O brilho farsante
Daniela Marçal
O vestido era um suspiro de seda preta, caro, sem dúvida, nunca conseguiria comprar com o meu salário de um ano trabalhando de sol a sol, quanto mais sonhar em estar vestida para um coquetel onde estava indo a trabalho. O sapato de salto alto, a bolsa que eu nem quero saber quanto vede ter custado e a maquiagem que acabaram de fazer em mim era um mimo ou um agrado daquele que seria meu noivo.
Diante do espelho vitoriano, acabei sentindo a personificação da elegância que o dinheiro de Xavier podia comprar, ele que organizou tudo, eu aceitei porque não queria o envergonhar, uma coisa é ser a estagiária, ou coisa era ser a noiva dele.
Sorri, um sorriso complexo: era genuíno pelo luxo inesperado, mas carregado de uma pontada de culpa. Estava vivendo uma farsa, uma cenografia perfeita onde eu era a atriz principal, a futura mulher do bilionário. Dono de uma rede de hotéis que eu não passaria do saguão de qualquer hotel que levava o seu sobrenome.
Foi ne