Capítulo 4 - A única verdade é que eu tive vontade

Ele soltou a minha mão e pegou uma panela, começando a cortar alguns legumes.

- Você... Vai cozinhar? – perguntei impressionada.

- Sim. – ele disse.

Sentei numa banqueta alta, observando o que ele fazia atentamente.

- Gosta de cozinhar? – indaguei.

- Sim, bastante. Para mim a comida é como um sentimento...

Ele realmente tinha bastante habilidade com as panelas. Um raio estrondou próximo da casa, me fazendo dar um salto junto de um grito. Logo a luz apagou, ficando tudo escuro. Senti meu coração saltar para fora do peito. As chamas do fogão continuaram acesas, iluminando pouco o local. Quando me dei conta, ele estava ao meu lado, perguntando:

- Tudo bem com você?

- Sim... – falei em voz baixa. – Eu... Detesto o escuro. – confessei.

- Não sei como terminarei o jantar. – ele disse parecendo chateado.

- Eu... Não me importo... Está tudo bem. – dei de ombros ainda me sentindo amedrontada.

Um novo trovão ecoou no céu, clareando tudo lá fora. Instintivamente eu me agarrei a ele. Esperava que aquele homem não pensasse que eu estava literalmente me jogando para cima dele, pois eu só tinha medo... Muito medo do escuro. E de tudo que estava acontecendo naquele momento, estando sozinha com ele naquele lugar.

Senti-o passar os braços pelas minhas costas, me aconchegando a ele. Ele tinha um cheiro incrivelmente bom. Aspirei seu perfume masculino forte e caro. 

- Você... Está tremendo. – ele observou com a voz doce.

- Eu... Realmente tenho medo do escuro.

- E o que fazia naquela estrada, sozinha, no cair da noite?

- Eu... Devia ter chegado ao meu destino antes de cair a noite... A chuva atrapalhou. – expliquei tentando me afastar.

Ele continuou me segurando entre seus braços, me impedindo de soltar-me. Levantei meus olhos em sua direção e tentei me erguer. Nossas bocas ficaram próximas o suficiente para que eu sentisse o hálito quente dele. Eu queria largar o corpo dele, mas não tenho certeza se o meu próprio corpo obedecia aos comandos da minha mente. Ele abaixou-se e seus lábios encontraram os meus. Deus, ele era um estranho... Eu nunca o vi na minha vida. Estava na casa dele e entregue completamente àquele beijo envolvente e enlouquecedor. No início tentei não corresponder ao beijo, mas quando percebi estava completamente focada em sentir a língua dele dentro da minha boca, consumindo meus lábios com sofreguidão. Jamais eu havia recebido um beijo como aquele na minha vida. Ele era um homem experiente, diferente de todos os garotos que já haviam me tocado. Coloquei minhas mãos na cabeça dele, sentindo seus cabelos finos em minhas mãos, pressionando-o com mais força junto de mim. Quem era aquela mulher dentro de mim que eu não conhecia? Aquela Megan não se preocupava com nada, só sentia todo seu corpo tremer de desejo. Eu não sei quanto tempo durou aquele beijo, mas eu poderia ficar com a minha boca na dele por toda a minha vida que não enjoaria. Mas o cheiro da cebola queimando fez com que ele me soltasse, mesmo parecendo contra vontade, indo em direção ao fogão e desligando as chamas acesas, escurecendo tudo completamente. 

