Era inacreditável que aquele homem estivesse fazendo um show no velório do meu pai. Vincent parecia viver uma realidade oposto, daquele considerava, talvez, ser meu marido. Olhei para os lados, os olhares da minha família estavam atentos aos nossos movimentos, como se eu fosse a atração principal. Eu só queria entrar na capela e olhar para o rosto do meu pai pela última vez. — Saia do meu caminho – eu o empurrei, mas não com força o suficiente para que ele pudesse se afastar. — Estão dizendo por aí que você é a amante dele, já que você mesma disse que Haiden é um homem casado. Chocada, como se eu tivesse sido atingido por um raio, eu olhei para Vincent como se ele estivesse ficando louco. — Talvez eu esteja mesmo tendo um caso com ele – dei de ombros com desprezo – o que faço da minha vida hoje não é mais do seu interesse. O olhar dele continuou frio e cheio de aversão, como se ele estivesse olhando não para mim, para a mulher que o esperou por oito longos anos, mas para o seu in
Haiden O celular vibrou no meu bolso insistentemente. Quando olhei na tela, era um número desconhecido. Ignorei a ligação. Seja lá quem fosse que estivesse atrás de mim, parecia bem desesperado. Eu não tinha pressa, então desliguei o aparelho e me preparei para encarar o meu pai mais uma vez. Ele sempre festejava seu aniversário na cidade natal. Ele havia viajado para cá no dia seguinte à nossa briga e ficou surpreso quando disse haver me casado. Eu sabia que assim que ele me visse chegando sozinho, todas as suas dúvidas se concretizariam. Meu pai me acusaria de mentiroso. Jeffrey estava comigo, mas ele não se parecia com uma bela mulher a qual eu pudesse apresentar como minha esposa. Eu não inventaria nenhuma desculpa, eu só diria que minha esposa não estava pronta para ser apresentada. — Essa é a desculpa mais ridícula que você já inventou em toda a sua vida – Jeffrey zombou de mim quando estávamos no hotel onde aconteceria a festa – seu pai não vai acreditar, ninguém vai. — E
Haiden Jeffrey limpou a garganta antes de me oferecer um sorriso amarelo. Deveríamos estar aproveitando a festa e eu deveria me manter longe de problemas. Deixar de lado essa história de esposa secreta por essa noite, mas Jeffrey me revisitava a realidade, e eu não gostava da ideia de vê-lo tão envolvido com minha assistente. — Conversamos bastante quando você foi conhecer a irmã dela – referiu-se a Daphne de forma tão natural que me incomodou – ela me contou o quanto achava absurdo imaginar você casado com Ember. Ele achou engraçado o comentário e certamente as lembranças daquela conversa eram agradáveis para Jeffrey. — Está interessado nela? – perguntei, enquanto levava o copo de champanhe até os lábios e tomava um longo gole da bebida. Jeffrey se conteve durante longos segundos, demorou demais para responder uma pergunta tão simples. — Não estou interessado, embora a Daphne seja bem interessante – ele disse, isso causando um sentimento estranho em mim. Eu não queria ver o me
Antes Daphne Liguei insistentemente para o senhor Haiden, mas ele não atendeu. Percebendo a insistência de Ember em falar com ele, sentia que eu precisava intervir. Liguei para Jeffrey, mas ele me disse que Haiden estava bêbado, e que seria mais sensato eu deixar aquela conversa para depois. Naquela manhã, assim que cheguei na empresa, avistei Ember sentada confortavelmente no sofá da recepção. Havia menos de quarenta e oito horas que o nosso pai havia sido enterrado e eu entendia seu desespero. A única renda que poderia mantê-la de pé estava morta. A verdade era que Ember se orgulhava de ser dona do próprio negócio, ter sua casa própria, seu veículo, mas o que ninguém sabia era que foi o nosso pai que manteve os negócios dela vivos por todos esses anos. Quando os olhos dela se encontraram com os meus, ela desdenhou, dando de ombros. Se levantou e veio em minha direção apressadamente, elevando sua voz exigente. — Exija que o seu chefe venha falar comigo – ela sempre adorou ter a
Haiden Eu havia concordado que Ember não saberia quem eu era ou o tipo de participação que Daphne tinha comigo, mas quebrei minha promessa a ela sem nenhum ressentimento. Eu devia lealdade somente a mim e Daphne aprenderia isso rapidamente. Ember estava sentada de costas para a porta, com os seus cabelos negros soltos e seus enormes brincos à vista. Ela tinha uma mecha de cabelo atrás da orelha, o que dava para ver seu pescoço adornado com uma bijuteria. Lembrei-me então do dia em que fui à sua loja e da maneira rude com que ela me tratou. Consegui imaginar a surpresa no rosto dela ao descobrir quem eu era. Fiz questão da porta ranger, batendo para que assim Ember entendesse que não deveria ficar tão confortável no meu escritório. Ela se levantou assustada e girou o corpo em minha direção. Quando nossos olhos se encontraram, ela estava assustada, nem mesmo parecia a mulher arrogante que eu havia conhecido alguns dias atrás. Ember estreitou os olhos e estava quase me reconhecendo.
