78. Um Coração Inquieto
Quando a porta se fechou atrás de Kairos, o silêncio que restou parecia quase palpável.
Elenora se aproximou com passos elegantes, o olhar sereno, porém carregado de intenções que eu ainda não conseguia decifrar. Ela gesticulou suavemente para o sofá de veludo bege próximo à janela ampla do quarto, e eu, ainda um pouco tonta, aceitei o convite.
Sentei-me devagar. O tecido frio do estofado contrastava com o calor que ainda pulsava sob minha pele. Elenora acomodou-se à minha frente, cruzando as pernas com elegância, a xícara de chá entre as mãos finas e firmes. Por um instante, apenas o som distante dos músicos cortou o ar.
— Está se sentindo melhor, Mia? — perguntou, a voz suave, mas carregada de autoridade.
— Sim… estou, sim. Só um pouco cansada. — respondi, tentando sustentar o olhar dela, que era quase tão penetrante quanto o de Kairos.
Ela assentiu levemente, com um pequeno sorriso curvando seus lábios.
— Isso é bom — disse, e o silêncio voltou a preencher o espaço.
Havia al