bela vista

>Emily<

Respirei fundo, sentindo o ar límpido entrar em minhas narinas, estava no centro de Summercity, no aeroporto esperando o tio Michael vir me buscar, a cidade estava diferente, as ruas estavam em obras como o meu tio havia dito, havia várias máquinas da prefeitura espalhadas pelas ruas, podia notar pelo aeroporto, que era coisa por assim dizer, mais perto de luxuosa que tinha na cidade.

Desço a escada rolante, e começo a ver as pessoas segurando plaquinhas com os nomes dos seus parentes, amigos ou seja lá o que forem.

Meus olhos se prendem à um homem, não, aquilo não podia ser considerado humano... era um monumento, e segurava uma placa, abaixei o olhar e senti meu sorriso murchar ao ver o meu nome escrito ali.

E eu mal podia conter a risada de escárnio que dava por dentro.

Eu cobicei o meu tio, ótima forma de refletir sobre a minha vida.

Obrigado universo.

Me aproximo dele que parece não me reconhecer, e começa a olhar por detrás de mim.

Ah qual é, foram poucos anos, não devo ter mudado tanto assim.

Aproveito para dar uma conferida no homem, o cabelo loiro acobreado caía sobre a sua testa, os olhos verdes claro, distantes, um maxilar de dar inveja a qualquer cirurgião plástico porque era perfeito e natural, os lábios carnudos e o nariz esculpido de maneira perfeita, e ainda tinha a barba rala.

Céus! Um homem é um deus grego.

Os músculos não eram escondidos através da camisa vermelha xadrez que usava, e me peguei pensando em como será que vou reagir ao vê-lo sem camisa.

Merda! Tenha foco... ele é seu tio.

__ com licença, o senhor se chama Michael Stanford?__ questiono e finalmente o homem abaixa o olhar e me encara, não sei ao certo definir a intensidade daquele momento, por que ele parecia saber ver através da minha alma, pigarreio e quebro o contato visual.

__ sim.__ ele diz, com a rouquidão de sua voz, reverbera por todo o meu corpo.

Mordi os lábios e contei até três.

__ sou eu, a Emily.__ falei e ele piscou por alguns minutos e pareceu, repreender-se mentalmente, talvez pela forma como me olhou minutos atrás.

__ minha nossa! Você cresceu.__ diz, sorrindo e eu quase perdi o fôlego.

E o homem não tinha um defeito, até o sorriso era de arrebatar qualquer uma.

__ é, ao que parece sim, mas para os meus pais não.__ falo tentando quebrar o clima tenso entre mim e ele.

__ tenho certeza que um tempo no campo te fará melhor... ou te enlouquecerá de vez.__ diz, e pega minha mala, caminhamos para fora do aeroporto, ele se aproxima de uma picape, uma Holden colorado da Chevrolet, com motor 2.8 turbodiesel e transmissão automática.

Eu entendia de carros, mais uma coisa que esfreguei na cara dos mauricinhos soberbos da minha escola.

__ bonito carro.__ comento, vendo ele colocar a minha mala na parte de trás do veículo, cerrei os dentes ao me punir por estar olhando os seus músculos bem definidos se moverem.

Puta merda!

__ é um novo modelo, lançado recentemente aqui na Austrália.

__ é, eu sei.

__ então entende de carros?__ questiona, abrindo a porta e adentrando no veículo, faço o mesmo sentando-me no banco da frente ao seu lado.

__ gosto de carros, este aqui não é tão adequado para a fazenda.__ digo e ele, vira-se para mim e sorri de lado.

Não, não dificulte as coisas.

__ não mesmo, mas a caminhonete está no concerto, e esse era o único carro disponível, a menos que quisesse ser levada por um trator.__ brinca e sorrio.

__ contanto que fosse um bom, não me importaria.__ minha fala o deixou sem jeito.

__ bom, vamos então, não deseja comprar nada na cidade?

__ não, tudo que preciso está na minha mala.__ falo e ele assente, ligando o carro e seguindo para fora do aeroporto.

Ele colocou o chapéu, e evitei olhar para sua face, ou para o seu corpo, isso já estava sendo ridículo, ligou o rádio e começou a tocar " Shallow " e não pude deixar de sorrir, um homem desse tamanho, escutando música romântica.

Tudo bem que era a Lady Gaga e o gostoso do Bradley Cooper, mas era brega.

Mas mesmo assim, econstei a cabeça no acento do carro e suspirei sentindo a brisa do vento bater em meu rosto, deixei que a música fizesse a trilha sonora enquanto eu observava a cidadezinha dos meus pais.

Dois poderosos empresários saíram desta cidade, sinto-me orgulhosa deles, e até que Summercity tinha o seu charme, nunca havia parado para reparar, os comércios eram todos na mesma rua, qualquer coisa que você procurasse não teria dificuldade em encontrar, outra coisa que notei foi os carros, sempre modelos antigos, como o Chevette 1983, o Ford Corcel 1969 e o Passat LS 1974.

O Thomi teria um belo surto ao ver tantos modelos em uma rua só, tudo que sei sobre carros, foi ele quem me ensinou, e falava com tanta paixão que acabei me apaixonando também.

A rua parecia um museu de carros antigos ao ar livre.

Quando saímos de vez da cidade, notei a vegetação ganhando mais espaços, até não ver mais as casas e comércios.

Árvores e mais árvores, formavam um caminho bonito para a fazenda, não quis perguntar se estávamos muito longe, iria parecer que não me lembrava, o que era verdade, mas o orgulho não me deixaria admitir.

Fecho os olhos um pouco, e quando o carro dá um solavanco, os abro de imediato, observando o lugar.

Era lindo... bem mais bonito do que me lembrava.

O sol, o lago, o gado, as ovelhas, parecia uma tela pintada de tão perfeito.

Olhei para uma placa durante o trajeto e havia escrito. " bem vindo a farmStanford "

Não havia como não achar o lugar bonito, e quando passamos pelo lago em frente a casa, sorri comigo mesma ao ver dois cavalos bebendo água.

O verde da grama, me fez ter vontade de deitar ali para ler um bom livro, embaixo da árvore próxima a casa.

__ vejo que gostou da vista!__ meu tio diz, tirando-me do transe para encara-lo.

__ com certeza eu gostei.__ disse, sem deixar transparecer que falei em duplo sentido.

Não importa que senti atração pelo meu tio, esse lugar é incrível e terei tempo para distrair a minha mente, e não pensar nele...não de maneira errada.

Minha mãe jamais me perdoaria.

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