Antes que eu recuperasse meu fôlego, ele já estava junto de mim novamente, procurando minha boca vorazmente. Senti sua mão deslizar pelas minhas costas, chegando à minha bunda, que ele apertou levemente. Senti novamente meu corpo tremendo e ardendo como fogo e meu sexo umedecendo como nunca vi antes. Ele soltou meus lábios por um período curto, retirando minha blusa com habilidade, voltando a me beijar. Depois desceu a boca pelo meu pescoço, fazendo sua barba roçar na minha pele macia, me deixando completamente arrepiada. Quando percebi ele já estava retirando meu sutiã, sugando meus seios sensualmente e com desejo. Céus, eu precisava parar aquilo. Não poderia perder minha virgindade com um estranho que me atropelou, que provavelmente eu nunca mais veria na minha vida. Eu estava de pé, recostada na mesa e logo senti a boca dele descer pela minha barriga e chegar próximo da minha calcinha. Eu realmente o deixaria continuar? Se eu quisesse parar, agora era a hora. Mas eu teria coragem de não deixá-lo continuar quando tudo que eu queria era senti-lo em mim? Então, como imaginei, eu não solicitei que ele parasse. Ele desceu minha calcinha e senti sua língua no meu sexo úmido, me fazendo gemer ao sentir um prazer que jamais tive em toda a minha vida. Se o ato final do sexo era melhor que aquilo, eu acho que não suportaria e morreria de prazer. Como fiquei tanto tempo sem sentir aquelas sensações que meu corpo podia produzir ao simples toque de um homem? Arqueei meu corpo para trás, deixando que ele sua língua e suas mãos brincassem por todo meu corpo. De repente ele parou. Eu não o enxergava na escuridão. Estava completamente nua na cozinha de um estranho. Ele me pegou no colo como seu eu não pesasse nada e me levou pela sala, subindo a escada com meu corpo agarrado ao dele, gentilmente me carregando. Abriu a porta e me pousou sobre a cama macia. Ele deitou-se sobre mim e voltou a me beijar diferente da forma como me beijou antes. Eu senti menos voracidade... Ele estava mais lento, saboreando meus lábios com mais tranquilidade. Eu comecei a desabotoar sua camisa sem pressa. Eu não era habilidosa nestas questões, mas ao mesmo tempo não queria que ele pensasse que era minha primeira vez. Sim... Eu estava decidida a me entregar àquele estranho e perder minha virgindade naquela noite louca e de puro prazer. Ele largou meus lábios e abriu a própria camisa com força. Eu não pude ver, mas tive quase certeza de que rasgou. Rapidamente ele tirou a calça, voltando para cima de mim com gentileza. Senti sua ereção de encontro a mim, querendo que ele me possuísse. Mas ele não o fez. A luz ligou, fazendo com que ficássemos nos olhando confusos e surpresos. Mesmo parecendo que a minha lucidez voltou, eu ainda sentia que queria aquele homem junto de mim, me oferecendo tudo que ele tinha e toda sua experiência. Ele deu um sorriso e eu retribui. Minhas pernas enlaçavam o corpo dele. Suas mãos envolveram meu rosto e então ele me penetrou com seu membro quente e pulsante, enquanto me encarava de uma forma que eu nunca fui em toda minha vida. Eu sempre achei que sentiria dor quando perdesse a minha virgindade. Mas isso não aconteceu. Eu estava tão extasiada de desejo e prazer, que não conseguia sentir nada além de uma sensação maravilhosa. Ele foi gentil e lento, fazendo com que meu corpo se arqueasse de encontro ao dele, querendo mais e mais. Então seus movimentos se intensificaram, fazendo com que eu sentisse como ondas eletromagnéticas percorrendo cada centímetro do meu corpo até que não suportei mais o peso dele, ficando sem força, ao mesmo tempo em que ele se jogou sobre mim, exausto. Parecia que eu nunca mais conseguiria levantar dali. 

Ele girou para o lado, olhando para o teto, com a respiração tão ofegante quanto à minha. Deus, o que tinha sido aquilo? Será que poderíamos repetir? Viramos nossos rostos e nos encaramos. Ele sorriu, com o sorriso mais encantador do mundo, dizendo:

- O que foi isso?

Eu não sabia o que responder. Fiquei olhando para ele, ainda tentando assimilar que eu havia feito sexo pela primeira vez com um homem completamente estranho, que eu havia conhecido a pouco mais de uma hora atrás. Eu, Megan Miller, a garota mais certinha e correta que existia, que criticava as irmãs e amigas por se envolverem com homens que mal conheciam.

- Quem é você? – eu perguntei.

- O louco que a atropelou. – ele disse rindo.

- Sim, literalmente você me atropelou... – meu corpo e acho que minha vida, pensei.

Ele passou a mão pela minha bochecha, fazendo um carinho e perguntou:

- Qual seu nome?

- Meg.

- Foi um prazer conhecê-la, Meg. Acho que agora eu já posso cozinhar algo para você. 

- Pode ser... – falei.

Será que ele não havia gostado? Acabaria assim? Eu não sabia exatamente o que fazer ou falar. Era completamente inexperiente e não queria parecer imatura. Ele era um estranho... Mas poderia deixar de ser.

- Quer tomar um banho? – ele perguntou levantando e apontando a porta do banheiro no quarto.

- Sim. – falei pegando o lençol e me cobrindo, me dirigindo até a porta do banheiro. Sentia que o olhar dele me acompanhava até lá.

Fui até o Box e abri o registro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. Então fiquei preocupada lembrando que não havíamos usado preservativo. Como não me dei conta disto? Como ele não se deu conta disto? Como eu havia sido idiota! Coloquei minha cabeça debaixo da água, tentando não deixar aquele deslize sobressair-se ao momento maravilhoso que eu havia vivenciado. Depois eu me preocuparia com isso. Quando acabei o banho, me enrolei na toalha e saí pela porta, pensando em como buscaria minhas roupas na cozinha. Ele estava sentado na cama, de frente para a porta do banheiro. Encarou-me seriamente e disse:

- Você era virgem, porra?

Olhei para a marca de sangue no lençol branco e corei. Não acredito que aquilo aconteceu. Eu não havia sentido dor... Como sangrou?

- Quantos anos exatamente você tem? – ele perguntou com os olhos sombrios.

- Eu tenho 18. – falei com voz fraca. – Acha que com 18 anos eu não poderia ser virgem?

Eu não podia negar... Ele tinha provas da minha virgindade. Mas e daí? Por que ele se preocupava com aquilo? Quem tinha que se preocupar era eu e não ele. 