Daphne. Eu não conseguia parar em um lugar, enquanto Haiden estava trancado com a megera da minha irmã no seu escritório. Fiquei imaginando as histórias que ela inventaria para tentar convencê-lo. Todo o seu charme jogado em cima dele para conseguir mais uma vez o que ela queria. Eu não duvidava que Ember conseguiria, ela era bonita, todos os homens caiam aos seus pés e a ideia de ver Haiden com ela quase me destruiu. Senti a mão de Evangelina me agarrar, me arrastando para o refeitório. Sentamo-nos em uma mesa enquanto ela me servia um café. Nem mesmo assim minhas pernas paravam, se balançando o tempo todo. — Você mesmo disse que a Ember não faz o tipo do novo CEO – parecia que Evangelina tinha dificuldades em chamá-lo pelo nome – porque está tão nervosa Daphne? Ele é um homem casado. — Que não sabe quem é a esposa dele – passei a mão suada sobre o rosto enquanto o aroma de café invadia minhas narinas – eu não me importo com quem ele esteja casado, eu não quero a Ember se envolve
Evangelina me cumprimentou assim que me viu voltando da procura frenética por Jeffrey. Ela precisou me segurar para que eu parasse e olhasse para ela. — Por que continua assim? – sua expressão misturada com confusão e descrença – A Ember já foi embora. Precisei me sentar enquanto era cercada por olhares curiosos o tempo todo. Penélope desfilava de um lado para o outro em frente à minha mesa para tentar descobrir o que estava acontecendo. Eu odiava ter que trabalhar no meio daquela gente. Eu queria ter o meu escritório, mas porque a assistente pessoal do CEO merecia ter um espaço seu e os outros funcionários não. — Estou com mais problemas – eu disse assim que Penélope passou e olhou de esgueira para mim – não posso falar agora, Evangelina, eu preciso encontrar o Jeffrey. — Está falando do advogado do novo CEO? Ele é muito bonito. Sabe se ele também é casado? Eu quase revirei os olhos com aquela pergunta, eu estava muito ocupada tentando encontrar uma solução que me levasse até a
Empurrei a porta com força quando Ember deu um salto, assustada e olhando para mim com os olhos arregalados. Minha mãe enxugou as lágrimas. Ela ainda lutava para sobreviver sem o meu pai. Minha mãe podia ter muitos defeitos, mas ela o amava e foi fiel durante todo o tempo em que estiveram casados. Pela primeira vez, senti pena dela e a quis defender, embora Rosália não merecesse minha compaixão, quando tudo o que ela fez para mim foi me massacrar e me tratar como um lixo. Ela nunca se comportou como uma mãe para mim, sempre era para Ember o seu afeto e carinho e ali estava ela sendo pressionada pela pessoa que sempre idolatrou. — A filha rejeitada voltou ao lar – Ember se aproximou de mim com um rosto severo e inexpressível – o que você está fazendo aqui, Daphne? Essa casa não é mais seu lar. Olhei para as características proeminentes da minha irmã. Ela tinha uma boa aparência, mas por dentro era podre e fedia como um animal morto. Pensei em subir as escadas e esquecer o que eu ha