Capítulo 3
— Luana, você ficou louca? — Ethan perdeu o controle e se transformou em lobo, atingindo-me com um golpe violento.

Minha cabeça bateu com força no corrimão da escada, e um zumbido tomou conta dos meus ouvidos.

Ethan ficou parado no alto da escada, olhando-me de cima com desprezo:

— Como ousa atacar a Kira na minha frente? Sinto nojo de ficar perto de uma ômega tão insignificante como você. — Ele rosnou. — Eu, Ethan, rejeito você como minha Companheira.

Eu segurei a dor latejante na parte de trás da cabeça e me sentei, olhando para ele.

— Não se preocupe. Eu vou embora agora mesmo, para que você nunca mais precise sentir meu cheiro.

— Pelo menos você sabe o seu lugar. — Ele soltou um riso frio, pegou Kira nos braços e saiu sem nem olhar para trás.

Minha cabeça começou a se curar sozinha, mas o impacto ainda fazia minhas pernas tremerem. Eu me levantei com dificuldade e, cambaleando, peguei meu celular e liguei imediatamente para agendar uma equipe de limpeza com urgência. Eles chegariam em uma hora.

Enquanto esperava, minhas lembranças me levaram de volta aos meus doze anos.

Ethan havia fugido do campo de treinamento e ido até uma arena de combate ilegal para apostar. Ele perdeu muito dinheiro e, irritado, começou uma briga com outro lobo desconhecido. Eu tentei segurá-lo para evitar um confronto, mas acabei sendo ferida por outro lobo.

Quando as garras de um lobo adulto cortaram o braço de Ethan, ele ficou completamente fora de si. Ele atacou o lobo, que era muito maior do que ele, e o mordeu até deixá-lo coberto de sangue.

Naquele dia, os olhos dele estavam fixos apenas em mim. Mas agora, Ethan era capaz de me ferir gravemente por causa de outra loba, sem sequer tentar entender o que havia acontecido.

Mas isso não importava mais.

Quando o Alfa e a Luna voltassem, eu pediria formalmente para ser excluída da Alcateia Bravo.

Eu troquei as roupas manchadas de sangue e fui até a parede para pegar meu celular, que estava rachado após a queda.

O Alfa e a Luna passavam a maior parte do tempo defendendo a fronteira norte e só voltavam a Alcateia uma vez por mês. Ethan era, na prática, o líder da Alcateia Bravo.

Ele já havia declarado diante de todos:

— Luana não é da Alcateia Bravo. Os problemas dela não têm nada a ver comigo.

Depois disso, todos começaram a me evitar.

Sempre que eu chegava tarde em casa, a comida da cozinha já tinha sido completamente descartada pela empregada. Não sobrava nem um pedaço para mim.

Eu já tinha me acostumado.

Naquele dia, paguei 500 reais para contratar a empresa de limpeza mais cara da Alcateia. Eles fizeram uma desinfecção completa na casa, removendo qualquer vestígio do meu cheiro.

Duas horas depois, eu levei minhas malas para um pequeno apartamento que aluguei temporariamente.

O apartamento ficava perto do prédio do Conselho da Alcateia, o que facilitava minha rotina como curandeira pessoal do Alfa. Mas era apenas uma solução temporária.

Assim que eu recebesse a proposta de emprego como curandeira sênior da Cidade Mussulo e meu certificado de graduação, eu deixaria a Alcateia Bravo para sempre. Ethan nunca mais me veria.

Cinco dias depois, Ethan me ligou.

Ao atender, o som de vozes e música alta no fundo me indicava que ele estava em um bar.

— Em cinco minutos, venha para a sala 7777 no Royal Sanctuary.

Eu estava escrevendo meu currículo quando ele interrompeu. Minha voz saiu impaciente:

— O que você quer?

Do outro lado, o silêncio tomou conta por alguns segundos. Até o barulho do bar pareceu diminuir.

Achei que o sinal havia caído e estava prestes a desligar, mas então a voz dele soou novamente:

— Luana, onde você está?

Continuei escrevendo enquanto respondia:

— Você disse que o meu cheiro te dava náuseas. Por isso, eu me mudei. Não vou mais aparecer na sua frente.

A respiração dele ficou mais pesada, e sua voz endureceu de repente:

— Luana, o que você está tentando fazer? Antes, era você quem estava sempre atrás de mim. Agora, você está obedecendo tudo o que eu digo? Acha mesmo que você pode sair da Alcateia só porque eu mandei? Presta bastante atenção porque se você tentar causar problemas para a Kira de novo, vai pagar caro por isso.

Exaurida, fechei os os meus olhos e não respondi.

Ele soltou uma risada fria:

— O que foi, ficou muda? Passa o dia todo armando seus truques sujos, e agora não tem nada a dizer? Vá pedir desculpas para a Kira. Se fizer isso, deixo você participar da minha próxima festa.

— Certo. — Forcei o riso. — Vou embora. — Assim que eu terminei de falar, desliguei o telefone.
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