Ele levantou-se e andou até a porta do quarto, voltando novamente, nervoso:

- Me diga pelo menos que você usa anticoncepcional.

Eu olhei-o e não falei nada. Claro que eu não usava... Por que uma virgem usaria anticoncepcional?

Ele colocou as mãos sobre o rosto e disse:

- Meg, você não usa... Estou certo?

- Sim... Não uso. – confessei envergonhadamente.

- Por favor, não me diga que alguém mandou você... E que isso é uma armadilha para mim.

- Eu... Não sei do que você está falando... – eu disse confusa. Quem era aquele homem, afinal?

Ele chegou bem próximo de mim novamente, dizendo:

- Por quê?

- Eu... Não sei do que você está falando. 

- Por que você se entregou a mim? Você nem me conhece...

- Eu... Tive vontade. – confessei. – Eu poderia inventar um milhão de coisas para você, mas a única verdade é que eu tive vontade. 

Ele me encarou com os olhos sombrios.

- Relaxa... Eu não vou obrigá-lo a casar comigo... Ou algo do tipo. Se for melhor para você, pode me levar embora agora. – eu disse sentindo vontade de chorar, mas respirando fundo e tentando não fazer aquilo na frente dele, pois seria ainda mais humilhante.

Ele era um idiota... Um idiota que beijava maravilhosamente bem, que tinha um corpo perfeito... Observei o corpo dele desnudo, usando somente a calça. Quase tive vontade de tirar a roupa dele e fazer tudo de novo. No entanto eu estava estraçalhada pela forma como ele estava me tratando. 

- Eu... Posso pegar minhas roupas? – perguntei num fio de voz, sem me atrever a passar por ele.

Ele me encarou novamente e num impulso me abraçou. Então eu me senti ainda mais indefesa com aquele gesto dele e comecei a chorar. Ele me afastou e limpou minhas lágrimas:

- Me desculpe, Meg.

- Eu... Quero ir embora. – falei.

- Não vou deixá-la sair assim. – ele disse. – Está chovendo... Não é seguro sairmos nestas estradas horríveis de Noriah. Estamos numa área rural... A iluminação é péssima.

- Eu não preciso do seu carro, senhor desconhecido. Eu só preciso das minhas pernas. Não vou ficar aqui mais um minuto sequer.

Dizendo isso eu passei por ele, ainda trêmula e desci as escadas. Ele foi atrás de mim. Peguei minhas roupas jogadas no chão da cozinha e as vesti rapidamente. Depois me dirigi para a porta. Ele se colocou sobre ela, impedindo minha passagem.

- Vai me manter em cárcere privado agora? – perguntei ironicamente.

- Não vou deixar você sair assim.

- Me parecia que era exatamente isso que você queria que eu fizesse.

- Já me desculpei. Não quis ser grosseiro com você.

- Nada do que me diga fará com que eu mude de ideia.

- E vai deixar sua mochila? – ele perguntou divertidamente.

Eu olhei para a mochila no sofá e fui até ela. Esperei que ele abaixasse a guarda e corri até a porta, abrindo-a e saindo sem olhar para trás. Chovia muito e estava realmente escuro demais na rua. Ainda assim eu não ficaria nenhum minuto a mais na casa daquele estranho que me humilhou. 

Andei rapidamente até o portão, abrindo-o e saindo pela estrada. Em pouco tempo ele estava do meu lado, completamente molhado como eu.

- Você vai voltar agora para casa.

- Para casa? Isso só pode ser brincadeira. Aquela é a “sua” casa, não minha. E...

Antes que eu terminasse, ele me pegou no colo e me colocou sobre seu ombro, me levando de volta.

- Me largue agora... Eu vou gritar. E dizer que você está me sequestrando.

- Pode gritar o quanto quiser. – ele disse. – Eu realmente estou sequestrando você agora.

Eu senti um pouco de medo quando ele disse aquilo. A chuva estava gelada e eu fiquei com frio. Aquele homem era forte e habilidoso e em poucos minutos eu já estava novamente dentro da casa dele, completamente encharcada. Ele me olhou e disse:

- Vou fazer o jantar.

- Eu não estou com fome.

- Não foi isso que me disse antes...

- Antes de você me beijar... – eu completei. – Por que você fez isso? E depois ainda joga a culpa sobre mim. – gritei.

- Meg, você não é culpada... Eu não sou culpado. Isso foi... Sexo entre adultos... Estou certo?

Eu tentei me acalmar. Eu não queria parecer de forma alguma imatura para aquele homem. Olhei-o um pouco mais tranquila e disse:

- Desculpa por não avisar sobre não tomar pílula.

- Desculpe por não ter usado preservativo. – ele falou. – Venha, vou preparar algo para você comer.

Ele me ofereceu a mão. Olhei para ele completamente encharcado. Se ele não quisesse, não precisaria ter ido atrás de mim. Entretanto ele foi.

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