber? Ele nunca me disse nada sobre os meus horários de intervalo. Antes que eu pudesse responder, ele gritou. — Traga um café!Assenti silenciosamente, ignorando a raiva fervendo sob minha pele. Fui até a pequena copa, preparei o café como ele gostava, forte, sem açúcar, e voltei, sentindo o peso de tantas emoções atravessando meu peito. Bati na porta da sala dele.— Entre. — mu